terça-feira, 12 de maio de 2009

Gonzagão - O Rei do Baião

Tiane Tessaroto
Pólo de Osasco

O Baião é um ritmo musical brasileiro nascido no nordeste. É um ritmo de dança, originário do lundu (dança brasileira criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos da África, da cultura européia e indígena), com influências da viola caipira e do canto nordestino. Segundo especialistas ele teria nascido de um jeito diferente de violeiros da zona rural nordestina tocar o lundu.

Na década de 40 o ritmo foi consolidado e divulgado por todo o território brasileiro através da figura de Luiz Gonzaga, considerado o “Rei do Baião”. Se o baião já existia antes de Gonzaga, com certeza não era o baião que este eternizou. O que se fazia antes dele era como uma espécie de prenúncio do gênero musical, um ingrediente que foi muito bem utilizado por este gênio da música popular brasileira. Isso fica bem claro no trecho da entrevista feita em 1972, onde Luiz afirma: “Quando toquei o baião para ele (referia-se a Humberto Teixeira, seu grande parceiro musical) saiu a idéia de um novo gênero.

Mas o baião já existia como coisa de folclore. Eu o tirei do bojo da viola do cantador, quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá aquela batida, aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. Uns dizem que vem do baiano outros que vem de baía grande. O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Era uma coisa que falava: Dá um baião ai... Tinha só o tempero, que era prelúdio da cantoria. É aquilo que o cantador faz, quando começa a pontilhar a viola, esperando a inspiração.”

O mercado musical estava saturado de boleros e samba-canções e no ano de 1946 a música “Baião”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira surge no cenário musical dando um sopro de renovação. A canção já chegou apresentando o baião à sociedade através da sua letra, descrevendo o novo ritmo e convidando todos à dançar. “Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção." e "(...) o baião tem um quê / Que as outras dancas não têm".

O gênero logo conquistou o gosto popular e passou a freqüentar os salões de bailes de todo o território nacional, além do nordestino onde já estava enraizado a um bom tempo.
Desde então os baiões de Luiz Gonzaga emplacaram muitos sucessos e estavam entre a preferência popular. A partir dos anos 50 começou a ser gravado também por outros artistas como Carmem Miranda, Emilinha Borba, Jamelão, Carmélia Alves, Claudete Soares, Luiz Vieira e tantos outros que ajudaram a divulgar o ritmo para além das fronteiras brasileiras.

Na década de 60 o baião passou por um período de esquecimento e sua produção artística diminuiu muito. Nos anos 70 reacendeu a chama com novos nomes como João do Vale, Quinteto Violado e Dominguinhos, este último é hoje um dos maiores nomes do gênero em plena atividade. Dominguinhos talvez seja o segundo melhor tocador de sanfona dentro deste estilo musical, pois o primeiro lugar já está ocupado pelo grande mestre Gonzagão, que cantou como ninguém o nordeste brasileiro em suas canções. Através do baião a vida nordestina foi um pouco mais conhecida, na sua simplicidade, no olhar do viajante, do retirante da seca, da festividade nordestina e da cumplicidade de companheiros de jornada.

O ritmo ainda ultrapassou as barreiras do gênero e influenciou o tropicalismo de Gilberto Gil e o rock brasileiro de Raul Seixas, que criou o verdadeiro rock brasileiro ao misturar o rock americano com o baião brasileiro.

Bossa Nova

Paulo Roberto Hardt Junior
Pólo de Osasco

Bossa Nova

O movimento surgiu na década de 50 como uma forma de renovação do ritmo, melodia e harmonia a partir do samba e dos ritmos brasileiros que já existiam, mas também foi associado ao crescimento urbano brasileiro, estimulado pela fase de desenvolvimento da presidência de Juscelino Kubitschek. Os sambas improvisados, como o samba de breque e também a influência da música norte americana, o jazz, contribuíram sem dúvida para a formação de um dos maiores gêneros musical brasileiro.

Na verdade o movimento começou graças a encontros casuais entre músicos cariocas que se reuniam para ouvir e fazer música. Um dos pontos de encontro era o apartamento de Nara Leão em Copacabana. A partir de 1957, esses encontros começaram a ficar mais freqüentes e dentre os participantes estavam os novos compositores da música brasileira, como Billy Blanco, Roberto Menescal e Sergio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando e logo já existiam vários músicos ocupando vários lugares da cidade do Rio de Janeiro. Entre esses lugares estavam vários bares e também faculdades.

A bossa nova teve então o seu inicio oficial no final de 1957, com o lançamento do compacto simples do violonista João Gilberto, que na época era considerado um dos mestres do movimento, contendo as canções Chega de Saudades de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e Bim Bom, uma música do próprio compositor. A partir daí, João gravou o primeiro LP em 1959 com vários sucessos de artistas brasileiros e estrangeiros. A bossa nova, a partir daí, já era realidade.

As músicas que foram surgindo, a partir desse movimento, eram marcadas por um ritmo bem sincopado e com acordes dissonantes, que na época era característica do jazz norte-americano.

Por outro lado, uma outra característica das músicas era a letra, que contrastando com os sucessos da época, abordavam temáticas mais brandas. Um exemplo disso é Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça. Segundo o maestro Julio Medaglia, o canto era falado ou então era cantado bem baixinho, não valorizando a voz, mas sim o que se dizia, geralmente num tom bem coloquial.

Uma das parcerias de maior destaque do movimento foi a de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Juntos, eles compuseram várias canções com projeção nacional e internacional. Um exemplo disso é Garota de Ipanema, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Essa canção foi gravada por vários artistas internacionais como, Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, entre outros.

Com o passar dos anos, a bossa nova que a princípio era considerada música de elite, tornou-se cada vez mais popular com o público brasileiro e definitivamente consagrou-se mundialmente como um estilo musical brasileiro a partir de um concerto histórico realizado no Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1962, com a participação de vários artistas brasileiros, entre eles, Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfa, Carlos Lyra, Sergio Mendes, Roberto Menescal, Chico Feitosa, Normando Santos, Milton Banana, Sergio Ricardo, além de alguns outros que não tinham muita relação com a bossa nova, mas que também quiseram participar.

Com a popularização da bossa nova, começaram a aparecer algumas controvérsias entre artistas quanto ao seu estilo e as suas influências, que na verdade não eram puramente brasileiras. Estimulado por um grupo de músicos formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime iniciou-se um movimento popular nacionalista que fez duras críticas a bossa nova, principalmente por ter influências do jazz norte-americano. Alguns artistas-chaves que eram da bossa nova aderiram a esse novo movimento e promoveram parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e também com artistas de alguns ritmos nordestinos como o de João do Vale. Foi gravado então, em 1966, o LP Os Afro-Sambas, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, que poderia se considerar como um marco para a segunda geração da bossa nova.

Na verdade essa nova geração de músicas traria o fim do movimento bossa nova. O marco se deu com o lançamento da música Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, em 1965, que foi cantada por Elis Regina no Festival de Música Popular Brasileira, realizada no Guarujá no mesmo ano do lançamento da música. O fim da bossa nova deu início a um novo estilo musical chamado MPB que abarcou várias tendências de música popular brasileira até o início da década de 80.

Referência

A MPB e a nossa história

Antonio Eduardo Lourenço
Pólo de Jales

A MPB e a nossa história

MPB, Música Popular Brasileira. Refletir sobre ela é um exercício de grandes questionamentos. Por exemplo: O que é e como se define MPB? Existem músicas feitas no Brasil por brasileiros que não podem ser consideradas MPB? Com tantas influências que nossa música sofreu de outras culturas, seria possível realmente classificar a verdadeira MPB? Poderíamos aqui levantar muitas outras questões, mas se essas já forem respondidas creio que teremos um bom parâmetro para as desejadas conclusões.

Mais radicalmente, poderíamos dizer que a verdadeira MPB é a produzida pelos índios, mas se pensarmos que somos fruto de grandes miscigenações, inclusive com os índios originais da terra, e levarmos em consideração que a identidade de um povo se constrói dia-a-dia em um processo ininterrupto, passaremos a acreditar que a MPB ainda está em construção também. Por outro lado, será que não estaríamos chamando “música do Brasil” (Baião, Bossa Nova, o Chorinho, o Frevo , o Samba, o Samba-rock, o Forró e etc.) de MPB?

Pois bem, segundo historiadores, a MPB surgiu exatamente em um momento de declínio da Bossa Nova. Uma canção que marca o fim da Bossa Nova e o início daquilo que se passaria a chamar de MPB é Arrastão, de Vinícius de Moraes (um dos percursores da Bossa) e Edu Lobo (músico novato que fazia parte de uma onda de renovação do movimento, marcada notadamente por um nacionalismo e uma reaproximação com o samba tradicional, como de Cartola). A partir dali, difundiriam-se artistas novatos, filhos da Bossa Nova, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda, que apareciam com freqüência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova.Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, (São Paulo em 1966), Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da Bossa para MPB. Era o início do que se rotularia como MPB, um gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira durante as décadas seguintes. A MPB começou com um perfil marcadamente nacionalista, mas foi mudando e incorporando elementos de procedências várias, até pela pouca resistência, por parte dos músicos, em misturar gêneros musicais. Esta diversidade é até saudada e uma das marcas deste gênero musical. Pela própria hibridez é difícil defini-la.

Por meio dos grandes festivais a MPB conquistou as camadas mais humildes da população, e como essa camada é apaixonada, as letras passaram a falar direto ao coração e aos anceios de um povo hora sofrido, hora esperançoso e hora enamorado. Quantas serenatas debaixo das janelas das pretenças namoras tiveram na MPB sua voz principal (e como isso dava certo), quantos finais de festas (depois de muito Rock-Pop-Balanço) foi coroado por violões e vozes entoando o melhor da MPB, não que sejamos saudosistas, mas até hoje ela ainda faz a diferença entre as “coisas” que ouvimos por ai.

Por falar em ouvir, certa vez, em uma entrevista um crítico e estudioso de música (que no momento não recordo o nome) disse que não existe Rock brasileiro, que o Rock é só o produzido nos EUA, e o que se produz no Brasil é apenas um estilo de MPB e não Rock. Já quem o produz não o considera MPB. Queria ver ele dizer isso pra Rita Lee e pro Raul Seixas. Pois bem, se o que chamamos de “Rock nacional” não passa de MPB poderíamos dizer que tudo que é musicalmente produzido no Brasil é MPB.

Classificar certas “coisas” como MPB (por mais hibrida que ela seja), não é atividade das mais agradáveis. O sertanejo moderno de São Paulo e Goiás, por exemplo, que iniciou sua caminhada com o nome de Country Music e só depois se adequou comercialmente ao nome de “sertanejo romântico”, eles se autodenominaram como “não MPB” e assim como este estilo o “Funk” carioca e outros mais que vão surgindo como frutos da “criatividade” do povo brasileiro estão se incorporando ao nosso viver musical sem serem, por mais populares que sejam, considerados Música Popular Brasileira.

A cidade de Ilha Solteira localizada aqui na região noroeste paulista vem insistindo no seu ideal de manter a MPB viva, para isso já realizou 34 desses festivais ano a ano sem parar. Um bom exemplo a ser seguido é o da Universidade de Passo Fundo – MG que é uma instituição comunitária e filantrópica que, desde o início da sua história mostra-se consciente da responsabilidade das universidades como agentes difusores de cultura, a Universidade de Passo Fundo realiza o Festival MPB-UPF possibilitando que artistas apresentem seus trabalhos, valorizando a cultura brasileira.

Música Universal - música livre

Michel Vicentine Martins
Pólo de Osasco - SP

Uma música que aos ouvidos comuns pode ferir um senso estético, gerando certo desconforto pela quantidade e extremidade de cores, texturas e contrastes. Um universo de possibilidades harmônicas, rítmicas e melódicas. Possibilidades de criação e recriação infinitas geradas por um senso comum: As possibilidades universais de criação e escuta musical.

“A arte, por princípio, não pode ter barreiras”, disse sabiamente o compositor Gilberto Gil descrevendo a qualidade avançada de fazer Música Universal. A palavra Universal significa, o que está ligado a todas as coisas. Assim a música universal não possui limites: as poli-harmonias, poli-ritmias enriquecidas por combinações timbrísticas que sem preconceitos englobam todos os estilos, valoriza elementos da tradição musical popular brasileira e, ao mesmo tempo, ultrapassa a barreira entre a música erudita e a popular justapondo traços da música regional de todo o mundo, refletindo com isso sua universalidade.

Criada por Hermeto Pascoal, a Música Universal é um termo encontrado para descrever uma qualidade musical que rompe a barreira entre a música popular e a erudita. A música segundo Hermeto é uma ferramenta para comunhão e não para divisão, em um de seus relatos sobre uma possível definição sobre sua música, ele trava um contraste de idéias: “Eu não sei o que sou, mas, sei que sou. Não sei o que é a minha música, mas, sei que é música”.

Hermeto Pascoal é um nome cujas referências para o grande público brasileiro ainda são mais que escassas, apesar de merecer citação em todas as grandes academias de música do mundo inteiro. É bem verdade que sua música não é acessível a todo ouvido, porém, em contra partida, sua simpatia e espontaneidade não tem limites, assim como a sua música.

Hermeto Pascoal nasceu na cidade de Lagoa da Canoa em 22 de junho de 1936. Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de gerimum (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas tocando com a água. O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o acordeão de 8 baixos de seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais.

Hermeto veio para esse mundo pra mostrar que música é assim, universal, solta de qualquer estilo ou denominações. Morou em vários lugares do mundo, desde Recife, São Paulo e Estados Unidos onde pode mostrar a música regional brasileira, mas numa pegada de um jazz alucinante. Hermeto Pascoal sempre esteve ligado ao som puro, àquele que se faz com instrumentos que a própria natureza oferece. Seja um pífaro, feito pelo próprio galho de abóbora ou tocando em uma vitória régia no meio do Amazonas. Seus sons são assim, cantos de pássaros, coaxar de sapos em um brejo, música com garrafas cheias de água e o corpo humano, todo o corpo musical, todas as partes que saem sons. E nas partes que não saem, o Hermeto tira algum batuque de lá. Hermeto é assim: para uns, um doido, mas para outros um gênio.

O espírito da música popular brasileira

Marinês Mendes
Pólo de Osasco-SP

Com licença, leitor, meditemos sobre a Música Popular Brasileira que, a partir da década de 60 encontrou seu lugar na sociedade enquanto objeto de estudo estético. Nada de dizer MPB é um rótulo. MPB é uma concepção que envolve três participantes: autor, obra e público e dialoga o tempo todo com a tradição e com o futuro. É mediada pela indústria fonográfica, pelos meios de comunicação de massa e agora, pelas novas tecnologias de divulgação (MP3, My Space, Ipods, MIDIs) e se constituem em fatores que se engajam na circulação da MPB hoje, dado o tamanho e a complexidade desse país de nome Brasil.

Isto posto, meditemos sobre as diversas matrizes deste gênero que nos identifica no mundo: o batuque, os ranchos de onde saíram o maracatu e o samba de avenida, o samba de roda do recôncavo, as canções praieiras e de trabalho, as canções de tradição oral e das culturas indígenas e a música de salão que confluem para essa sonoridade permeada de diálogos e provocações com as informações musicais vindas de todo os cantos do mundo, um belo exemplo, a Bossa Nova, em diálogo com a América.

Outro exemplo? O encontro do barroco mineiro com o rock, em “Clube da Esquina”, As releituras dos clássicos de Noel Rosa, as novas gerações de cantoras buscando na tradição material para seu diálogo com o mundo, atualizado por meio dos samplers, de interpretações mais casuais, em tom de conversa. Ou experimentações à Chico Science ou o aprofundamento do canto-falado nas pesquisas dos semioticistas da canção. Podemos meditar também sobre a influência dos contemporâneos sobre seus contemporâneos, por exemplo, de Lenine sobre novas gerações de compositores, de Gal sobre Marisa Monte e de Marisa Monte sobre a nova geração de cantoras.

Meditemos na multiplicidade de temas compostos sob os mais diversos recursos de linguagem, de personagens do cenário brasileiro e motivos melódicos, rítmicos que compõem nossa paisagem musical. Não é à toa que “se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção, está provado que só é possível filosofar em alemão1”, ou seja a MPB ocupa um lugar ímpar na sociedade brasileira e esse lugar é ativo.

A MPB comunica o que deve ser feito (“como é que faz pra lavar a roupa? vai na fonte, vai na fonte2”), apresenta suas condições (“eu só boto bebop no meu samba quando Tio Sam tocar o tamborim3”), profetiza (“vai resplandecer, uma chuva de prata do céu vai descer4”), manda avisar (“avisa lá que eu vou chegar mais tarde, vou- me juntar ao Olodum que é da alegria5), ensina (“eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião”6), ironiza (“eu fui pra Limoeiro e encontrei o Paul Simon lá, tentando se proclamar gerente do mafuá7”), expressa o que vêm da periferia (“Minha vida não tem tanto valor quanto seu celular, seu computador8”), noticia (“Tá lá o corpo estendido no chão9”), namora (“Tudo de bom que você me fizer, faz minha rima ficar mais rara10”), diz (“diga lá, meu coração11”) e não diz (“eu não sei dizer nada por dizer12”), constata (“quem vem pra beira do mar, nunca mais quer voltar13”), transcende (“alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber14”).

E isso, a MPB faz sob ritmos e movimentos diversos: samba, pop, baião, mangue-beat, rap, bossa nova, tropicália e o faz também a partir do uso de recursos poéticos ora calcados na oralidade como em Adoniran Barbosa ora calcados na erudição como em Chico Buarque e Aldir Blanc (eruditos mas sem perder o compromisso com os temas populares), ora inventivos e sintonizados com a vanguarda como é o caso de Caetano, ora comprometidos com a cena urbana, que encontramos nas canções de Itamar Assumpção. Meditemos então, caro leitor, sobre o papel da MPB sem medo de dizer MPB porque é o espírito desta nação.

Justificativa: Há muito mais gente pensando MPB há mais tempo e com maior consistência e cientificidade do que eu. O que fiz aqui foi declarar-me seguidora desses mestres. Este texto foi realizado a partir das reflexões feitas em cursos e seminários recentes sobre canção que tenho realizado ao longo de meu envolvimento com música, na ULM, na FFLCH/USP e na UFSCAR. Uma das leituras que indico é o livro “O Charme dessa nação: música popular, discurso e sociedade brasileira, organizado por Nelson Barros da Costa, da Expressão Gráfica e Editora/Fortaleza-CE, 2007”, minha mais recente leitura sobre MPB. Os versos que citei foram extraídos das seguintes canções:

1. Língua, Caetano Veloso; 2. A ponte, Lenine e Lula Queiroga; 3.Chiclete com Banana, Gordurinha e Almira Castilho; 4. As forças da natureza, Paulo César Pinheiro e João Nogueira; 5. Nossa Gente (Avisa lá), Roque Carvalho; 6. Baião, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; 7. Baião de Lacan, Guinga e Aldir Blanc; 8. Diário de um detento, Mano Brown e Jocenir; 9. De frente pro crime, João Bosco e Aldir Blanc; 10. Sorte, Celso Fonseca e Ronaldo Bastos; 11. Diga lá, coração, Gonzaguinha; 12. Fala, Luli e Lucina; 13. Quem vem pra beira do mar, Dorival Caymmi; 14.Ãnima, Zé Renato.

sábado, 9 de maio de 2009

Bossa Nova

Nome do autor: Kátia Aparecida Ferreira de Almeida
Pólo de São Carlos

A bossa nova é um movimento da música popular brasileira que surgiu por meio de manifestações no final da década de 1950, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados se reuniam para unir e misturar os ritmos e influências musicais fortes da época como o jazz americano, a música erudita e os ritmos brasileiros. Anos depois, a bossa nova se tornaria um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo.

De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época. O termo “bossa” era utilizado para designar os sambas que havia uma parada repentina na música. A incorporação do termo "nova" a "bossa" é atribuída ao jornalista Sérgio Porto, conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Segundo ele, um engraxate, ao olhar seus sapatos sem cadarço, disse: “Bossa nova, hein, chefe?”. A partir de então, ele passou a utilizar a expressão em seus textos.

A Bossa Nova recebeu influência de diversos aspectos da linguagem do jazz, especialmente do be-bop (de concepção mais elaborada do que o jazz tradicional) e do cool jazz (cujos intérpretes eram músicos que tinham conhecimento técnico apurado). Também tem a influência do impressionismo erudito como deDebussy e Ravel.

Além disso, havia um inconformismo com o formato musical de época. Um exemplo disso é os cantoresDick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista em oposição a cantores que apresentavam grande potência sonora. A reunião de grandes instrumentistas e compositores que tinham a capacidade juvenil de inovar, surgiu esse “samba diferente”.

Ao se falar de Bossa Nova não se pode deixar de citar Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Teiles, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros.

Com o passar dos anos, a bossa nova que no Brasil era inicialmente considerada música de "elite" (para pessoas cultas), tornou-se cada vez mais popular para o público brasileiro. Em 1962, foi realizado um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, consagrando mundialmente o estilo musical.

Passado meio século, consagrada internacionalmente, tendo superado todas as discussões entre apreciadores entusiasmados e críticos ferozes, a Bossa Nova conquistou a sua identidade, e hoje pode ser considerada um símbolo nacional brasileiro. “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinícius, e “Wave”, de Tom Jobim, estão entre as músicas mais gravadas em todo o mundo. A música brasileira deixou de ser uma curiosidade exótica e passou a integrar o repertório dos músicos e dos ouvintes mais sofisticadas no mundo inteiro.

Referências

http://www.geocities.com/SunsetStrip/Palms/2102/bossap1.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bossa_nova
http://www.dianagoulart.pro.br/english/artigos/bossa.htmhttp://www.jorwiki.usp.br/linmat07/index.php/Bossa_Nova

Quem tem medo de música de concerto

Marcelo de Andrade Luciano
Pólo de São Carlos

Hoje, a música de concerto é amplamente praticada no mundo todo, embora tenha um público inferior ao público que ouve ou assiste uma produção comercial. O gênero chega a causar estranheza para boa parte dos ouvintes e, ao mesmo tempo, as sonoridades chegam aos ouvidos de forma suave e de modo calmo, ao contrário dos ruídos produzidos pela música comercial. É assim que falamos da conhecida música clássica (termo mais conhecido para o gênero) ou música de concerto, que é termo mais apropriado quando nos referimos à música produzida por orquestras sinfônicas, filarmônicas, bandas, cameratas, grupos corais, madrigais e outras formações que trabalham o gênero.

Quando surgiram as primeiras composições, no século IX, estas foram trabalhadas primeiramente pelo canto, com uma tessitura monofônica. Nos tempos hodiernos, surgem composições de tessitura polifônica, tonal ou atonal. A música de concerto vem sendo trabalhada por grupos, corais e orquestras, em todos os períodos de seu desenvolvimento, a saber: medieval, renascentista, barroca, clássica, romantismo, música do séc. XX. Em todos esses períodos, o “velho” se renovou, manifestando os pensamentos e as reflexões sociais de cada época por meio da música de concerto.

Aliás, o termo “clássico” é originário do período que compreende entre os anos de 1750 e 1810, época em que a orquestra se encontra em pleno desenvolvimento. Porém, o termo é usado para diferenciá-la do estilo popular. Há pessoas que não ouvem músicas orquestradas por não saberem a origem das composições ou até mesmo por não se identificarem com o gênero.

Alguns profissionais da medicina recomendam as gestantes e crianças pequenas a ouvirem música de concerto para melhorarem suas percepções, estimulando a inteligência e o raciocínio. Este gênero é amplamente utilizado em sessões de musicoterapia, na reabilitação de pessoas que sofrem de síndromes, depressão e estresse.

Na Educação Musical, o gênero música de concerto é trabalhado com vários públicos (bebês, crianças, jovens, adultos, terceira idade, portadores de necessidades), que no primeiro contato reagem com surpresa e, com o passar do tempo, começam a analisar suas formas, timbres, formações e a utilizam como ferramenta para educar, não importando qual o ramo do saber em que a música é aplicada. Infelizmente, governos expropriaram seus cidadãos do contato com a música de concerto no ambiente escolar e, no futuro, há uma tendência de reaproximação nesse ambiente.O saudoso Arthur da Távola dizia:”Quem tem medo da música clássica?” Se esta é boa e proporciona desenvolvimento intelectual e social para quem ouve, não temos razões para o medo.

Choro ou Chorinho

Autor: Acácio Rodrigues Filho
Pólo de Itapetininga

Choro

O gênero conhecido como Choro ou Chorinho, é bem brasileiro, nasceu no século XIX na cidade do Rio de Janeiro, por volta de 1870, derivado de outros ritmos vindos da Europa (Xote, Valsa, Pouca, Mazurca, quadrilha) e da África (Lundu). Seu “criador” ou grande colaborador para que o gênero aparecesse e firmasse foi Joaquim Calado, que teve a idéia de unir ao solo de sua flauta, dois violões e um cavaquinho improvisando livremente sobre a melodia.

Apesar de seu nome trazer a idéia de chorar a música nem sempre é assim. Ela é formada por melodias alegres e de andamento rápido, exigindo domínio do instrumento (estudo e técnica) para sua execução ou improvisação. O Choro tem uma relação muito estreita com a técnica da música erudita e com a malandragem e o improviso da música popular ou do Jazz.

O Choro é uma música de natureza popular e instrumental, tendo uma formação básica de violão de sete cordas, violão, cavaquinho, bandolim, flauta e pandeiro, porém já existem inúmeras adaptações e composições que foram feitas para outros instrumentos ou formações, tais como: para piano, clarinete, saxofones, trombone, marimba, xilofone, para bandas, orquestras, coros etc. É importante destacar que muitos choros foram escritos ou adaptados para instrumentos e/ou canto, como é o caso dos Choros nº 10 de Villa-Lobos para Coro e Orquestra com o tema "Rasga o Coração" de Catulo da Paixão Cearense ou, como é o caso do Brasileirinho, gravado por Carmen Miranda, sendo um grande sucesso na época, e, também, gravado por muitos músicos famosos como Wo Wo Ma (violoncelista) e outros de várias épocas e de toda parte do nosso mundo. Já toquei alguns choros (Tico-Tico no Fubá –Zéquinha de Abreu, Arrasta Pé, Minhas mãos meu cavaquinho e Brasileirinho –todos de Waldir Azevedo) com instrumentos de percussão (marimba e xilofone), e, pode-se perceber que soam muito bem nesses instrumentos.

Quem toca ou escreve Choros são conhecidos como “Chorões”, sendo na maioria compositores e/ou excelentes músicos. Dentre estes Chorões, é importante citar alguns nomes importantes: Chiquinha Gonzaga, Hernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha, João Pernambuco, Donga, Luperce Miranda, Waldir Azevedo, Zequinha de Abreu, Jacob do Bandolim, Paulinho da Viola, Altamiro Carrilho, Radamés Gnatalli, Hermeto Paschoal etc. Também gostaria de deixar aqui o nome de Paulo Costa e Magdalena Romagnolo, que são grandes amigos, músicos e compositores e que tem uma relação grande de belos choros entre outros estilos musicais que já ouvi atualmente.

Infelizmente, o Choro não é uma música tão popular (ou do povo). Ela não é tão tocada ou ouvida na mídia quanto deveria. Ela é divulgada somente em rádios ou programas que procuram mostrar a música instrumental brasileira, que são poucos. Então, esse gênero musical gracioso acaba ficando um tanto restrito às escolas de músicas, teatros ou algum evento específico que procure divulgar música de qualidade.

Quem sabe no dia 23 de abril, dia do nascimento do compositor Pixinguinha – que definiu a forma musical Choro, e, também, Dia Nacional do Choro muitos possam tocar, assistir e relembrar desse nosso precioso gênero musical, que hoje é mais erudito do que popular.

Tempero do Forró

Ricardo Acquaviva Carrano
Pólo de Itapetininga


Forró é uma festa popular brasileira, de origem nordestina, que tem em sua música vários ritmos musicais daquela região, como baião, a quadrilha, o xaxado e o xote, que são tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro, um zabumbeiro e um tocador de triângulo.

Conhecido e praticado em todo o Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de Juazeiro do Norte, Caruaru, Mossoró, e Campina Grande, onde é símbolo da Festa de São João, e nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, São Luís e Teresina onde são promovidas grandes festas.

Luiz Gonzaga foi o principal nome deste estilo, quando gravou em 1949 as músicas “Forró de Mané Vito” e “Forró no Escuro” tornou o forró nacionalmente popular dando origem a este movimento que rapidamente se espalharia por todo o canto do país. Mas não só a música atraiu o público para este estilo, como também a dança. Feita com casal juntinho, estas mostraram que a música brasileira servia não só para apreciação sonora, o arrasta-pé, bate-chinela, fobó e forrobodó são exemplos destas danças feitas ao som do forró. Sua dança tão criativa, cheia de requebros e de giros traduz o estado de espírito alegre e participativo de sua gente, nas suas mais diversas manifestações e nos seus momentos mais festivos, o forró é a celebração da alegria daquele povo que sublima na música todo o sofrimento da seca e da escassez de recursos da sua terra.

O forró se evidenciou nos terreiros das usinas, nas comemorações dos festejos juninos e nos fins de semana, durante o plantio e nos cortes da cana. Já no sertão nordestino, ele se manifestou nos bailes de pé-de-serra e, na maioria das vezes, em casas de família, para comemorar a chegada das chuvas e as boas colheitas. E assim se expandiu, tanto pelas cidades do interior, quanto nas zonas do baixo meretrício, também no litoral, em arraiais improvisados, com os foles ou mesmo sanfonas, de oito a cento e vinte baixos, o zabumba e o triângulo, fazendo o nordestino vadiar no bate-coxa até o dia clarear. Como diz Geraldo Azevedo, grande compositor pernambucano deste estilo o “Forró é o balanço, o amor, o chamego, o suor, é a morena, o tempero do forró”.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Marchinhas de Carnaval

Autor: Maria Virgínia Rietra Marzano
Pólo: São Carlos

A marcha de carnaval

Mais conhecidas como “marchinhas”, este gênero de música popular brasileira fez grande sucesso dos anos 20 aos anos 60 do século passado.

Originária das marchas militares, principalmente portuguesas, as marchinhas, já de início, ironizam a pompa das marchas: estas feitas para marchar, enquanto as outras, no diminutivo, compostas para dançar e brincar.

De compasso binário, com melodias simples e forte apelo popular, as primeiras marchinhas eram mais lentas para que os dançarinos pudessem marchar ao seu ritmo. No entanto, com o passar dos anos, sofreram influências de outros ritmos como o ragtime, a polca e o one-step, o que fez com que seu andamento fosse acelerado.

Um dos fatores mais interessantes das marchinhas são suas letras: irônicas, sensuais, debochadas. Na verdade são verdadeiras crônicas urbanas que tratavam de temas cotidianos, de economia, futebol e política, principalmente da cidade do Rio de Janeiro, na época capital federal e principal centro cultural do país.

Importante ressaltar que era lá, no Rio de Janeiro, que se encontravam as emissoras de rádio, as gravadoras e também os estúdios cinematográficos da Atlântida. No início dos anos 30, o custo de produção dos discos, os LPs, era muito baixo e, como a difusão das gravações era gratuita, foi possível a divulgação das marchinhas por todo o país. Outro fator importante para a divulgação das marchinhas, além do rádio, eram os bailes de salão e o carnaval de rua.

A primeira marchinha, composta exclusivamente para animar o carnaval, foi a marcha “Ó Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, em 1899, para o cordão Rosa de Ouro. Muitas marchinhas vieram depois, consagrando intérpretes como Carmem Miranda, Mário Reis, Dalva Oliveira, Almirante, Emilinha Borba, Sílvio Caldas, Jorge Vieira e Black-Out. Entre os compositores que se destacaram e são, até hoje, lembrados e cantados podemos citar José Luís Rodrigues Calazans, Vicente Paiva, Braguinha (ou João de Barro), Alberto Ribeiro, Joubert de Carvalho, Lamartine Babo, Oldemar Magalhães, Luís Antônio, Noel Rosa, Ary Barroso, Sinhô e João Roberto Kelly.

Alguns sucessos, que permaneceram na memória dos brasileiros e se tornaram sinônimos do carnaval foram: “Mamãe eu Quero Mamar” e “Chiquita Bacana”. Carmem Miranda estourou nas paradas com a música “Taí” de Joubert de Carvalho em 1930. Podemos lembrar de “Linda Morena”, composta em 1932, por Lamartine Babo; “Oh! Jardineira” de Benedito Lacerda e Humberto Porto de 1938; “Allah-la-ô”, de Haroldo Lobo e Nássara, composta em 1940; “Sassaricando”, de 1951, de Magalhães, Luís Antônio e Zé Mário; “Tem gato na Tuba” de João de Barro e Alberto Ribeiro composta em 1947.

Infelizmente, a partir dos anos 60, as gravadoras pararam de investir neste gênero musical. As marchinhas perderam o apoio da indústria fonográfica e dos meios de comunicação. As escolas de samba ganharam destaque e assistiu-se a aparição de um novo gênero musical: os sambas-enredo.

Nos dias de hoje as marchinhas continuam a animar os bailes de salão e a alegrar aqueles que têm a oportunidade de conhecê-las com seu ritmo alegre e suas letras irreverentes.


Referências Bibliográficas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marchinha de Carnaval http://educacao.uol.com.br/atualidades/ult1685u282.jhtm http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaImprimir.cfm?coluna id=4157 http://www.imonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,5252 http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080610113413AAacQa0

Jazz - um convite à criatividade

Nome do autor: Valmir Rogério Nunes da Silva RA 333620
Pólo de São Carlos


Com o aglutinamento de algumas características de estilos como o Spiritual, o Blues, a Marcha e o Ragtime surgiu o Jazz, como música negra de origem africana, mas que com o tempo conquistou o público e os músicos brancos da época.

Segundo historiadores, a improvisação, característica fundamental do Jazz, surgiu ainda no século XIX com a habilidade de artistas como o trompetista Buddy Bolden que, com medo de ser plagiado não quis registrar nenhuma de suas canções e tinha certa sociofobia.

Não podemos esquecer que a improvisação já ocorria muito antes do surgimento do Jazz e como exemplo, podemos citar artistas do período barroco como Bach.

O Jazz encontrou na cidade de New Orleans o berço para o seu desenvolvimento, e foi na figura de Louis Armstrong que o estilo ganhou força e qualidade. Louis Armstrong, um trompetista virtuose dotado de uma força criativa fenomenal pode ser considerado um dos ícones do estilo e até hoje influencia e é estudado por vários músicos. Uma demonstração de sua veia criativa foi quando, em uma noite, era sua vez de improvisar e, ao reparar que estava sem o seu trompete, realizou um improviso vocal, criando assim o que depois ficou conhecido como Scat Vocal, que foi muito difundido por cantores desse estilo.

Nos anos 30 o Jazz era considerado uma música popular apreciada e dançada pela maioria do público tanto que o período ficou conhecido como a Era do Swing, devido principalmente à ascensão das Big Bands, que faziam uma música muito voltada à Dança. Desta fase podemos destacar importantes Big Bands, como as dos clarinetistas brancos Benny Goodman, Artie Shaw e Jimmy Dorsey, os trombonistas brancos Glenn Miller e Tommy Dorsey, o trompetista branco Harry James, o pianista negro Count Basie, o vibrafonista negro Lionel Hampton, o baterista branco Gene Krupa e o inclassificável pianista, compositor e arranjador “negro” Duke Ellington que se tornaria um dos mais importantes nomes do Jazz de todos os tempos.

Como na maioria das artes, o Jazz sofreu mudanças radicais no pós-guerra, principalmente pelo aparecimento de um grupo de músicos inconformados com as simples harmonias e improvisos da Era do Swing. Surgiu assim o Be Bop, no qual podemos destacar a presença de nomes como Dizzy Gillespie, Kenny Clark, Thelonius Monk, Miles Davis e principalmente o saxofonista Charlie Parker, que até hoje influencia através de suas harmonias, acentuações e ritmos surpreendentemente inesperados, muitos saxofonistas e todos os improvisadores em geral.

Charlie Parker foi quem abriu campo para a audácia no Jazz, e muitos músicos Pós Parker experimentaram e reinventaram outras ramificações no estilo. Artistas como Ornette Coleman, Eric Dolphy, Cecil Taylor e outros apareceram com a forma mais livre e arbitrária de fazer música que ficou conhecida como Free Jazz.

No meio do alvoroço dos estilos Pós Be Bop surgiu a imagem do Saxofonista Tenor John Coltrane, que talvez seja o músico que mais influenciou e influencia uma legião de músicos e que transcende a qualquer estilo. É muito comum ver músicos de estilos diversos como o Rock, por exemplo, estudando e vangloriando a figura de John Coltrane.

Na história do Jazz podemos citar algumas fusões com outros estilos como, por exemplo, Música Clássica e Jazz = Third Stream, Rock e Jazz = Fusion, Bossa e Jazz = Bossa Jazz. Este último foi divulgado principalmente pelo saxofonista Stan Getz, que realizou gravações dos principais compositores de Bossa Nova brasileiros, dentre eles, principalmente as de Antônio Carlos Jobim, que fazia muito sucesso nos Estados Unidos nos anos 60.

O Jazz passou por tempos ruins e sua popularidade diminuiu muito, devido principalmente ao advento do já citado Be Bop, que era considerado um estilo feito por músicos virtuoses e, talvez por sua complexidade, somente para músicos apreciarem. O Be Bop recebeu críticas duras de nomes importantes como Louis Armstrong, que o considerava uma música exibicionista com um emaranhado de notas. O outro motivo que desencadeou a queda da popularidade do Jazz foi o surgimento do Rock, que era uma música de mais fácil acesso ao público leigo, e aos músicos que não eram dotados de talentos para tocar Jazz. Há quem afirme que o Rock surgiu da frustração de músicos que não conseguiam executar o Jazz.

Mas o Jazz, que foi considerada a única arte genuinamente americana e que carrega a improvisação e a criatividade como um dos seus fatores indispensáveis atravessou e atravessará gerações, pois se um músico pensa hoje em criatividade e em composição, mas não da forma ortodoxa e sim uma composição instantânea, ele tem que recorrer ao estilo chamado Jazz, que é a música dos Músicos.

Rock Brasileiro

Carla C. G. A. Adauto
Pólo de São Carlos


O rock’n’roll surgiu nos Estados Unidos da América entre 1950 e 1960 trazido pelos escravos negros que vieram trabalhar nas lavouras de algodão. O ritmo do rock misturou vários gêneros musicais populares espalhando-se rapidamente pelo resto do mundo.

Entre 1960 e 1970 o rock desenvolveu diferentes subgêneros, entre eles: Rock Britânico, Garage Rock, Surf Rock, Folk Rock, Rock Psicodélico, Rock Progressivo entre outros.
No Brasil o movimento do rock ganhou destaque com a cantora Celly Campello, por meio das canções: “Estúpido Cupido e Banho de Lua” e com o grupo da Jovem Guarda cujas músicas eram inspiradas no ritmo norte americano misturado com as melodias românticas.

Nas décadas seguintes outros nomes se destacaram: o Grupo Mutantes, Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados que ganharam reconhecimento também no exterior.

A partir de 1980 o rock nacional ganhou uma temática mais urbana e foram destaques desta época: RPM, Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Blitz, Paralamas do Sucesso entre outros e, em destaque o grupo Sepultura que se torna um dos principais nomes do heavy metal no Brasil e faz sucesso também no exterior.

Em 1985 o empresário carioca Roberto Medina realiza o primeiro Festival de Música unindo bandas e cantores nacionais e internacionais: o Rock in Rio que contou com um público de 1,5milhão de pessoas na cidade de Rio de Janeiro em sua primeira edição.

Entre os músicos e bandas brasileiras que participaram dos eventos estão: a Banda Blitz, Paralamas do Sucesso, Rita Lee, Pepeu Gomes e Baby Consuelo, Barão Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Titãs, Capital Inicial, Sepultura, Nenhum de nós, Ira, Fernanda Abreu, entre outros músicos de renome nacional e internacional.

Na década de 1990, fazem sucesso no cenário do rock nacional: Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu, Skank entre outros.

Apesar das dificuldades como a falta de espaço para divulgação nos meios de comunicação, falta de livros que tratem do assunto e falta de incentivo para formação de novas bandas, elas continuam aparecendo na cultura brasileira.

Novos grupos de rock vêm se destacando no mercado atual: NXZero, Detonautas, CPM22 e novos trabalhos musicais de grupos e cantores que marcaram época com seus novos sucessos: Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Tihuana entre outros permanecem no cenário nacional com o apoio dos fãs e da mídia especializada.

Estilo Musical: Rock Nacional

Carla Cristina
Pólo de São Carlos


O rock’n’roll surgiu nos Estados Unidos da América entre 1950 e 1960 trazido pelos escravos negros que vieram trabalhar nas lavouras de algodão. O ritmo do rock misturou vários gêneros musicais populares espalhando-se rapidamente pelo resto do mundo.

Entre 1960 e 1970 o rock desenvolveu diferentes subgêneros, entre eles: Rock Britânico, Garage Rock, Surf Rock, Folk Rock, Rock Psicodélico, Rock Progressivo entre outros.

No Brasil o movimento do rock ganhou destaque com a cantora Celly Campello, por meio das canções: “Estúpido Cupido e Banho de Lua” e com o grupo da Jovem Guarda cujas músicas eram inspiradas no ritmo norte americano misturado com as melodias românticas.

Nas décadas seguintes outros nomes se destacaram: o Grupo Mutantes, Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados que ganharam reconhecimento também no exterior.

A partir de 1980 o rock nacional ganhou uma temática mais urbana e foram destaques desta época: RPM, Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Blitz, Paralamas do Sucesso entre outros e, em destaque o grupo Sepultura que se torna um dos principais nomes do heavy metal no Brasil e faz sucesso também no exterior.

Em 1985 o empresário carioca Roberto Medina realiza o primeiro Festival de Música unindo bandas e cantores nacionais e internacionais: o Rock in Rio que contou com um público de 1,5milhão de pessoas na cidade de Rio de Janeiro em sua primeira edição.

Entre os músicos e bandas brasileiras que participaram dos eventos estão: a Banda Blitz, Paralamas do Sucesso, Rita Lee, Pepeu Gomes e Baby Consuelo, Barão Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Titãs, Capital Inicial, Sepultura, Nenhum de nós, Ira, Fernanda Abreu, entre outros músicos de renome nacional e internacional.

Na década de 1990, fazem sucesso no cenário do rock nacional: Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu, Skank entre outros.

Apesar das dificuldades como a falta de espaço para divulgação nos meios de comunicação, falta de livros que tratem do assunto e falta de incentivo para formação de novas bandas, elas continuam aparecendo na cultura brasileira.

Novos grupos de rock vêm se destacando no mercado atual: NXZero, Detonautas, CPM22 e novos trabalhos musicais de grupos e cantores que marcaram época com seus novos sucessos: Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Tihuana entre outros permanecem no cenário nacional com o apoio dos fãs e da mídia especializada.

Referências

http://www.edukbr.com.br/artemanhas/rock.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_in_Rio
http://www.suapesquisa.com/rock/
http://maxmusic.sites.uol.com.br/metal/hisrock.htm