terça-feira, 12 de maio de 2009

Gonzagão - O Rei do Baião

Tiane Tessaroto
Pólo de Osasco

O Baião é um ritmo musical brasileiro nascido no nordeste. É um ritmo de dança, originário do lundu (dança brasileira criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos da África, da cultura européia e indígena), com influências da viola caipira e do canto nordestino. Segundo especialistas ele teria nascido de um jeito diferente de violeiros da zona rural nordestina tocar o lundu.

Na década de 40 o ritmo foi consolidado e divulgado por todo o território brasileiro através da figura de Luiz Gonzaga, considerado o “Rei do Baião”. Se o baião já existia antes de Gonzaga, com certeza não era o baião que este eternizou. O que se fazia antes dele era como uma espécie de prenúncio do gênero musical, um ingrediente que foi muito bem utilizado por este gênio da música popular brasileira. Isso fica bem claro no trecho da entrevista feita em 1972, onde Luiz afirma: “Quando toquei o baião para ele (referia-se a Humberto Teixeira, seu grande parceiro musical) saiu a idéia de um novo gênero.

Mas o baião já existia como coisa de folclore. Eu o tirei do bojo da viola do cantador, quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá aquela batida, aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. Uns dizem que vem do baiano outros que vem de baía grande. O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Era uma coisa que falava: Dá um baião ai... Tinha só o tempero, que era prelúdio da cantoria. É aquilo que o cantador faz, quando começa a pontilhar a viola, esperando a inspiração.”

O mercado musical estava saturado de boleros e samba-canções e no ano de 1946 a música “Baião”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira surge no cenário musical dando um sopro de renovação. A canção já chegou apresentando o baião à sociedade através da sua letra, descrevendo o novo ritmo e convidando todos à dançar. “Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção." e "(...) o baião tem um quê / Que as outras dancas não têm".

O gênero logo conquistou o gosto popular e passou a freqüentar os salões de bailes de todo o território nacional, além do nordestino onde já estava enraizado a um bom tempo.
Desde então os baiões de Luiz Gonzaga emplacaram muitos sucessos e estavam entre a preferência popular. A partir dos anos 50 começou a ser gravado também por outros artistas como Carmem Miranda, Emilinha Borba, Jamelão, Carmélia Alves, Claudete Soares, Luiz Vieira e tantos outros que ajudaram a divulgar o ritmo para além das fronteiras brasileiras.

Na década de 60 o baião passou por um período de esquecimento e sua produção artística diminuiu muito. Nos anos 70 reacendeu a chama com novos nomes como João do Vale, Quinteto Violado e Dominguinhos, este último é hoje um dos maiores nomes do gênero em plena atividade. Dominguinhos talvez seja o segundo melhor tocador de sanfona dentro deste estilo musical, pois o primeiro lugar já está ocupado pelo grande mestre Gonzagão, que cantou como ninguém o nordeste brasileiro em suas canções. Através do baião a vida nordestina foi um pouco mais conhecida, na sua simplicidade, no olhar do viajante, do retirante da seca, da festividade nordestina e da cumplicidade de companheiros de jornada.

O ritmo ainda ultrapassou as barreiras do gênero e influenciou o tropicalismo de Gilberto Gil e o rock brasileiro de Raul Seixas, que criou o verdadeiro rock brasileiro ao misturar o rock americano com o baião brasileiro.

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