domingo, 30 de agosto de 2009

Ouça nossas músicas!!!

Se quiser ouvir as musicalizações de haikais de Alice Ruiz realizadas pelos alunos na disciplina de Língua Portuguesa, visite as seguintes páginas do myspace:

terça-feira, 12 de maio de 2009

Gonzagão - O Rei do Baião

Tiane Tessaroto
Pólo de Osasco

O Baião é um ritmo musical brasileiro nascido no nordeste. É um ritmo de dança, originário do lundu (dança brasileira criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos da África, da cultura européia e indígena), com influências da viola caipira e do canto nordestino. Segundo especialistas ele teria nascido de um jeito diferente de violeiros da zona rural nordestina tocar o lundu.

Na década de 40 o ritmo foi consolidado e divulgado por todo o território brasileiro através da figura de Luiz Gonzaga, considerado o “Rei do Baião”. Se o baião já existia antes de Gonzaga, com certeza não era o baião que este eternizou. O que se fazia antes dele era como uma espécie de prenúncio do gênero musical, um ingrediente que foi muito bem utilizado por este gênio da música popular brasileira. Isso fica bem claro no trecho da entrevista feita em 1972, onde Luiz afirma: “Quando toquei o baião para ele (referia-se a Humberto Teixeira, seu grande parceiro musical) saiu a idéia de um novo gênero.

Mas o baião já existia como coisa de folclore. Eu o tirei do bojo da viola do cantador, quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá aquela batida, aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. Uns dizem que vem do baiano outros que vem de baía grande. O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Era uma coisa que falava: Dá um baião ai... Tinha só o tempero, que era prelúdio da cantoria. É aquilo que o cantador faz, quando começa a pontilhar a viola, esperando a inspiração.”

O mercado musical estava saturado de boleros e samba-canções e no ano de 1946 a música “Baião”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira surge no cenário musical dando um sopro de renovação. A canção já chegou apresentando o baião à sociedade através da sua letra, descrevendo o novo ritmo e convidando todos à dançar. “Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção." e "(...) o baião tem um quê / Que as outras dancas não têm".

O gênero logo conquistou o gosto popular e passou a freqüentar os salões de bailes de todo o território nacional, além do nordestino onde já estava enraizado a um bom tempo.
Desde então os baiões de Luiz Gonzaga emplacaram muitos sucessos e estavam entre a preferência popular. A partir dos anos 50 começou a ser gravado também por outros artistas como Carmem Miranda, Emilinha Borba, Jamelão, Carmélia Alves, Claudete Soares, Luiz Vieira e tantos outros que ajudaram a divulgar o ritmo para além das fronteiras brasileiras.

Na década de 60 o baião passou por um período de esquecimento e sua produção artística diminuiu muito. Nos anos 70 reacendeu a chama com novos nomes como João do Vale, Quinteto Violado e Dominguinhos, este último é hoje um dos maiores nomes do gênero em plena atividade. Dominguinhos talvez seja o segundo melhor tocador de sanfona dentro deste estilo musical, pois o primeiro lugar já está ocupado pelo grande mestre Gonzagão, que cantou como ninguém o nordeste brasileiro em suas canções. Através do baião a vida nordestina foi um pouco mais conhecida, na sua simplicidade, no olhar do viajante, do retirante da seca, da festividade nordestina e da cumplicidade de companheiros de jornada.

O ritmo ainda ultrapassou as barreiras do gênero e influenciou o tropicalismo de Gilberto Gil e o rock brasileiro de Raul Seixas, que criou o verdadeiro rock brasileiro ao misturar o rock americano com o baião brasileiro.

Bossa Nova

Paulo Roberto Hardt Junior
Pólo de Osasco

Bossa Nova

O movimento surgiu na década de 50 como uma forma de renovação do ritmo, melodia e harmonia a partir do samba e dos ritmos brasileiros que já existiam, mas também foi associado ao crescimento urbano brasileiro, estimulado pela fase de desenvolvimento da presidência de Juscelino Kubitschek. Os sambas improvisados, como o samba de breque e também a influência da música norte americana, o jazz, contribuíram sem dúvida para a formação de um dos maiores gêneros musical brasileiro.

Na verdade o movimento começou graças a encontros casuais entre músicos cariocas que se reuniam para ouvir e fazer música. Um dos pontos de encontro era o apartamento de Nara Leão em Copacabana. A partir de 1957, esses encontros começaram a ficar mais freqüentes e dentre os participantes estavam os novos compositores da música brasileira, como Billy Blanco, Roberto Menescal e Sergio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando e logo já existiam vários músicos ocupando vários lugares da cidade do Rio de Janeiro. Entre esses lugares estavam vários bares e também faculdades.

A bossa nova teve então o seu inicio oficial no final de 1957, com o lançamento do compacto simples do violonista João Gilberto, que na época era considerado um dos mestres do movimento, contendo as canções Chega de Saudades de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e Bim Bom, uma música do próprio compositor. A partir daí, João gravou o primeiro LP em 1959 com vários sucessos de artistas brasileiros e estrangeiros. A bossa nova, a partir daí, já era realidade.

As músicas que foram surgindo, a partir desse movimento, eram marcadas por um ritmo bem sincopado e com acordes dissonantes, que na época era característica do jazz norte-americano.

Por outro lado, uma outra característica das músicas era a letra, que contrastando com os sucessos da época, abordavam temáticas mais brandas. Um exemplo disso é Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça. Segundo o maestro Julio Medaglia, o canto era falado ou então era cantado bem baixinho, não valorizando a voz, mas sim o que se dizia, geralmente num tom bem coloquial.

Uma das parcerias de maior destaque do movimento foi a de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Juntos, eles compuseram várias canções com projeção nacional e internacional. Um exemplo disso é Garota de Ipanema, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Essa canção foi gravada por vários artistas internacionais como, Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, entre outros.

Com o passar dos anos, a bossa nova que a princípio era considerada música de elite, tornou-se cada vez mais popular com o público brasileiro e definitivamente consagrou-se mundialmente como um estilo musical brasileiro a partir de um concerto histórico realizado no Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1962, com a participação de vários artistas brasileiros, entre eles, Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfa, Carlos Lyra, Sergio Mendes, Roberto Menescal, Chico Feitosa, Normando Santos, Milton Banana, Sergio Ricardo, além de alguns outros que não tinham muita relação com a bossa nova, mas que também quiseram participar.

Com a popularização da bossa nova, começaram a aparecer algumas controvérsias entre artistas quanto ao seu estilo e as suas influências, que na verdade não eram puramente brasileiras. Estimulado por um grupo de músicos formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime iniciou-se um movimento popular nacionalista que fez duras críticas a bossa nova, principalmente por ter influências do jazz norte-americano. Alguns artistas-chaves que eram da bossa nova aderiram a esse novo movimento e promoveram parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e também com artistas de alguns ritmos nordestinos como o de João do Vale. Foi gravado então, em 1966, o LP Os Afro-Sambas, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, que poderia se considerar como um marco para a segunda geração da bossa nova.

Na verdade essa nova geração de músicas traria o fim do movimento bossa nova. O marco se deu com o lançamento da música Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, em 1965, que foi cantada por Elis Regina no Festival de Música Popular Brasileira, realizada no Guarujá no mesmo ano do lançamento da música. O fim da bossa nova deu início a um novo estilo musical chamado MPB que abarcou várias tendências de música popular brasileira até o início da década de 80.

Referência

A MPB e a nossa história

Antonio Eduardo Lourenço
Pólo de Jales

A MPB e a nossa história

MPB, Música Popular Brasileira. Refletir sobre ela é um exercício de grandes questionamentos. Por exemplo: O que é e como se define MPB? Existem músicas feitas no Brasil por brasileiros que não podem ser consideradas MPB? Com tantas influências que nossa música sofreu de outras culturas, seria possível realmente classificar a verdadeira MPB? Poderíamos aqui levantar muitas outras questões, mas se essas já forem respondidas creio que teremos um bom parâmetro para as desejadas conclusões.

Mais radicalmente, poderíamos dizer que a verdadeira MPB é a produzida pelos índios, mas se pensarmos que somos fruto de grandes miscigenações, inclusive com os índios originais da terra, e levarmos em consideração que a identidade de um povo se constrói dia-a-dia em um processo ininterrupto, passaremos a acreditar que a MPB ainda está em construção também. Por outro lado, será que não estaríamos chamando “música do Brasil” (Baião, Bossa Nova, o Chorinho, o Frevo , o Samba, o Samba-rock, o Forró e etc.) de MPB?

Pois bem, segundo historiadores, a MPB surgiu exatamente em um momento de declínio da Bossa Nova. Uma canção que marca o fim da Bossa Nova e o início daquilo que se passaria a chamar de MPB é Arrastão, de Vinícius de Moraes (um dos percursores da Bossa) e Edu Lobo (músico novato que fazia parte de uma onda de renovação do movimento, marcada notadamente por um nacionalismo e uma reaproximação com o samba tradicional, como de Cartola). A partir dali, difundiriam-se artistas novatos, filhos da Bossa Nova, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda, que apareciam com freqüência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova.Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, (São Paulo em 1966), Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da Bossa para MPB. Era o início do que se rotularia como MPB, um gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira durante as décadas seguintes. A MPB começou com um perfil marcadamente nacionalista, mas foi mudando e incorporando elementos de procedências várias, até pela pouca resistência, por parte dos músicos, em misturar gêneros musicais. Esta diversidade é até saudada e uma das marcas deste gênero musical. Pela própria hibridez é difícil defini-la.

Por meio dos grandes festivais a MPB conquistou as camadas mais humildes da população, e como essa camada é apaixonada, as letras passaram a falar direto ao coração e aos anceios de um povo hora sofrido, hora esperançoso e hora enamorado. Quantas serenatas debaixo das janelas das pretenças namoras tiveram na MPB sua voz principal (e como isso dava certo), quantos finais de festas (depois de muito Rock-Pop-Balanço) foi coroado por violões e vozes entoando o melhor da MPB, não que sejamos saudosistas, mas até hoje ela ainda faz a diferença entre as “coisas” que ouvimos por ai.

Por falar em ouvir, certa vez, em uma entrevista um crítico e estudioso de música (que no momento não recordo o nome) disse que não existe Rock brasileiro, que o Rock é só o produzido nos EUA, e o que se produz no Brasil é apenas um estilo de MPB e não Rock. Já quem o produz não o considera MPB. Queria ver ele dizer isso pra Rita Lee e pro Raul Seixas. Pois bem, se o que chamamos de “Rock nacional” não passa de MPB poderíamos dizer que tudo que é musicalmente produzido no Brasil é MPB.

Classificar certas “coisas” como MPB (por mais hibrida que ela seja), não é atividade das mais agradáveis. O sertanejo moderno de São Paulo e Goiás, por exemplo, que iniciou sua caminhada com o nome de Country Music e só depois se adequou comercialmente ao nome de “sertanejo romântico”, eles se autodenominaram como “não MPB” e assim como este estilo o “Funk” carioca e outros mais que vão surgindo como frutos da “criatividade” do povo brasileiro estão se incorporando ao nosso viver musical sem serem, por mais populares que sejam, considerados Música Popular Brasileira.

A cidade de Ilha Solteira localizada aqui na região noroeste paulista vem insistindo no seu ideal de manter a MPB viva, para isso já realizou 34 desses festivais ano a ano sem parar. Um bom exemplo a ser seguido é o da Universidade de Passo Fundo – MG que é uma instituição comunitária e filantrópica que, desde o início da sua história mostra-se consciente da responsabilidade das universidades como agentes difusores de cultura, a Universidade de Passo Fundo realiza o Festival MPB-UPF possibilitando que artistas apresentem seus trabalhos, valorizando a cultura brasileira.

Música Universal - música livre

Michel Vicentine Martins
Pólo de Osasco - SP

Uma música que aos ouvidos comuns pode ferir um senso estético, gerando certo desconforto pela quantidade e extremidade de cores, texturas e contrastes. Um universo de possibilidades harmônicas, rítmicas e melódicas. Possibilidades de criação e recriação infinitas geradas por um senso comum: As possibilidades universais de criação e escuta musical.

“A arte, por princípio, não pode ter barreiras”, disse sabiamente o compositor Gilberto Gil descrevendo a qualidade avançada de fazer Música Universal. A palavra Universal significa, o que está ligado a todas as coisas. Assim a música universal não possui limites: as poli-harmonias, poli-ritmias enriquecidas por combinações timbrísticas que sem preconceitos englobam todos os estilos, valoriza elementos da tradição musical popular brasileira e, ao mesmo tempo, ultrapassa a barreira entre a música erudita e a popular justapondo traços da música regional de todo o mundo, refletindo com isso sua universalidade.

Criada por Hermeto Pascoal, a Música Universal é um termo encontrado para descrever uma qualidade musical que rompe a barreira entre a música popular e a erudita. A música segundo Hermeto é uma ferramenta para comunhão e não para divisão, em um de seus relatos sobre uma possível definição sobre sua música, ele trava um contraste de idéias: “Eu não sei o que sou, mas, sei que sou. Não sei o que é a minha música, mas, sei que é música”.

Hermeto Pascoal é um nome cujas referências para o grande público brasileiro ainda são mais que escassas, apesar de merecer citação em todas as grandes academias de música do mundo inteiro. É bem verdade que sua música não é acessível a todo ouvido, porém, em contra partida, sua simpatia e espontaneidade não tem limites, assim como a sua música.

Hermeto Pascoal nasceu na cidade de Lagoa da Canoa em 22 de junho de 1936. Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de gerimum (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas tocando com a água. O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o acordeão de 8 baixos de seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais.

Hermeto veio para esse mundo pra mostrar que música é assim, universal, solta de qualquer estilo ou denominações. Morou em vários lugares do mundo, desde Recife, São Paulo e Estados Unidos onde pode mostrar a música regional brasileira, mas numa pegada de um jazz alucinante. Hermeto Pascoal sempre esteve ligado ao som puro, àquele que se faz com instrumentos que a própria natureza oferece. Seja um pífaro, feito pelo próprio galho de abóbora ou tocando em uma vitória régia no meio do Amazonas. Seus sons são assim, cantos de pássaros, coaxar de sapos em um brejo, música com garrafas cheias de água e o corpo humano, todo o corpo musical, todas as partes que saem sons. E nas partes que não saem, o Hermeto tira algum batuque de lá. Hermeto é assim: para uns, um doido, mas para outros um gênio.

O espírito da música popular brasileira

Marinês Mendes
Pólo de Osasco-SP

Com licença, leitor, meditemos sobre a Música Popular Brasileira que, a partir da década de 60 encontrou seu lugar na sociedade enquanto objeto de estudo estético. Nada de dizer MPB é um rótulo. MPB é uma concepção que envolve três participantes: autor, obra e público e dialoga o tempo todo com a tradição e com o futuro. É mediada pela indústria fonográfica, pelos meios de comunicação de massa e agora, pelas novas tecnologias de divulgação (MP3, My Space, Ipods, MIDIs) e se constituem em fatores que se engajam na circulação da MPB hoje, dado o tamanho e a complexidade desse país de nome Brasil.

Isto posto, meditemos sobre as diversas matrizes deste gênero que nos identifica no mundo: o batuque, os ranchos de onde saíram o maracatu e o samba de avenida, o samba de roda do recôncavo, as canções praieiras e de trabalho, as canções de tradição oral e das culturas indígenas e a música de salão que confluem para essa sonoridade permeada de diálogos e provocações com as informações musicais vindas de todo os cantos do mundo, um belo exemplo, a Bossa Nova, em diálogo com a América.

Outro exemplo? O encontro do barroco mineiro com o rock, em “Clube da Esquina”, As releituras dos clássicos de Noel Rosa, as novas gerações de cantoras buscando na tradição material para seu diálogo com o mundo, atualizado por meio dos samplers, de interpretações mais casuais, em tom de conversa. Ou experimentações à Chico Science ou o aprofundamento do canto-falado nas pesquisas dos semioticistas da canção. Podemos meditar também sobre a influência dos contemporâneos sobre seus contemporâneos, por exemplo, de Lenine sobre novas gerações de compositores, de Gal sobre Marisa Monte e de Marisa Monte sobre a nova geração de cantoras.

Meditemos na multiplicidade de temas compostos sob os mais diversos recursos de linguagem, de personagens do cenário brasileiro e motivos melódicos, rítmicos que compõem nossa paisagem musical. Não é à toa que “se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção, está provado que só é possível filosofar em alemão1”, ou seja a MPB ocupa um lugar ímpar na sociedade brasileira e esse lugar é ativo.

A MPB comunica o que deve ser feito (“como é que faz pra lavar a roupa? vai na fonte, vai na fonte2”), apresenta suas condições (“eu só boto bebop no meu samba quando Tio Sam tocar o tamborim3”), profetiza (“vai resplandecer, uma chuva de prata do céu vai descer4”), manda avisar (“avisa lá que eu vou chegar mais tarde, vou- me juntar ao Olodum que é da alegria5), ensina (“eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião”6), ironiza (“eu fui pra Limoeiro e encontrei o Paul Simon lá, tentando se proclamar gerente do mafuá7”), expressa o que vêm da periferia (“Minha vida não tem tanto valor quanto seu celular, seu computador8”), noticia (“Tá lá o corpo estendido no chão9”), namora (“Tudo de bom que você me fizer, faz minha rima ficar mais rara10”), diz (“diga lá, meu coração11”) e não diz (“eu não sei dizer nada por dizer12”), constata (“quem vem pra beira do mar, nunca mais quer voltar13”), transcende (“alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber14”).

E isso, a MPB faz sob ritmos e movimentos diversos: samba, pop, baião, mangue-beat, rap, bossa nova, tropicália e o faz também a partir do uso de recursos poéticos ora calcados na oralidade como em Adoniran Barbosa ora calcados na erudição como em Chico Buarque e Aldir Blanc (eruditos mas sem perder o compromisso com os temas populares), ora inventivos e sintonizados com a vanguarda como é o caso de Caetano, ora comprometidos com a cena urbana, que encontramos nas canções de Itamar Assumpção. Meditemos então, caro leitor, sobre o papel da MPB sem medo de dizer MPB porque é o espírito desta nação.

Justificativa: Há muito mais gente pensando MPB há mais tempo e com maior consistência e cientificidade do que eu. O que fiz aqui foi declarar-me seguidora desses mestres. Este texto foi realizado a partir das reflexões feitas em cursos e seminários recentes sobre canção que tenho realizado ao longo de meu envolvimento com música, na ULM, na FFLCH/USP e na UFSCAR. Uma das leituras que indico é o livro “O Charme dessa nação: música popular, discurso e sociedade brasileira, organizado por Nelson Barros da Costa, da Expressão Gráfica e Editora/Fortaleza-CE, 2007”, minha mais recente leitura sobre MPB. Os versos que citei foram extraídos das seguintes canções:

1. Língua, Caetano Veloso; 2. A ponte, Lenine e Lula Queiroga; 3.Chiclete com Banana, Gordurinha e Almira Castilho; 4. As forças da natureza, Paulo César Pinheiro e João Nogueira; 5. Nossa Gente (Avisa lá), Roque Carvalho; 6. Baião, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; 7. Baião de Lacan, Guinga e Aldir Blanc; 8. Diário de um detento, Mano Brown e Jocenir; 9. De frente pro crime, João Bosco e Aldir Blanc; 10. Sorte, Celso Fonseca e Ronaldo Bastos; 11. Diga lá, coração, Gonzaguinha; 12. Fala, Luli e Lucina; 13. Quem vem pra beira do mar, Dorival Caymmi; 14.Ãnima, Zé Renato.

sábado, 9 de maio de 2009

Bossa Nova

Nome do autor: Kátia Aparecida Ferreira de Almeida
Pólo de São Carlos

A bossa nova é um movimento da música popular brasileira que surgiu por meio de manifestações no final da década de 1950, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados se reuniam para unir e misturar os ritmos e influências musicais fortes da época como o jazz americano, a música erudita e os ritmos brasileiros. Anos depois, a bossa nova se tornaria um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo.

De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época. O termo “bossa” era utilizado para designar os sambas que havia uma parada repentina na música. A incorporação do termo "nova" a "bossa" é atribuída ao jornalista Sérgio Porto, conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Segundo ele, um engraxate, ao olhar seus sapatos sem cadarço, disse: “Bossa nova, hein, chefe?”. A partir de então, ele passou a utilizar a expressão em seus textos.

A Bossa Nova recebeu influência de diversos aspectos da linguagem do jazz, especialmente do be-bop (de concepção mais elaborada do que o jazz tradicional) e do cool jazz (cujos intérpretes eram músicos que tinham conhecimento técnico apurado). Também tem a influência do impressionismo erudito como deDebussy e Ravel.

Além disso, havia um inconformismo com o formato musical de época. Um exemplo disso é os cantoresDick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista em oposição a cantores que apresentavam grande potência sonora. A reunião de grandes instrumentistas e compositores que tinham a capacidade juvenil de inovar, surgiu esse “samba diferente”.

Ao se falar de Bossa Nova não se pode deixar de citar Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Teiles, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros.

Com o passar dos anos, a bossa nova que no Brasil era inicialmente considerada música de "elite" (para pessoas cultas), tornou-se cada vez mais popular para o público brasileiro. Em 1962, foi realizado um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, consagrando mundialmente o estilo musical.

Passado meio século, consagrada internacionalmente, tendo superado todas as discussões entre apreciadores entusiasmados e críticos ferozes, a Bossa Nova conquistou a sua identidade, e hoje pode ser considerada um símbolo nacional brasileiro. “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinícius, e “Wave”, de Tom Jobim, estão entre as músicas mais gravadas em todo o mundo. A música brasileira deixou de ser uma curiosidade exótica e passou a integrar o repertório dos músicos e dos ouvintes mais sofisticadas no mundo inteiro.

Referências

http://www.geocities.com/SunsetStrip/Palms/2102/bossap1.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bossa_nova
http://www.dianagoulart.pro.br/english/artigos/bossa.htmhttp://www.jorwiki.usp.br/linmat07/index.php/Bossa_Nova