terça-feira, 12 de maio de 2009

Música Universal - música livre

Michel Vicentine Martins
Pólo de Osasco - SP

Uma música que aos ouvidos comuns pode ferir um senso estético, gerando certo desconforto pela quantidade e extremidade de cores, texturas e contrastes. Um universo de possibilidades harmônicas, rítmicas e melódicas. Possibilidades de criação e recriação infinitas geradas por um senso comum: As possibilidades universais de criação e escuta musical.

“A arte, por princípio, não pode ter barreiras”, disse sabiamente o compositor Gilberto Gil descrevendo a qualidade avançada de fazer Música Universal. A palavra Universal significa, o que está ligado a todas as coisas. Assim a música universal não possui limites: as poli-harmonias, poli-ritmias enriquecidas por combinações timbrísticas que sem preconceitos englobam todos os estilos, valoriza elementos da tradição musical popular brasileira e, ao mesmo tempo, ultrapassa a barreira entre a música erudita e a popular justapondo traços da música regional de todo o mundo, refletindo com isso sua universalidade.

Criada por Hermeto Pascoal, a Música Universal é um termo encontrado para descrever uma qualidade musical que rompe a barreira entre a música popular e a erudita. A música segundo Hermeto é uma ferramenta para comunhão e não para divisão, em um de seus relatos sobre uma possível definição sobre sua música, ele trava um contraste de idéias: “Eu não sei o que sou, mas, sei que sou. Não sei o que é a minha música, mas, sei que é música”.

Hermeto Pascoal é um nome cujas referências para o grande público brasileiro ainda são mais que escassas, apesar de merecer citação em todas as grandes academias de música do mundo inteiro. É bem verdade que sua música não é acessível a todo ouvido, porém, em contra partida, sua simpatia e espontaneidade não tem limites, assim como a sua música.

Hermeto Pascoal nasceu na cidade de Lagoa da Canoa em 22 de junho de 1936. Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de gerimum (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas tocando com a água. O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o acordeão de 8 baixos de seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais.

Hermeto veio para esse mundo pra mostrar que música é assim, universal, solta de qualquer estilo ou denominações. Morou em vários lugares do mundo, desde Recife, São Paulo e Estados Unidos onde pode mostrar a música regional brasileira, mas numa pegada de um jazz alucinante. Hermeto Pascoal sempre esteve ligado ao som puro, àquele que se faz com instrumentos que a própria natureza oferece. Seja um pífaro, feito pelo próprio galho de abóbora ou tocando em uma vitória régia no meio do Amazonas. Seus sons são assim, cantos de pássaros, coaxar de sapos em um brejo, música com garrafas cheias de água e o corpo humano, todo o corpo musical, todas as partes que saem sons. E nas partes que não saem, o Hermeto tira algum batuque de lá. Hermeto é assim: para uns, um doido, mas para outros um gênio.

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