segunda-feira, 20 de abril de 2009

O choro

José Luciano Lambert
Pólo de São Carlos


Rio de Janeiro, segunda metade do século XIX, por volta de 1870: o aparecimento do choro, ainda não como gênero musical, mas como forma de tocar, tem sua origem no estilo de interpretação que os músicos populares cariocas imprimiam à execução das polcas, que desde 1844 figuravam como o tipo de música mais apaixonante introduzido no Brasil, entre outras danças européias, como a Scottish, a Mazurca e a Habanera. É a partir dessas danças que se estruturará pouco a pouco o estilo “choro”, com a separação cada vez maior da música erudita da música popular, numa evolução que levaria ao aparecimento, no início do século XX, do ritmo e do gênero mais característico do Brasil, o samba. O choro é considerado a primeira música popular urbana típica do Brasil, de difícil execução, exigindo uma técnica mais apurada por parte dos instrumentistas.

Antes de examinar as características do choro, é importante ver o significado exato da palavra que dá nome a esse gênero musical. Várias interpretações foram dadas pelos musicólogos que se dedicaram ao seu estudo. Batista Siqueira diz tratar-se de uma colisão cultural da palavra “choro” (do verbo chorar) com a corruptela da grafia de “chorus”, enquanto designação de conjunto instrumental. Mozart Araújo, baseado em depoimentos autorizados, explica o nome pelo caráter dolente e choroso das músicas tocadas por estes conjuntos. Renato de Almeida, em seu livro “O negro brasileiro”, liga-o às danças cantadas que os negros chamavam “xôlo”, que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a “xôro”, e foi grafada com “ch”(choro).

O choro nasce como gênero principalmente através das obras de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Embora trilhando caminhos distintos, esses dois compositores fundaram o que hoje chamamos “música brasileira”. Temos também vários outros nomes de grande importância para o choro, tais como Pixinguinha, o “Bach do choro”, Antonio Callado, Patápio Silva e muitos outros que até hoje mantêm vivo esse gênero musical tão genuinamente brasileiro. Atualmente encontramos compositores, intérpretes e grupos trazendo a linguagem do choro para os dias de hoje, mostrando que esse gênero musical tem força e identidade próprias que não são corrompidas pelo tempo. Muito pelo contrário, o choro, a exemplo do jazz, é um gênero musical que se transforma constantemente, refletindo o momento presente, influenciando músicos e músicas.

O choro é a forma de música brasileira mais próxima dos clássicos europeus e, ao mesmo tempo, mais essencialmente brasileira. De todas as músicas que são produzidas no Brasil, o choro é a que mais fala da harmonia clássica, que foi sendo modificada pelos chorões até ganhar uma personalidade própria, até conquistar sua identidade. É mais ou menos como aconteceu com o jazz: os jazzistas deram uma americanizada nas harmonias clássicas européias e chegaram àquela que é a melhor música americana. Com suas ricas melodias e seu caráter improvisatório, o choro pode ser considerado o jazz brasileiro.

Após seus quase 140 anos de existência, o choro se apresenta sob múltiplas formas, permeando e enriquecendo a nossa música com uma brasilidade que encanta todo o mundo.

Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Choro%20-%20acessado%20em%2015/04/2009
MARIZ, Vasco – A canção brasileira (Erudita, Folclórica e Popular) – Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira/ MEC – 1977
TINHORÃO, J.R. – Pequena História da Música Popular – Petrópolis, Vozes - 1978

Jazz, Um Ritmo Centenário

Nome do autor: Hallyson Chrystiano Paschoalino de Oliveira
Polo: Itapetininga


Jazz, Um Ritmo Centenário

Neste ano de 2009, tomando como base a formação da banda do trompetista Buddy Bolden em Nova Orleans no ano de 1895, comemoramos 104 anos do nascimento do jazz.

Há uma teoria defendida por muitos musicólogos e historiadores como Gunther Schuller, Frank Tirro, LeRoi Jones Ted Goia altamente questionável, pois argumentam que as manifestações musicais afro-americanas que fizeram parte da gênese do Jazz como o Blues, o Ragtime, os Spirituals e as canções de trabalho (work songs) já existiam em outras regiões dos Estados Unidos nas últimas décadas do séc. XIX.

O fato é que completando 104 anos ou não, a cidade foi uma espécie de incubadora do estilo (CALADO, 2007. L. Armstrong p. 11) pois produziu músicos que contribuíram para a formulação deste estilo, músicos como Jelly Roll Morton, Sidney Bechet, King Oliver, Kid Ory, Freddie Keppard e Louis Armstrong, entre outros, justificam a nomeação de seus estilos como o Jazz de New Orleans.

Chicago também teve a sua importância para o estilo, pois foi em Chicago que músicos como o próprio Louis Armstrong conseguiram um reconhecimento mais importante, trazendo seus nomes para um cenário mais nacional.

Nomes como Count Basie representando o estilo de Kansas City e Duke Ellington que expressava uma sofisticação ímpar em seus arranjos condizentes com o perfil não apenas musical, mas social do povo da região nordeste também são considerados importantes na compreensão do desenvolvimento do gênero.

Certo racionalismo metódico associado a uma espécie de disputa racial pela “posse” do estilo faz com que um dificílimo tipo de jazz seja criado por volta dos anos 40, o Bee-bop, melodias recheadas de notas somadas uma forma de acentuação rítmica agressiva caracterizam as concepções musicais desta época.

Foi quando músicos como Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Miles Davis chegam à cena. Este último contribui muito para a formação da história do jazz, pois viveu durante todas as fusões do estilo desde os anos 40 até os anos 90, foi um dos responsáveis pela constituição do Fusion, estilo gerido pela mistura de fundamentos do jazz com os do rock, blues, soul, funk, entre outros, assim como foi um dos principais expoentes do Cool, característico dos anos 60, ritmo que configurava uma maneira mais suave e melancólica de tocar e compor. Desta vertente saíram nomes como Chick Korea, Pat Metheny, Mike Stern, Al di Meola, Michael Brecker, entre outros.

O Jazz Hoje

O jazz chega aos dias atuais como uma espécie de música popular sofisticada, pois agrega em seu leque de artistas músicos que em todas as fases do gênero, destacam-se pela alta qualidade de execução musical, seja ela pela performance em instrumentos, pela improvisação que é uma característica primária do estilo, pela composição e arranjo e pela capacidade de agregar outras vertentes musicais em sua fórmula, fazendo com que até a bossa-nova seja considerada por estudiosos do jazz e principalmente americanos em geral um estilo de jazz.

Abordando a sua relação com o Brasil de outra forma, temos hoje o que muitos chamam de jazz brasileiro, que é um estilo de música instrumental composta com ritmos brasileiros e agrega fundamentos característicos do jazz em sua concepção como a improvisação por exemplo, nacionalistas não gostam de chamá-la de jazz brasileiro e simplesmente de MPB, MPB instrumental, MIB (música instrumental brasileira), ou até mesmo de uma maneira mais informal como “som brazuca”. Músicos como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Guinga, entre outros são expoentes deste estilo.

Deixando o nacionalismo a parte, temos que convir que a influência do jazz em sua gênese é inquestionável, sem o surgimento do jazz não podemos provar que essa concepção existiria.

Não só no Brasil, mas em outros países do mundo, influenciou na fusão de fundamentos musicais, como na Argentina, por exemplo, o tango de Astor Piazzola não é um tango como os demais, seria injusto e prepotente dizer que o músico não possuía esta influência em sua obra.

O que podemos afirmar é que o jazz, assim como o rock, tem o seu lugar no “pódio” dos ritmos mais influentes do séc. XX.

Referências:
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de música: edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
COLLIER, James Lincoln. Jazz, A Autêntica Música Americana. Jorge Zahar.
CALADO, Carlos. Duke Ellington. Rio de Janeiro: Media Fashion, 2007.
______________. Louis Armstrong. Rio de Janeiro: Media Fashion, 2007.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A vez da ópera

Nome do autor: Liliane de Paula Souza
Polo: Itapetininga/SP

Ópera é uma peça teatral cantada com o acompanhamento de orquestra, danças, em algumas situações, com ou sem diálogo falado, e o enredo da ópera é chamado de libreto, pequeno livro contendo o texto ou o argumento da obra. Pronto! Parece que é só isso, mas a história da ópera vai bem mais além, passando por diversas mudanças em seu gênero.

Surgiu em Florença no século XVI, em uma época em que a Igreja Católica só admitia cantos sacros sem o acompanhamento de instrumentos, foi então que a Camerata Fiorentina, sociedade que tinha por objetivo renovar a forma original do teatro grego, a fim de florescer novamente o poder mágico da música na Itália, e após muitas tentativas, chegaram até a ópera, que no início era denominado de “Nova música”, posteriormente “drama per música” ou “ópera per música”, até chegarem a apenas ópera, uma inovação do antigo unido ao novo.

Então, nos bailes de máscara, nas pastorais (que existiram também na Idade Média) e outras diversões palacianas, houve a união da arte dramática à música.

E no carnaval de, aproximadamente, 1594 ou 1597, a camerata formada por poetas, sábios, compositores e nobres, promoveram a primeira estréia do drama musical, com a obra “A Fábula de Dafne”, do poeta Rinuccini, com música de Jacó Peri; tendo grande sucesso na época.

Porém, as primeiras obras não apresentavam totalmente as características que uma ópera possui, até que em 1607, Cláudio Monteverdi, reuniu pela primeira vez todos os elementos do gênero: árias, recitativos, coros e orquestra, em Orfeu. A partir daí a ópera passou a ser mais conhecida nas cidades e pelo público, deixou de ter características do drama inspirado na antiguidade, tornando-se mais realista e cômico, mostrando uma maior preocupação com o virtuosismo vocal.

Foi então que a ópera foi difundida por toda e Europa, e na França ganhou outra característica: a tragédia lírica, baseado no drama falado, assimilando o estilo recitativo da ópera italiana, porém rejeitando o intermezzi, que é uma peça musical tocada na metade de uma ópera, entre dois atos ou entre duas cenas de um mesmo ato.

Logo, a Itália renova o estilo dando maior valor aos elementos teatrais. E a Alemanha, passa a preparar a ópera romântica, difundida por Carl Weber e tendo seu auge com Richard Wagner, que pode ser considerado um dos mais completos compositores, pois além de compor suas óperas, Wagner também escrevia os libretos, cuidava da encenação, orquestração, representando para a cultura alemã do século XIX o mesmo que Verdi representou para a cultura italiana: tornando-se ícone cultural, e aglutinador da identidade nacional.

No Brasil, o século XIX teve a grande figura de Carlos Gomes, que apesar de compor obras com libreto em italiano, e embora tremendamente influenciado pelos processos da ópera italiana, expressou na música o sentimento que lhe inspirava a natureza do país.

Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, outro alemão fez história ao criar óperas temáticas ligadas ao expressionismo, suas óperas foram Salomé e Electra, e o compositor é Richard Strauss, considerado o mais destacado representante da música entre o final da Era Romântica e o início da Idade Moderna.

Nesse mesmo século, porém já no período moderno, o compositor norte-americano, George Gershwin, dá uma nova característica a velha conhecida ópera quando incorpora elementos da música negra no estilo, na obra Porgy and Bess.

E as mudanças no estilo não param indo desde produções de obras com inspirações vanguardistas com pitadas de ecletismo e minimalismo, nas óperas Montségur (Marcel Landowisk) e Annapurna (Adrienne Clostre), e Akhenatin (Philip Glass), consecutivamente, beirando a união do rock, como nas óperas-rock Jesus Cristo Superstar e Hair.

O que varia o estilo tradicional da ópera, porém mantendo a característica primordial do mesmo, a união de diferentes artes e interesses em cima do palco, ressaltando questionamentos, crenças e atos da sociedade, em uma união surgida de uma manifestação coletiva a favor da arte para todos.

Eletroacústica: A base da música contemporânea.

Luzilei Aliel da Silva
Pólo Itapetininga


Com o surgimento da “Era de Aquários” do Século XXI à grande pergunta feita no mundo da música é? O que é a música hoje? Qual será o futuro da mesma?
Além destas, diversas perguntas sugiram questionando o futuro da música erudita, porém a música eletroacústica surge como a voz do futuro se tornando a principal veia da consciência musical do século XXI.

Iniciada primeiramente com caráter de experimentação musical utilizando como conceito principal as propriedades do som e com métodos precários Pierre Schaeffer criou o que seria o “futuro” da música. Em seu estúdio em Paris conhecida como “RTF” dedicou mais de seis anos para produzir suas primeiras obras. Denominado no princípio por Schaeffer como “musique concrète” baseava-se a concepção de gravar sons não musicais, como chaminés de fábricas e barulhos do mundo moderno e “organizar” com um sentido musical, além disso, efeitos de estúdio como montagens, colagens e transformações do espectro eram utilizadas.

Na mesma época Werner Meyer-Eppler, Herbert Eimert e Robert Beyer trabalhavam em Bonn na Alemanha com os mesmo princípios, e juntos formam o estúdio que seria à “Meca” da eletroacústica a “NWDR”, dando origem a vertente conhecida como Elektronische Musik (música eletrônica). Esta ramificação gera novos preceitos que seriam utilizados ate mesmo na música popular no futuro, como o modismo das danceterias na década de 70 e as “raves” nas décadas de 90 e 2000.

A grande mudança de rumo na “música elétrica” foi dada quando Karlheinz Stockhausen entra em cena, compositor consagrado saído da famosa escola alemã de composição decidiu se dedicar a este novo estilo musical. Como um dos maiores compositores de sua época Stockhausen se caracterizou por sua imagem polêmica e quase caricata que desenvolveu em seu trabalho. Com conceito baseados em como o som deve ser empregado no espaço e acréscimo do Serialismo concreto como funcionalismo harmônico, Stockhausen dimensionou e criou novos padrões musicais à eletroacústica. Stockhausen também causou o grande “boom” no sentido de vanguarda, pois pela primeira vez a “música concreta” era respeitada e considerada fonte de estudo e arte.
Jonh Cage é o segundo que marcou seu nome na história da música através da eletroacústica. Tão polemico quanto Stockhausen, se não o for mais, Cage gerou ódio e frenesi entre compositores tradicionalista, gerando uma mudança no parâmetro compositor, que eliminou a visão divina do mesmo. Cage faz avanços na música eletroacústica trazendo e unificando a outra ramificação da música contemporânea, a música aleatória, assim torna-se a música eletroacústica fonte de maior influência na música do século XXI.

Este tipo de música em seu inicio não trouxe muitos adeptos, pois a maior parte dos ouvintes não se contentava em apenas ouvir uma música sem executantes, criando diversas discussões sobre como influenciar o sentido da audição e/ou como alterar a interpretação auditiva. Porem depois de nomes como Stockhausen e Cage novos adeptos surgiriam. Esses novos adeptos ajudaram a criar um novo método de prática eletroacústica o Live Eletronic Music, ou seja, a manipulação de sons captados “ao vivo” e transformadas através de um computador também “ao vivo” tornando a música elétrica algo mais humanizada. No início era extremamente complexa a utilização desta forma, pois os computadores ocupavam sala inteiras, porém como o avanço da tecnologia e a diminuição gradativa dos computadores esta prática foi ganhando força até uma nova ramificação surgir e ser batizada de Computer Music. O computer music utiliza softwares que trabalham com o “som puro”, ou seja, sem harmônicos, utilizando novas técnicas como o MIDI e Samplers, por exemplo.

O MIDI é uma forma musical que só é “gerado virtualmente”, se pensarmos pela visão tecnológica este sistema revolucionou todo o campo da música desde a criação do sistema temperado de Bach, pois o MIDI não uitliza série harmônicas “transformando” a concepção auditiva do som além de facilitar a criação musical pois com ele qualquer indivíduo tem uma orquestra em suas mãos, essa facilidade criou “gêneros populares” da eletroacústica como Techo, Dance, Trance e etc.

No Brasil temos dois grandes expoentes da música eletroacústica, Jorge Antunes e Flô Menezes que são vistos como ícones da música contemporânea no Brasil. O primeiro atua desde os anos 60. Reconhecido mundialmente como um dos maiores compositores vivos desta prática, o segundo mais novo é considerado o “futuro” da eletroacústica, trabalha intensivamente desde a década de 90 com seu estúdio PANaroma em São Paulo.

Hoje devido a grande facilidade de criação de um “Home Studio” e as informações obtidas na internet a prática eletroacústica tem se tornado cada vez mais popular. Milhares de músicos do mundo todo, mesmo sem muita informação sobre o assunto conseguem fazer “playbacks” para suas músicas, assim “democratizando” a música de uma maneira inimaginável. A música eletroacústica chegou a tudo e a todos seja com guitarras ou com Djs, todos vivem esta revolução eletrônica que se mostra cada vez mais forte nos dia de hoje.

Referências
ELETROACÚSTICA, A música; Por uma história. Texto, 2007. Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/a-musica-eletroacustica-por-uma-historia>. Acesso em : 08 de abril. 2009. 16:57:08
ELETROACÚSTICA, Música. Texto, 2006. Disponível em:
<http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tikiindex.php?page=M%C3%BAsica+Eletroac%C3%BAstica> . Acesso em: 08 de abril. 2009. 17:03:08

Prece em forma de canto

Nome do autor: Sonia Isabel Pereira Vargas RA 334030
Pólo: Itapetininga

Prece em forma de canto

O Canto Gregoriano, é mais que um estilo musical, é uma prece cantada, sobretudo, uma oração.
Os cantos, na maioria, são trechos da Bíblia, em latim; onde a melodia é escrita em função do texto e, geralmente são cantados por monges.

Ao ouvir um canto gregoriano, automaticamente nos sentimos num clima de oração, independentemente se entendemos a letra ou não, não é um fator apenas musical, mas sim espiritual e emotivo.

O canto gregoriano é bem diferente da maioria das músicas que nossos ouvidos estão acostumados a ouvir. Ele é modal e não tonal, há uma amplitude de notas muito grandes, aonde se vai do agudo ao grave muito rápido e, por isso, não é fácil cantá-lo.

Como para todos os estilos, há uma necessidade de educação da voz para a aplicação desta técnica vocal.

Na verdade, é difícil até se acostumar a ouvir este estilo de canto, quanto mais reproduzi-lo. É um desafio que exige dedicação cotidiana.

Ele é considerado como a música oficial da igreja católica e geralmente é cantado a capela (sem acompanhamento instrumental), ou com acompanhamento de órgão. Também é conhecido como cantochão, a música mais antiga que conhecemos, com ritmos irregulares e uma única linha melódica (monofônica), que obedecia aos acentos das palavras.

O nome do canto gregoriano surgiu como uma homenagem ao papa Gregório Magno (590-604), que coletou e publicou muitas peças deste estilo, além de contribuir enormemente para o seu desenvolvimento.

O período de formação do canto gregoriano vai do século I ao VI, atingindo seu auge nos séculos VII e VIII, e, no princípio da Idade Média, ou seja, nos séculos IX, X e XI, começou sua decadência.

O Concílio Vaticano II (1962 e 1965) reformulou a liturgia, a partir de então, muitos padres deixaram de usar a batina, a missa passou a ser celebrada em português ou na língua de cada nação. Então, o canto gregoriano deixou de ser freqüentemente cantado, porém sobrevive até hoje, sendo cultivado, ensaiado, pesquisado e cantado de forma séria e constante pelo mosteiro de São Bento, em São Paulo, pelo Coral Gregoriano de Santos e pelo Coral Gregoriano de Belo Horizonte; todos muito conhecidos e conceituados. Contam com a participação de membros religiosos e pessoas que gostam de cantar e que se identificam com esta arte.

É isso mesmo! Hoje é possível para quem mora próximo aos lugares citados e que tenha disponibilidade para participar dos ensaios, cantarem este belíssimo estilo musical.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Symphonic Metal

Patrícia Kfouri Grosso 333476
Polo de São Carlos
Educação Musical

O Symphonic Metal é uma vertente do Heavy Metal que possui o mesmo peso das guitarras e pedal duplo, porém usa muito de elementos da música erudita como orquestras, vocais líricos e sintetizadores ou teclados que simulam orquestras ou instrumentos eruditos; A maioria das músicas de Symphonic Metal também usa de histórias épicas e do folclore europeu em suas letras e melodias.

Tal vertente teve sua origem nas bandas Therion e Rhapsody, no início da década de 90, que usavam muito de tenores, sopranos, instrumentos medievais e eruditos em suas músicas; Até 1996, o estilo ainda era desconhecido ou abominado por outros estilos de rock e apreciadores de outros estilos musicais; Os fãs do puro rock pesado achavam a música afeminada e os fãs de outros estilos achavam a música barulhenta.

Em 1996 surge a banda Nightwish, que teve grande destaque com a soprano dramático Tarja Turunen[1]; A banda teve enorme aceitação graças ao som pesado que agradava os amantes do rock, a beleza e carisma da vocalista que agradava homens e mulheres e a sua enorme técnica vocal; Após 1996 há uma explosão no estilo e surgem nomes como After Forever, Épica, Within of Temptations, Theatre of Tragedy, Apocalyptica[2] e assim por diante.

Os conservatórios da Europa tiveram uma explosão de alunos que aprendiam musica clássica com intuito de terem bandas de Symphonic Metal. Segundo entrevistas[3], alguns alunos se destacavam muito dentre as grandes instituições de ensino européias.

Atualmente há uma maior aceitação do estilo, por parte dos críticos, uma vez que a música é bastante elaborada e junta elementos arquitetônicos musicais adquiridos da música erudita com a energia dos instrumentos eletrônicos atuais; Uma partitura completa de Symphonic Metal praticamente se iguala a uma partitura de música erudita, quanto à dificuldade de execução e os instrumentos.

Grande parte dos ouvintes de música clássica gosta do Symphonic Metal e vice e versa, e também há semelhanças entre os ouvintes, segundo estudos feitos pela BBC Brasil[4].
Pode-se dizer que o Symphonic Metal é a música medieval, barroca, clássica, romântico ou erudito, em geral atual e não mais apenas sons mal elaborados ou “bate estaca” tocados ou “gritados”.

Com o surgimento do Nightwish e a ascensão do Symphonic Metal, também surgiu uma nova maneira de se vestir, que mescla o estilo heavy metal com a roupa social.

Para maior entendimento sobre o gênero musical, acesse os vídeos

Tarja Turunen: http://www.youtube.com/watch?v=QsyH0wG1yiU
http://www.youtube.com/watch?v=HN3tiHWWlk4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=M7F-YYSoiK4
http://www.youtube.com/watch?v=7zCdcvrgkQw

Nightwish:
http://www.youtube.com/watch?v=i5SUSmedMm8
http://www.youtube.com/watch?v=cEwq3CL8aIA
http://www.youtube.com/watch?v=-toTqU2f3dM
http://www.youtube.com/watch?v=SO4LyKd-Hws

Apocalyptica:
http://www.youtube.com/watch?v=OGnAzkh9kn0
http://www.youtube.com/watch?v=xqUXDdJ3C-c&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zf2aIVKp1OY&feature=related

Rhapsody:
http://www.youtube.com/watch?v=YEMeBTmiX4g
http://www.youtube.com/watch?v=Z93SdirnzTw&feature=related

Epica:
http://www.youtube.com/watch?v=qBLlomNmIy4
http://www.youtube.com/watch?v=p3FELocOtu0&feature=related

[1] Atualmente é a ex-vocalista da banda; Na sua carreira ela caminha entre apresentações de Heavy Metal e Recitais de músicas clássicas.
[2] Grupo formado por três cellistas e um baterista, regravaram musicas de Grieg e Metallica.
[3] Os músicos entrevistados por mim foram: Tarja Turunen e Tuomas Holopainen (nightwish), Eicca Toppinen e Max Lilja (apocalyptica), Doro Pesch, Filipa Mota (Hyubris) e Katarina Lilja (Therion).
[4] Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080905_musicapersonalidade
_np.shtml

A Música Disco

Nome do Autor: Marcos Paulo Magni
Polo: Itapetininga - SP


É o início da década de 1970, e após um período de marcantes mudanças na política mundial, envolvendo guerras, assassinatos de presidentes, revoluções tecnológicas e viagens à lua, os Estados Unidos da América são uma vitrine para o mundo, mais do que nunca. A crescente corrida tecnológica envolve potências mundiais e a população entra no clima frenético do desenvolvimento. A sociedade está à mercê de mudanças de comportamento e valores, vivendo um período de conflitos, quanto ao pensamento tradicionalista (que está sendo deixado de lado) e as idéias de uma juventude revolucionária, que reflete os anseios por uma sociedade nova.

Tudo isso culmina num crescimento da indústria do entretenimento, que populariza as gravações em discos de vinil de todos os gêneros musicais. Na França, algumas casas noturnas, passam a embalar suas noitadas com som mecânico (discos) e não mais ao vivo, o que era inédito para a época. A moda pega, e esse tipo de casa recebe o nome de discothèque. O repertório era bem variado: soul, funk e pop. A música latina também explode e a salsa entra na fila.

Mas o forno da música disco está situada nos EUA. Considerada a primeira casa noturna desse tipo, o DJ David Mancuso de Nova Iorque, abre uma boate em sua própria residência, The Loft, um clube de dança particular para associados. Filadélfia, Atlanta, Chicago... as grandes cidades do país sucumbem a disco music, com uma grande variedade de artistas e grupos, que misturam os estilos, recriando um novo. Sintetizadores¹ se misturam aos instrumentos tradicionais de uma banda, e os recursos se mostram infinitos.

Em 1971, com o lançamento do filme “Shaft”, Isaac Hayes compõe o tema do filme e mostra o caminho para a era disco. Seguido por Manu Dibango e o grupo Soul Makossa, o estilo disco define-se, entre 1972 e 73. Em 1974, a primeira rádio a transmitir somente musica disco é a WPIX-FM, em Nova Iorque.

A Europa também produz disco. Jean-Marc Cerrone (França) e Giorgio Moroder (Itália) são produtores pioneiros no estilo, este último, compositor de várias canções para a cantora Donna Summer. Não apenas a produção de músicas inéditas, mas também os chamados remix (reedições) ganham popularidade nas mãos e no som do DJ Tom Moulton, assim como David Mancuso, Walter Gibbons e Frank Knuckles. Mulheres também tiveram papel ativo no cenário, como Karen Cook, a primeira DJ mulher a gravar música disco. Os músicos do grupo Hues Corporation foram os primeiros a vender um milhão de cópias de um single, com “Rock the Boat”, em 1974. Cantores como George McCrae e Barry White tiveram grande prestígio no início de carreira. Em 1975, Gloria Gaynor lançou o primeiro álbum de remixes, com regravações como “Never Can Say Goodbye”, “Honey Bee” e “Reach Out (I’ll Be There)”, todas dos Jackson 5. De Miami, a KC and the Sunshine Band mantiveram suas músicas no topo das paradas entre 1975 e 78, com hits como "Get Down Tonight", "That's the Way (I Like It)", "(Shake, Shake, Shake) Shake Your Booty".

Os Bee Gees usaram e abusaram do falsetto (técnica para cantar mais agudo) de Barry Gibb, e atingiram o auge da música disco com o lançamento da trilha musical do filme “Embalos de Sábado a Noite” em dezembro de 1977. O grupo virou uma “febre” e até hoje ouve-se com grande prestígio suas canções, como "How Deep Is Your Love", "Stayin' Alive", and "Night Fever". Porém, seu estilo já não era puramente disco, e sim rock e pop com influências (inegáveis) da disco music. Outros artistas e bandas também tiveram influência da música disco, como Barbara Streisand (“The Main Event/Fight”), The Eagles (“One of These Nights”), The Rolling Stones (“Miss You”), e até roqueiros como Queen (“Another One Bites the Dust”) e Kiss (“I Was Made for Lovin' You”).

A era disco teve praticamente uma década de embalos intensos, mas ainda sim podemos matar as saudades em praticamente todas as festas de formaturas e casamentos (de pessoas que muitas vezes nem eram nascidas na época do surgimento da musica disco). Já os mais nostálgicos preferem as famosas festas “flashback”, onde a caracterização é fator imprescindível para a festa “rolar”, sem esquecer dos famosos globos e luzes coloridas, piscando em ritmo frenético. Enfim, uma era que ainda tem seu espaço e público fiel, após mais de trinta anos de seu surgimento.

¹Sintetizador - Instrumento eletrônico acionado por teclado, capaz de produzir, através de ondas sonoras, diferentes sons, ruídos e timbres, e de imitar outros instrumentos. Inventado em 1960 pelo russo Leon Theremin, mas o modelo de sintetizadores como conhecemos hoje foi desenvolvido em 1964 por Robert Moog e Herbert Deutsch, chamado Moog.

Referências

Música Disco – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disponívem em Acessado em: 10/04/2009.

Disco – Wikipedia, the free encyclopedia.
Disponível em Acessado Acessado : 10/04/2009.

terça-feira, 14 de abril de 2009

MÚSICA CAIPIRA – SUA ORIGEM E OS PRIMEIROS DISCOS

Autor: Márcia de Sousa Crizol
Polo: São Carlos


Voltando um pouco na história na época do descobrimento do Brasil, nos deparamos com a chegada dos instrumentos portugueses, responsáveis pela criação da música rural brasileira.
Apesar dos índios gostarem muito de instrumentos de sopro, ficaram encantados com a beleza da sanfona e com o som cativante da viola portuguesa, que mais tarde se popularizaria como a viola caipira.

Curiosamente a sanfona se destacou mais na música sertaneja do nordeste e a viola na música caipira do centro-oeste, sudeste e sul do país, tendo como a maior característica, a moda de viola e o canto a duas vozes.

Vários fatores contribuíram para a formação e a riqueza da música caipira, com sua peculiar linguagem, vestuário e as tendências culturais, fazendo dela um gênero único e inconfundível, sempre retratando situações cotidianas sejam elas de alegria ou tristeza, sem jamais esquecer a beleza da natureza que cerca a vida do caipira.

Cornélio Pires foi pioneiro na divulgação deste maravilhoso e rico estilo musical, organizando uma exposição com diversas manifestações da cultura caipira no ano de 1922 no Rio de Janeiro, justamente no ano que em São Paulo acontecia a Semana de Arte Moderna. Esta realmente foi uma época de grandes novidades nas artes no Brasil.

Em 1937, Paraguassu gravou um disco com o maior sucesso de todos os tempos, o clássico da música caipira “Tristeza do Jeca” que bateu recordes de vendas na instaurando assim a era da música caipira, derrubando velhos tabus e preconceitos. Desde aquela época a imagem do caipira era associada à imagem da ignorância e à indolência, vistos como se só soubessem fazer os outros rirem e incapazes de compor músicas bem elaboradas.

Quando as primeiras músicas caipiras foram gravadas em disco, quase não havia artistas deste gênero e o caipira não tinha a oportunidade de ganhar a vida com sua arte, mesmo porque não era reconhecida como tal. Paralelamente a esta época Francisco Alves e Vicente Celestino eram os maiores intérpretes da música urbana.

Os caipiras sempre tinham outra atividade profissional paralela à de artista, geralmente ligados à lavoura e a outros serviços rurais, muito originais nas coisas diferentes que cantavam comparando com o que se ouvia na cidade, observando a pronúncia totalmente diferente do ambiente urbano, nomes, palavras e apelidos estranhos.

Foi a partir da década de 60 que as portas se abriram para a arte popular caipira e ganhou uma nova roupagem se inserindo ao mundo profissional e aos shows urbanos.

Pensando nos dias de hoje a música caipira veio ao longo das décadas sofrendo mutações, onde o chapéu de palha foi trocado pelo chapéu de feltro, e ganhou um jeito moderno de se vestir.
Evidentemente estas transformações trouxeram junto pessoas e aproveitadores com a intenção de ganhar dinheiro sem nenhum comprometimento com as raízes. Resta-nos agradecer aos artistas sérios que a todo custo continuam preservando a cultura e as suas origens, contribuindo assim para que este gênero musical continue sendo apreciado pelas gerações futuras.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Trajetória da música sertaneja no Brasil

Autor - Sandro Batalha de lima - RA 334162
Polo- Itapetininga

A música sertaneja como tal surgiu em 1929, quando Cornélio Pires, pesquisador, compositor, escritor e humorista, começou a gravar "causos" e fragmentos de cantos tradicionais rurais na região cultural caipira, que abrange a área do interior paulista, norte e oeste paranaenses, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e mato-grossense.

Esse ( maravilhoso gênero ) era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam a beleza bucólica e romântica da paisagem, assim como o modo de vida do homem do interior em oposição à vida do homem da cidade.

Podemos destacar as primeiras gravações de modas de viola e de outros gêneros caipiras por violeiros-cantadores do interior paulista, em 1929 – na série de discos produzida por Cornélio Pires para a Columbia. Na década de 30, vieram os sucessos de João Pacífico e Raul Torres, de Alvarenga e Ranchinho. Já Tonico e Tinoco pontificaram a partir dos anos 40.

O apogeu dos caipiras foi nos 50: levas de duplas, especialmente do interior de São Paulo, tiveram espaço nobre nas gravadoras e emissoras de rádio. O filão caipira abrigou, nessa época, as guarânias de Cascatinha e Inhana e as rancheiras mexicanas de Pedro Bento e Zé da Estrada. Entre 60 e 70, o aparecimento de Sérgio Reis e Renato Teixeira – o primeiro saído da Jovem Guarda, o outro dos festivais da TV Record – agitou o mundo sertanejo. Exatamente em 1960 um genial violeiro do norte de Minas, Tião Carreiro, inventava o pagode caipira, mistura de samba, coco e calango de roda (na definição de outro tocador e conterrâneo, Téo Azevedo).

A partir da década de 1980, tem início uma exploração comercial massificada do estilo “ sertanejo” . Surgem inúmeros artistas , quase sempre em duplas , que são lançados por gravadoras e expostos como produto de cultura de massa.

“Esses artistas passam a ser chamados de: duplas sertanejas “.Começando com os inesquecíveis Chitãozinho & Xororó e Leandro e Leonardo , uma enxurrada de duplas do mesmo gênero segue o fenômeno , que alcança o seu auge entre 1988 e 1990.

Em seguida, começa uma decadência do estilo na mídia. A música sertaneja perde bastante popularidade, mas continua sendo ouvida principalmente em áreas rurais do centro – sul do Brasil.

No entanto , no início da década de 2000 , inicia-se uma espécie de “ revival” deste estilo , principalmente devido á sucesso de duplas como Bruno & Marrone e Edson & Hudson , e sua ampla divulgação na mídia , sobretudo a televisiva .

Ao longo desta evolução , evitou-se cuidadosamente o termo: “ caipira “ que era visto com preconceito nas cidades grandes . O estilo “ sertanejo” ao contrário da música caipira , tem pouca temática rural para poder agradar habitantes de cidades grandes.

A temática da música sertaneja, é , em geral , o amor não correspondido , o marido traído . Por esses motivos , o sertanejo industrial é também chamado de sertanejo urbano e, pejorativamente , de “sertanojo , breganeja , ou até de música de “corno e de impotente sexual".

A música de raiz , a musica rural que mantém seu temas , para diferenciar da música sertaneja , passa a se denominar então de “ música de raiz” , querendo dizer que esta verdadeiramente ligada á suas raízes rurais e á moda de viola e a terra , ao sertão , pois o termo “ bens de raiz “ significa as propriedades agrícolas.

Recentemente o compositor Renato Teixeira compôs a música “ rapaz caipira “ como crítica aberta á “ musica sertaneja “ e fazendo renascer a expressão : Música Caipira.

Como acontece em todos os gêneros musicais, também os amantes da viola sertaneja sempre conseguem garimpar e encontrar verdadeiras preciosidades antigas e modernas, da música sertaneja de raiz.

A Música Sertaneja surgiu como uma produção independente voltada para um público específico e se manteve nas fronteiras do mercado , com um consumo pequeno , mas constante.

Podemos dizer que a música sertaneja e a música de raiz possuem estruturas globalizadas porém, com produções e consumos regionalizados.

Bibliografia

Música Sertaneja e Globalização – Disponível em : acesso em 09 de abr 2009 .
Música Sertaneja – Disponível em : <> acesso em 09 de abr 2009.
A verdadeira Música de Raiz – Disponível em : <> acesso em 09 de abr 2009 .

A Música Instrumental Brasileira

Maria Izabel Padovani
Pólo Itapetininga

A Música Brasileira é um caldeirão de ritmos e gêneros. De norte a sul do país vamos encontrar as mais diferentes características culturais.

Desde o começo do séc. XX existem referências sobre o que se intitula hoje Música Instrumental.Diferente do gênero MPB, cuja principal característica é a junção de música e texto, a música instrumental se define como uma música sem texto, o que não quer dizer que a composição dos temas musicais não possam contar com o elemento vocal em sua execução.

Partindo de Pixinguinha e passando por compositores como Baden Powell, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Toninho Horta, para citar apenas alguns ícones, o gênero continua a tradição de excelência da música brasileira.

A música instrumental, teve no jazz americano uma vaporização do gênero pelo mundo. Mas no Brasil, desde sempre, ressoou a cultura nacional e acabou ganhando o rótulo de Musica Instrumental Brasileira, que aqui, vou dar a sigla de MIB.

Dentro do espectro da MIB, vamos encontrar subdivisões de gêneros. Estão aqui representados ritmos como choro, baião, samba, maracatu, chacarera, e muitos outros. Essa riqueza e diversidade, fruto de um Brasil miscegenado e multifacetado, faz da música brasileira uma das mais interessantes representações culturais do mundo moderno.

E para concluir, cito de memória, as palavras do grande escritor nordestino Ariano Suassuna, quando de uma entrevista:
“A cultura brasileira é tão potencializada, que mesmo desemparada pelo estado e muitas vezes sob forte influência colonizadora de outras culturas, sobrevive firme e forte.”

Mas é bom se perguntar o que será do futuro, pois a arte, além de tudo isso, vem também sendo explorada para fins comerciais, e só para isso.

A novidade que ganhou o mundo

Maria Marta Rodrigues Alves Silveira
Polo São Carlos

A música brasileira celebrou com muito orgulho em 2008 os 50 anos da Bossa Nova.
O ano: 1958. O Brasil vivia a euforia do desenvolvimento econômico do governo Kubitschek, expandiam-se os veículos de comunicação de massa, e entre eles a TV. É nesse clima que surge a bossa nova.

Segundo Ronaldo Boscoli, a expressão surgiu quase que por acaso, quando Roberto Menescal, convidado para apresentar-se com seu conjunto no grupo Universitário Hebraico-Brasileiro, deparou-se com um quadro: ”Hoje, João Gilberto, Silvinha Teles e um grupo bossa-nova apresentando sambas modernos”. A expressão permaneceu.

Seu marco inicial foi o LP da cantora Elizeth Cardoso, “Canção do amor demais”. Nele aconteceu a gravação do futuro clássico “Chega de saudade” (Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Morais), cujo acompanhamento teve a participação especial do violonista baiano João Gilberto, trazendo uma nova forma rítmica, uma batida diferente.

Alguns meses depois, em 10 de julho de 1958, João Gilberto grava em 78rpm esta mesma música já com o seu violão revolucionário, chamado “violão gago”. A partir destas inovações rítmicas, inicia-se aí um novo rumo para MPB. Aliás, é nesta ocasião que, pela primeira vez na história da música brasileira, surge o termo MPB – Música Popular Brasileira – empregado por Ary Barroso na contra capa do disco “Bossa Nova”, de Carlos Lyra, outro expoente do gênero.

A bossa nova reuniu cantores e instrumentistas muito talentosos, com uma forma nova e intimista de cantar e tocar: batidas sutis no violão (o som suspenso no ar), acordes dissonantes e arranjos sofisticados resultaram em um novo estilo musical. Toda essa inovação certamente mudou a história da música popular brasileira.

Em 1962 a partir de um festival de bossa nova realizado no Carnegie Hall, de Nova York, o movimento alcançou êxito mundial tendo em Tom Jobim seu maior expoente. Considerado “mestre da alquimia”, Tom Jobim combinou com perfeição o popular e o erudito, e seduziu os ouvidos do mundo. Além dele e João Gilberto, podemos citar Vinícius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Silvia Teles e Johnny Half, como pioneiros da nova bossa.

A nova maneira de fazer música atingiu o público mais jovem da classe média. Além da indiscutível qualidade musical na harmonia e na instrumentação, trouxe uma linguagem poética-musical diferente da apresentada até então.

Seu discurso não se envolvia inicialmente com as questões político-ideológicas do país. Segundo Augusto Campos houve um primeiro momento em que, “a linguagem usada era simples, feita de elementos extraídos do cotidiano da vida urbana, que revelavam uma poética cheia de humor, ironia, blague, gozação e malícia; às vezes socialmente participante, em tom de protesto e inconformismo”. Já a outra fase, aborda as questões relativas ao subdesenvolvimento brasileiro, sendo classificada “participante”. Nesta fase destacam-se Marcos e Paulo Sérgio Vale e Edu Lobo.

Embora considerada por alguns em sua fase inicial, com um discurso alienado, despolitizado e voltado para o estilo de vida “pequeno burguês”, a bossa nova resistiu.

Hoje, passados 50 anos, não é música comumente ouvida nas rádios, mais preocupadas com as músicas comerciais, de fácil consumo. Ganha espaço aqui e ali como trilha de um filme ou de novela e, por isso talvez, muitos jovens nem a conheçam, ficando restrita a um seleto público.
È inegável a contribuição que a bossa nova trouxe para que a música brasileira se tornasse conhecida mundialmente. Prova disso é que por aí afora, quem não seria capaz de cantarolar a inesquecível ”Garota de Ipanema”?

Fontes: Iniciação à Música Popular Brasileira, Waldenyr Caldas.São Paulo, Editora Ática,1985.
O País perde o Tom - Especial Tom Jobim.Jornal da Tarde,9 de dezembro de 1994.

Arte Erudita: música aos nossos ouvidos

Autora: Luana Gonçalves Macedo
Pólo: São Carlos

A música erudita é definida como a música academicamente estudada, em sua forma, estilo, e analisada conforme as tradições, seguindo cânones preestabelecidos no decorrer da história da música. Há quem diga ser uma forma superior a todos os gêneros musicais, sendo a real arte musical.

A música erudita data desde a pré-história e era ligada a rituais religiosos. Em 2000 a.C. a 331 a.C., no Oriente Médio, houve uma grande sofisticação na construção de instrumentos como lira, harpa, alaúde, flauta e trombeta. O conhecimento sobre a música relacionava-se à afinação e às escalas dos instrumentos encontrados, das figuras de tocadores e de rituais. Algumas passagens sobre a música é referida na Bíblia, como a descrição da orquestra de Nabucodonosor II feita por Daniel. E ainda, nos séculos a.C., a música compunha as festividades, o teatro, os coros em honra a deuses, em exibições de lutas e espetáculos em anfiteatros. Na Idade Média, predomina a música religiosa. No século XVIII, destacam-se nomes como Wolfgang Amadeus Mozart, Joseph Haydn, Ludwig van Beethoven e Franz Schubert. Já no século XIX, ocorrem formas livres, prelúdios, rapsódias, sinfonismo, virtuosismo instrumental e movimentos nacionais incorporam elementos não relacionados à tonalidade estrita do classicismo.

A partir daí, a música erudita traz nomes de artistas que celebram a música de forma inovadora, fugindo dos parâmetros tradicionalistas e nos indicam novas possibilidades frente às tecnologias a favor da musicalidade.

A música Erudita, em todos os seus períodos, leva-nos a uma variedade de sentimentos, pois transcende à técnica ou ritmos que apenas embalam nossos corpos. A música erudita embala nosso corpo, mente e coração. Há as que fazem alterar a respiração e a freqüência cardíaca com suas variações, entonações, etc. Há as que levam ao relaxamento e a comoção. Esta é a boa música dos grandes mestres. Diria que a música é um elo com o divino, o que não é perceptível no samba, rap, pagode, funk, seresta, entre outros.

Por trás do nosso corpo físico, há planos que somente a subjetividade explicaria. E é através da música erudita que podemos sentir além do que chamamos de palpável, matéria, físico. Há relatos de que o público erudito, como qualquer público de qualquer estilo de música, liga muito seus sentimentos àquilo que escuta.
A música erudita passou por profundas transformações desde seu estilo tradicionalista até o modo como o público se relaciona a esta arte. Hoje em dia não é necessário trajar roupas sociais para assistir um evento musical erudito e este gênero não é mais visto como música “chata” ou para ricos. O preconceito foi desmantelado e há uma democratização que desmistifica esse lado esnobe.

A música, seja ela de qual gênero for, deve ser universal, isto é, para todos. E o gênero erudito demonstra que além de ser atualmente universal, é passível de mudanças, inovações e, ainda, que não possui apologia ao preconceito de qualquer espécie e nem à imoralidade, o que infelizmente ocorre em outros gêneros.

A música erudita, seja ela tradicional ou modificada, não traz nenhum prejuízo às populações, comunidades e famílias, pois trabalha com sentimentos, percepções, subjetividade, e não com questões políticas, econômicas, sociais e ideológicas. Música aos nossos ouvidos!

A porrrrta aberta da música caipira

Eneida Alves Regado
Pólo: Itapetinga
A música caipira no Brasil é tão antiga quanto o próprio caipira. Simples e sem pressa como cigarro de palha, alcança ainda hoje um público enorme, seja jovem, velho, urbano, rural, homem ou mulher. Nascida de parto natural no nosso interiorzão, bastando uma viola e o tocador, hoje se vê invadida por inúmeros “estilos”, que pretendem beber deste nicho comercial de forma bastante popular. Como é o caso de algumas duplas.

Este caipira cantador vem lá da origem do Brasil, uma mistura de índios, jesuítas e portugueses. Com eles misturaram-se também as danças e entoadas ritmadas, os hinos religiosos, as modinhas portuguesas, dando luz à música caipira. A viola, esculpida do tronco, foi sacramentada como instrumento base para este gênero musical.

Dentre suas origens, também considerado música caipira, o cururu nasceu dos cantos religiosos e ainda resiste no interior de Piracicaba, Sorocaba e Tietê. Mario de Andrade, nas suas andanças de pesquisa pelo interior, constatou o cururu em forma de desafio , sempre iniciada com saudação a um santo.

O catira ou cateretê surgiu de uma dança indígena, o cateretê. Vistos ainda em São Paulo e Minas Gerais, começam com uma moda de viola e são acompanhados de batidas de pés e solos. Bonito de se ver, nas festas de Folias de Reis e as de São Gonçalo, coloridos e alegres, estão na alma do povo interiorano e contagiam a “gente que vem da cidade grande”.

Mas é na moda de viola que a gente pára e não quer sair mais. Com suas possibilidades de solos de viola, longos versos, letras que contam histórias cheias e tristezas e alegrias, resgate da história do próprio povo que vive ali, paralisam quem passa e fica ali até o fim, sem arredar pé, para saber e ouvir o desenrolar daquele causo.

Por volta dos anos 50, com a vinda de muitos nordestinos para a construção da emergente São Paulo e outras capitais, a música caipira ganhou as rádios e se popularizou, ficando conhecida neste meio como música sertaneja. Misturou-se com outros gêneros, como MPB, rock e influências de country music.

Os anos 50 foi a década das duplas, vindas do interior; nos anos 60 o surgimento do excelentíssimo Renato Teixeira, vindo da Jovem Guarda, resgatando e trazendo uma enorme divulgação deste estilo, com muito estilo; nos anos 80 veio a dupla Pena Branca e Xavantinho que adaptaram músicas da MPB para a música sertaneja, também com grande repercussão e merecido sucesso.

Hoje há duas vertentes mais claras da música caipira (ou sertaneja, como tornou-se conhecida na década de 50 pelas rádios): as duplas com influência do country music, mais populares e com grande romantismo, letras populistas e repetitivas e grande repercussão no público jovem; e aqueles resgatadores da música caipira de raiz, como o Almir Sater e Renato Teixeira, que canta: “Que me imporrrta, que me imporrrrta, o seu preconceito? Que me imporrrrta?”, ensinando o “sotaque” caipira para quem não conhece.

E vale a pena conhecer! Esta música caipira de raiz, com origem na nossa história, vale a pena ser ouvida, tocada, dançada e sentida com a alma. Sentar na soleira, cumprimentar a vizinha, comer bolo de mandioca, e deixar a pooorta aberta, porque todos nós somos um pouco caipiras, ora.

O Choro celebrado em nova data entre os paulistas

Rita de Cássia Grandizoli Rebouças
Pólo de São Carlos

O Choro celebrado em nova data entre os paulistas

O agradável “Choro”, que nacionalmente é celebrado em 23 de abril, tem mais uma data para ser comemorado entre os paulistas: dia 28 de junho é agora o Dia Estadual do Choro. A data, instituída por meio de projeto de Lei por iniciativa do Deputado Paulo Alexandre Barbosa, publicada no Diário Oficial do Estado do dia 11 de março de 2009, é uma homenagem a um dos maiores expoentes do gênero, o paulistano, filho de portugueses, Aníbal Augusto Sardinha, conhecido como Garoto, que nasceu nesse dia no ano de 1915.

Esse gênero musical, considerado genuinamente brasileiro, encontra suas origens no século XIX, tendo sido reconhecido apenas no início do século XX como tal. Carinhosamente chamado de Chorinho, é música popular instrumental brasileira, executada pelos regionais compostos pelos chorões, nome que se dá aos compositores e instrumentistas. Dentre os principais instrumentos utilizados pelos regionais encontramos o violão de sete cordas, o violão, o bandolim, a flauta, o clarinete, o cavaquinho e o pandeiro.

Como todo gênero, o Choro não tem data de nascimento, mas tem suas primeiras origens por volta de 1808, no Rio de Janeiro, com a chegada da família real portuguesa e sua corte que trouxeram instrumentos como o violão e o bandolim e músicas como a valsa, a quadrilha, a mazurca, o xote e a polca, entre outras; também a partir dos africanos, recebeu influências de ritmos como o batuque e o lundu que, abrasileirados pelos músicos urbanos daqui, foi tomando formas variadas, improvisadas e divertidas. Os primeiros chorões originaram-se da classe média urbana, composta por pequenos comerciantes de origem negra, funcionários públicos e músicos de bandas militares que costumavam tocar de ouvido.

Entre os músicos mais conhecidos estão Garoto, Ernesto Nazareth,Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Joaquim Callado. Este último, flautista e professor do Conservatório Imperial, é considerado um dos criadores do choro. Callado possuía um grupo que se reunia para tocar por prazer, improvisando e modulando com virtuosismo. Uma composição sua em parceria com Catulo da Paixão Cearense intitulada “Flor Amorosa” é considerada a primeira do gênero.

Considerado um gênero popular, o Choro também despertou interesse e valorização por compositores da música clássica; Heitor Villa Lobos, na década de 20, incorporou à sua obra erudita a composição de 14 choros, demonstrando seu grande valor e riqueza musical.

Desde o reconhecimento como gênero no começo do século XX e, até hoje, o Choro marcou e continua marcando forte presença nas criações de muitos compositores e instrumentistas de peso da música popular brasileira, como gênero musical de grande aceitação e prestígio por parte dos brasileiros.

Referências

Dicionário de Música Zahar. Zahar Editores S.A., 1985
Disponível em:<http://clubedochorodesantos.blogspot.com/2009/03/partir-deste-ano-o-dia-28-de-junho.html>
Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Choro>

domingo, 12 de abril de 2009

A Viola Caipira de Tião Carreiro

Autor: Fernando Cesar Caselato
Polo: São Carlos


José Dias Nunes, este é o nome pelo qual ganhou fama Tião Carreiro, o Deus carrancudo, como muitos assim o chamavam, devido ao seu volumoso bigode e seu temperamento sisudo. É considerado pelos historiadores, violeiros e folcloristas, como o símbolo maior da cultura caipira. Nascido em 1934, foi um gênio da sua época, com inovações com relação ás técnicas de pontear o instrumento (dedilhar, digitar as cordas da viola caipira). Seus discos são procurados nas lojas especializadas até os dias de hoje.

Tião foi, numa terra de tantos bons violeiros, o melhor e o mais famoso, deixando muitos admiradores. Tanto que nunca foi esquecido. No rádio, no alto-falante das praças e nos aparelhos de som, rodaram seus 28 discos de 78 rpm e os 57 compactos e LPs. O gênio não era mesmo dado a sorrisos, mas gostava de festas, onde pudesse tocar sem ter hora para parar.

Em parceria com o amigo Pardinho, criou e interpretou inúmeros sucessos como “Pagode em Brasília” e “Falou e Disse”. Cantou e tocou ritmos típicos de nossa cultura raiz, como o cururu, a toada, o recortado mineiro, o cateretê, o arrasta-pé, a cana-verde, a moda de viola, samba e o pagode de viola. Este último, o pagode de viola, é considerado uma criação do mestre que, segundo relatos, em um quarto de hotel, uniu o recortado mineiro com o cipó-preto ou lundu. Se não há provas concretas de sua criação, com certeza não há dúvidas da enorme divulgação que fez com o ritmo inovador.

Interessante é o magnetismo que Tião exerce sobre os admiradores, músicos ou não, sendo que mesmo os que desconhecem sua trajetória, lembram de seu rosto forte e determinado. Também aprimorou o estilo de cantar em dupla, onde a segunda voz que é a mais grave era colocada com mais destaque do que a primeira. Estilo que depois foi seguido por inúmeras duplas de cantadores.

O saldo de sua carreira foi o de 25 discos de 78 rpm com Pardinho e Carreirinho, mais de 50 Lps com variados parceiros, dois Lps em solos de viola caipira e mais de 300 composições com os mais importantes nomes – Teddy Vieira, Dino Franco, Moacyr dos Santos, Zé Carreiro, Zé Fortuna, Carreirinho e Lourival dos Santos, amigo e seu principal companheiro.

Toda a técnica de mão direita iniciada por ele, o seu toque com o polegar e as divisões rítmicas intrincadas, servem de inspiração e fonte de pesquisa para a viola que vem acontecendo no Brasil de hoje, com a inclusão e a fusão do jazz brasileiro, a música contemporânea e gêneros como o choro e o maxixe, o maracatu, frevo, baião e afoxé do nordeste e ritmos do sul do Brasil como a milonga, o chamamé e a chacarera.

sábado, 11 de abril de 2009

Samba: Uma viagem cultural pelo mundo

Autor: Thiago Carbonari
Pólo: São Carlos

O Brasil é um dos países mais exóticos e interessantes no que concerne à produção cultural, pois deriva de uma forte miscigenação de culturas fazendo com que as produções musicais regionais sofram várias influências por conta disso. Mas ainda assim o gênero musical que leva a marca estampada do Brasil é o samba que, assim como o brasileiro, é rico em mistura de raízes.

Pesquisadores apontam que o samba moderno é a síntese do lundu, do maxixe e da modinha. O lundu é essencialmente africano, o maxixe é uma mistura da dança da polca européia com os ritmos caribenhos e afro-brasileiros e a modinha que é a manifestação mais brasileira e que foi difundida por Domingos Caldas Barbosa nos palácios das cidades portuguesas.

A denominação samba é, provavelmente, originária da palavra angolana semba, que significa umbigada, pelo modo como era dançada. Seu primeiro registro pode ser encontrado na revista “O Carapuceiro” em 1838. A palavra samba, por volta do século XIX, denominava qualquer música feita pelos escravos africanos do nordeste ao sudeste do Brasil. Mas, foi o samba carioca o que mais se destacou neste cenário, cuja maior influência veio dos ritmos baianos, provavelmente, pela transferência dos escravos da Bahia para o Rio por causa das plantações de café.

O Rio de Janeiro é o berço do samba moderno, e foi lá que foi gravado o primeiro samba, intitulado “Pelo Telefone”, cantado por Bahiano e Ernesto Nazaré, mas registrado polemicamente por Donga e Mauro Almeida, sendo anunciado pelo próprio Donga em 1917 no jornal do Brasil como sendo um “tango-samba”. Sabe-se que na época as composições eram feitas de forma coletiva e que esta música foi criada em uma roda de partido alto, da qual participavam Mauro Almeida e Sinhô, que se intitulou o rei do samba na época. Nesta fase também começaram a surgir inúmeras gravações de samba e esse estilo começou a se popularizar.

As rodas são formações marcantes no samba, assim como a coletividade e o espírito de cooperação. O termo escola de samba foi utilizado e adotado pelos grandes grupos de samba para impor mais respeito e ganhar mais credibilidade diante da sociedade. A primeira escola de samba como conhecemos hoje foi fundada no bairro Estácio de Sá no Rio de Janeiro, por Ismael Silva com o nome de Deixa Falar. Ela moldou o samba-enredo para a forma atual com instrumentos de percussão como surdo e cuíca. A Deixa Falar fez sua primeira aparição na Praça Onze como um bloco de corda e não deixou ninguém parado. Um ano depois surgiram mais cinco escolas, entre elas a Estação Primeira de Mangueira e a Vai Como Pode que atualmente é a Portela.

Fazer dançar e cantar junto não são as únicas qualidades do samba; ele também trabalha o aspecto social. O primeiro cronista do samba foi Noel Rosa, que até do corpo humano tirava samba, como a música Coração. Foram das “brigas” com Wilson Batista que saíram clássicos como Feitiço da Vila e Palpite Infeliz.

O tempo foi passando e o samba foi se elevando de divertimento popular ao estado de arte. Em 1958 foi lançado o disco Canção do Amor Demais, de Elizeth Cardoso, com a batida diferente de violão de João Gilberto na música Chega de Saudade de Tom Jobim e Vinicius de Morais. Essa interpretação foi um marco na história do novo samba intitulado de bossa nova.

A bossa nova, com uma forte influência do jazz e do impressionismo da música clássica, trouxe um ar mais intimista e refinado ao samba. O termo bossa deriva da gíria carioca da época que significava, segundo Sóstenes Pernambuco Pires Barros, “jeito”, “maneira”, “modo”. E bossa nova era uma oposição a tudo o que era considerado, pela nova geração de músicos, como sendo antigo e ultrapassado.

Em São Paulo víamos o aparecimento de outro mestre do samba, João Rubinato, o Adoniran Barbosa. Com uma grande voz e letras com histórias e linguagens tipicamente urbanas, de dar inveja a qualquer “malandro” da época, Adoniran vive até hoje em suas composições geniais.

Os anos 60 e 70 trouxeram uma revolução nas artes e também na música brasileira. Surgiram nomes como Cartola, Nelson do Cavaquinho, Zé Keti, Clara Nunes, Martinho da Vila e o mestre Bezerra da Silva. Também surgia o grande Hermeto Paschoal com a mistura dos sons da natureza com a música regional, o jazz com o samba. Enfim, a música que só poderia ser feita por um brasileiro. Foi também nesta época que o samba voltava às raízes dançantes com o samba-rock em discos como “Jorge Ben” de 1969 e “Força Bruta” de 1970, com o famoso Trio Mocotó acompanhando o cantor e guitarrista Jorge Ben. Esse estilo trouxe uma nova modernização ao samba, acrescentando a guitarra e o suingue do funk ao samba puro e aplicado, sem tirar a malandragem inerente ao estilo.

Nos anos 80, após um breve esquecimento do estilo, ele voltou às rádios na forma do pagode; com artistas como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e o grupo Fundo de Quintal. Atualmente o pagode é sinônimo de letras fúteis, harmonias fracas e ritmos “quadrados”, o que não acontecia com os artistas dessa época, mas como tudo que tem um período ascendente e cheio de idéias, também têm épocas de ostracismo e declínio.

O samba moderno é o casamento do samba com a nova batida das ruas, como pode ser visto nos discos novos de Marcelo D2, na mistura de samba com hip hop ou no caso da banda Los Hermanos que misturam elementos de bossa nova, ska e rock.

O samba é a alma e a vida da cultura musical brasileira, como dizem os versos da música Não Deixe o Samba Morrer de Edson e Aloísio, imortalizada na voz de Alcione: “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar. O morro foi feito de samba. De Samba, prá gente sambar”.

Para Saber Mais
http://www.suapesquisa.com/samba/
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT865240-1655-1,00.html
http://www.sambacarioca.com.br/historia-do-samba.html
http://www.collectors.com.br/CS06/cs06_05n.shtml
http://www.hermetopascoal.com.br/
http://www.almacarioca.com.br/mpb.htm
http://www.stellaaguiar.com.br/historiadoritmo/historiadosritmos.htm#sambarock
http://www.vidaslusofonas.pt/adoniran_barbosa.htm
http://www.mpbnet.com.br/musicos/noel.rosa/