domingo, 30 de agosto de 2009

Ouça nossas músicas!!!

Se quiser ouvir as musicalizações de haikais de Alice Ruiz realizadas pelos alunos na disciplina de Língua Portuguesa, visite as seguintes páginas do myspace:

terça-feira, 12 de maio de 2009

Gonzagão - O Rei do Baião

Tiane Tessaroto
Pólo de Osasco

O Baião é um ritmo musical brasileiro nascido no nordeste. É um ritmo de dança, originário do lundu (dança brasileira criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos da África, da cultura européia e indígena), com influências da viola caipira e do canto nordestino. Segundo especialistas ele teria nascido de um jeito diferente de violeiros da zona rural nordestina tocar o lundu.

Na década de 40 o ritmo foi consolidado e divulgado por todo o território brasileiro através da figura de Luiz Gonzaga, considerado o “Rei do Baião”. Se o baião já existia antes de Gonzaga, com certeza não era o baião que este eternizou. O que se fazia antes dele era como uma espécie de prenúncio do gênero musical, um ingrediente que foi muito bem utilizado por este gênio da música popular brasileira. Isso fica bem claro no trecho da entrevista feita em 1972, onde Luiz afirma: “Quando toquei o baião para ele (referia-se a Humberto Teixeira, seu grande parceiro musical) saiu a idéia de um novo gênero.

Mas o baião já existia como coisa de folclore. Eu o tirei do bojo da viola do cantador, quando faz o tempero para entrar na cantoria e dá aquela batida, aquela cadência no bojo da viola. A palavra também já existia. Uns dizem que vem do baiano outros que vem de baía grande. O que não existia era uma música que caracterizasse o baião como ritmo. Era uma coisa que falava: Dá um baião ai... Tinha só o tempero, que era prelúdio da cantoria. É aquilo que o cantador faz, quando começa a pontilhar a viola, esperando a inspiração.”

O mercado musical estava saturado de boleros e samba-canções e no ano de 1946 a música “Baião”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira surge no cenário musical dando um sopro de renovação. A canção já chegou apresentando o baião à sociedade através da sua letra, descrevendo o novo ritmo e convidando todos à dançar. “Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção." e "(...) o baião tem um quê / Que as outras dancas não têm".

O gênero logo conquistou o gosto popular e passou a freqüentar os salões de bailes de todo o território nacional, além do nordestino onde já estava enraizado a um bom tempo.
Desde então os baiões de Luiz Gonzaga emplacaram muitos sucessos e estavam entre a preferência popular. A partir dos anos 50 começou a ser gravado também por outros artistas como Carmem Miranda, Emilinha Borba, Jamelão, Carmélia Alves, Claudete Soares, Luiz Vieira e tantos outros que ajudaram a divulgar o ritmo para além das fronteiras brasileiras.

Na década de 60 o baião passou por um período de esquecimento e sua produção artística diminuiu muito. Nos anos 70 reacendeu a chama com novos nomes como João do Vale, Quinteto Violado e Dominguinhos, este último é hoje um dos maiores nomes do gênero em plena atividade. Dominguinhos talvez seja o segundo melhor tocador de sanfona dentro deste estilo musical, pois o primeiro lugar já está ocupado pelo grande mestre Gonzagão, que cantou como ninguém o nordeste brasileiro em suas canções. Através do baião a vida nordestina foi um pouco mais conhecida, na sua simplicidade, no olhar do viajante, do retirante da seca, da festividade nordestina e da cumplicidade de companheiros de jornada.

O ritmo ainda ultrapassou as barreiras do gênero e influenciou o tropicalismo de Gilberto Gil e o rock brasileiro de Raul Seixas, que criou o verdadeiro rock brasileiro ao misturar o rock americano com o baião brasileiro.

Bossa Nova

Paulo Roberto Hardt Junior
Pólo de Osasco

Bossa Nova

O movimento surgiu na década de 50 como uma forma de renovação do ritmo, melodia e harmonia a partir do samba e dos ritmos brasileiros que já existiam, mas também foi associado ao crescimento urbano brasileiro, estimulado pela fase de desenvolvimento da presidência de Juscelino Kubitschek. Os sambas improvisados, como o samba de breque e também a influência da música norte americana, o jazz, contribuíram sem dúvida para a formação de um dos maiores gêneros musical brasileiro.

Na verdade o movimento começou graças a encontros casuais entre músicos cariocas que se reuniam para ouvir e fazer música. Um dos pontos de encontro era o apartamento de Nara Leão em Copacabana. A partir de 1957, esses encontros começaram a ficar mais freqüentes e dentre os participantes estavam os novos compositores da música brasileira, como Billy Blanco, Roberto Menescal e Sergio Ricardo, entre outros. O grupo foi aumentando e logo já existiam vários músicos ocupando vários lugares da cidade do Rio de Janeiro. Entre esses lugares estavam vários bares e também faculdades.

A bossa nova teve então o seu inicio oficial no final de 1957, com o lançamento do compacto simples do violonista João Gilberto, que na época era considerado um dos mestres do movimento, contendo as canções Chega de Saudades de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e Bim Bom, uma música do próprio compositor. A partir daí, João gravou o primeiro LP em 1959 com vários sucessos de artistas brasileiros e estrangeiros. A bossa nova, a partir daí, já era realidade.

As músicas que foram surgindo, a partir desse movimento, eram marcadas por um ritmo bem sincopado e com acordes dissonantes, que na época era característica do jazz norte-americano.

Por outro lado, uma outra característica das músicas era a letra, que contrastando com os sucessos da época, abordavam temáticas mais brandas. Um exemplo disso é Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça. Segundo o maestro Julio Medaglia, o canto era falado ou então era cantado bem baixinho, não valorizando a voz, mas sim o que se dizia, geralmente num tom bem coloquial.

Uma das parcerias de maior destaque do movimento foi a de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Juntos, eles compuseram várias canções com projeção nacional e internacional. Um exemplo disso é Garota de Ipanema, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Essa canção foi gravada por vários artistas internacionais como, Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, entre outros.

Com o passar dos anos, a bossa nova que a princípio era considerada música de elite, tornou-se cada vez mais popular com o público brasileiro e definitivamente consagrou-se mundialmente como um estilo musical brasileiro a partir de um concerto histórico realizado no Carnegie Hall de Nova Iorque, em 1962, com a participação de vários artistas brasileiros, entre eles, Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfa, Carlos Lyra, Sergio Mendes, Roberto Menescal, Chico Feitosa, Normando Santos, Milton Banana, Sergio Ricardo, além de alguns outros que não tinham muita relação com a bossa nova, mas que também quiseram participar.

Com a popularização da bossa nova, começaram a aparecer algumas controvérsias entre artistas quanto ao seu estilo e as suas influências, que na verdade não eram puramente brasileiras. Estimulado por um grupo de músicos formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime iniciou-se um movimento popular nacionalista que fez duras críticas a bossa nova, principalmente por ter influências do jazz norte-americano. Alguns artistas-chaves que eram da bossa nova aderiram a esse novo movimento e promoveram parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e também com artistas de alguns ritmos nordestinos como o de João do Vale. Foi gravado então, em 1966, o LP Os Afro-Sambas, de Vinicius de Moraes e Baden Powell, que poderia se considerar como um marco para a segunda geração da bossa nova.

Na verdade essa nova geração de músicas traria o fim do movimento bossa nova. O marco se deu com o lançamento da música Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, em 1965, que foi cantada por Elis Regina no Festival de Música Popular Brasileira, realizada no Guarujá no mesmo ano do lançamento da música. O fim da bossa nova deu início a um novo estilo musical chamado MPB que abarcou várias tendências de música popular brasileira até o início da década de 80.

Referência

A MPB e a nossa história

Antonio Eduardo Lourenço
Pólo de Jales

A MPB e a nossa história

MPB, Música Popular Brasileira. Refletir sobre ela é um exercício de grandes questionamentos. Por exemplo: O que é e como se define MPB? Existem músicas feitas no Brasil por brasileiros que não podem ser consideradas MPB? Com tantas influências que nossa música sofreu de outras culturas, seria possível realmente classificar a verdadeira MPB? Poderíamos aqui levantar muitas outras questões, mas se essas já forem respondidas creio que teremos um bom parâmetro para as desejadas conclusões.

Mais radicalmente, poderíamos dizer que a verdadeira MPB é a produzida pelos índios, mas se pensarmos que somos fruto de grandes miscigenações, inclusive com os índios originais da terra, e levarmos em consideração que a identidade de um povo se constrói dia-a-dia em um processo ininterrupto, passaremos a acreditar que a MPB ainda está em construção também. Por outro lado, será que não estaríamos chamando “música do Brasil” (Baião, Bossa Nova, o Chorinho, o Frevo , o Samba, o Samba-rock, o Forró e etc.) de MPB?

Pois bem, segundo historiadores, a MPB surgiu exatamente em um momento de declínio da Bossa Nova. Uma canção que marca o fim da Bossa Nova e o início daquilo que se passaria a chamar de MPB é Arrastão, de Vinícius de Moraes (um dos percursores da Bossa) e Edu Lobo (músico novato que fazia parte de uma onda de renovação do movimento, marcada notadamente por um nacionalismo e uma reaproximação com o samba tradicional, como de Cartola). A partir dali, difundiriam-se artistas novatos, filhos da Bossa Nova, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda, que apareciam com freqüência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova.Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, (São Paulo em 1966), Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da Bossa para MPB. Era o início do que se rotularia como MPB, um gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira durante as décadas seguintes. A MPB começou com um perfil marcadamente nacionalista, mas foi mudando e incorporando elementos de procedências várias, até pela pouca resistência, por parte dos músicos, em misturar gêneros musicais. Esta diversidade é até saudada e uma das marcas deste gênero musical. Pela própria hibridez é difícil defini-la.

Por meio dos grandes festivais a MPB conquistou as camadas mais humildes da população, e como essa camada é apaixonada, as letras passaram a falar direto ao coração e aos anceios de um povo hora sofrido, hora esperançoso e hora enamorado. Quantas serenatas debaixo das janelas das pretenças namoras tiveram na MPB sua voz principal (e como isso dava certo), quantos finais de festas (depois de muito Rock-Pop-Balanço) foi coroado por violões e vozes entoando o melhor da MPB, não que sejamos saudosistas, mas até hoje ela ainda faz a diferença entre as “coisas” que ouvimos por ai.

Por falar em ouvir, certa vez, em uma entrevista um crítico e estudioso de música (que no momento não recordo o nome) disse que não existe Rock brasileiro, que o Rock é só o produzido nos EUA, e o que se produz no Brasil é apenas um estilo de MPB e não Rock. Já quem o produz não o considera MPB. Queria ver ele dizer isso pra Rita Lee e pro Raul Seixas. Pois bem, se o que chamamos de “Rock nacional” não passa de MPB poderíamos dizer que tudo que é musicalmente produzido no Brasil é MPB.

Classificar certas “coisas” como MPB (por mais hibrida que ela seja), não é atividade das mais agradáveis. O sertanejo moderno de São Paulo e Goiás, por exemplo, que iniciou sua caminhada com o nome de Country Music e só depois se adequou comercialmente ao nome de “sertanejo romântico”, eles se autodenominaram como “não MPB” e assim como este estilo o “Funk” carioca e outros mais que vão surgindo como frutos da “criatividade” do povo brasileiro estão se incorporando ao nosso viver musical sem serem, por mais populares que sejam, considerados Música Popular Brasileira.

A cidade de Ilha Solteira localizada aqui na região noroeste paulista vem insistindo no seu ideal de manter a MPB viva, para isso já realizou 34 desses festivais ano a ano sem parar. Um bom exemplo a ser seguido é o da Universidade de Passo Fundo – MG que é uma instituição comunitária e filantrópica que, desde o início da sua história mostra-se consciente da responsabilidade das universidades como agentes difusores de cultura, a Universidade de Passo Fundo realiza o Festival MPB-UPF possibilitando que artistas apresentem seus trabalhos, valorizando a cultura brasileira.

Música Universal - música livre

Michel Vicentine Martins
Pólo de Osasco - SP

Uma música que aos ouvidos comuns pode ferir um senso estético, gerando certo desconforto pela quantidade e extremidade de cores, texturas e contrastes. Um universo de possibilidades harmônicas, rítmicas e melódicas. Possibilidades de criação e recriação infinitas geradas por um senso comum: As possibilidades universais de criação e escuta musical.

“A arte, por princípio, não pode ter barreiras”, disse sabiamente o compositor Gilberto Gil descrevendo a qualidade avançada de fazer Música Universal. A palavra Universal significa, o que está ligado a todas as coisas. Assim a música universal não possui limites: as poli-harmonias, poli-ritmias enriquecidas por combinações timbrísticas que sem preconceitos englobam todos os estilos, valoriza elementos da tradição musical popular brasileira e, ao mesmo tempo, ultrapassa a barreira entre a música erudita e a popular justapondo traços da música regional de todo o mundo, refletindo com isso sua universalidade.

Criada por Hermeto Pascoal, a Música Universal é um termo encontrado para descrever uma qualidade musical que rompe a barreira entre a música popular e a erudita. A música segundo Hermeto é uma ferramenta para comunhão e não para divisão, em um de seus relatos sobre uma possível definição sobre sua música, ele trava um contraste de idéias: “Eu não sei o que sou, mas, sei que sou. Não sei o que é a minha música, mas, sei que é música”.

Hermeto Pascoal é um nome cujas referências para o grande público brasileiro ainda são mais que escassas, apesar de merecer citação em todas as grandes academias de música do mundo inteiro. É bem verdade que sua música não é acessível a todo ouvido, porém, em contra partida, sua simpatia e espontaneidade não tem limites, assim como a sua música.

Hermeto Pascoal nasceu na cidade de Lagoa da Canoa em 22 de junho de 1936. Os sons da natureza o fascinaram desde pequeno. A partir de um cano de mamona de gerimum (abóbora), fazia um pífano e ficava tocando para os passarinhos. Ao ir para a lagoa, passava horas tocando com a água. O que sobrava de material do seu avô ferreiro, ele pendurava num varal e ficava tirando sons. Até o acordeão de 8 baixos de seu pai, de sete para oito anos, ele resolveu experimentar e não parou mais.

Hermeto veio para esse mundo pra mostrar que música é assim, universal, solta de qualquer estilo ou denominações. Morou em vários lugares do mundo, desde Recife, São Paulo e Estados Unidos onde pode mostrar a música regional brasileira, mas numa pegada de um jazz alucinante. Hermeto Pascoal sempre esteve ligado ao som puro, àquele que se faz com instrumentos que a própria natureza oferece. Seja um pífaro, feito pelo próprio galho de abóbora ou tocando em uma vitória régia no meio do Amazonas. Seus sons são assim, cantos de pássaros, coaxar de sapos em um brejo, música com garrafas cheias de água e o corpo humano, todo o corpo musical, todas as partes que saem sons. E nas partes que não saem, o Hermeto tira algum batuque de lá. Hermeto é assim: para uns, um doido, mas para outros um gênio.

O espírito da música popular brasileira

Marinês Mendes
Pólo de Osasco-SP

Com licença, leitor, meditemos sobre a Música Popular Brasileira que, a partir da década de 60 encontrou seu lugar na sociedade enquanto objeto de estudo estético. Nada de dizer MPB é um rótulo. MPB é uma concepção que envolve três participantes: autor, obra e público e dialoga o tempo todo com a tradição e com o futuro. É mediada pela indústria fonográfica, pelos meios de comunicação de massa e agora, pelas novas tecnologias de divulgação (MP3, My Space, Ipods, MIDIs) e se constituem em fatores que se engajam na circulação da MPB hoje, dado o tamanho e a complexidade desse país de nome Brasil.

Isto posto, meditemos sobre as diversas matrizes deste gênero que nos identifica no mundo: o batuque, os ranchos de onde saíram o maracatu e o samba de avenida, o samba de roda do recôncavo, as canções praieiras e de trabalho, as canções de tradição oral e das culturas indígenas e a música de salão que confluem para essa sonoridade permeada de diálogos e provocações com as informações musicais vindas de todo os cantos do mundo, um belo exemplo, a Bossa Nova, em diálogo com a América.

Outro exemplo? O encontro do barroco mineiro com o rock, em “Clube da Esquina”, As releituras dos clássicos de Noel Rosa, as novas gerações de cantoras buscando na tradição material para seu diálogo com o mundo, atualizado por meio dos samplers, de interpretações mais casuais, em tom de conversa. Ou experimentações à Chico Science ou o aprofundamento do canto-falado nas pesquisas dos semioticistas da canção. Podemos meditar também sobre a influência dos contemporâneos sobre seus contemporâneos, por exemplo, de Lenine sobre novas gerações de compositores, de Gal sobre Marisa Monte e de Marisa Monte sobre a nova geração de cantoras.

Meditemos na multiplicidade de temas compostos sob os mais diversos recursos de linguagem, de personagens do cenário brasileiro e motivos melódicos, rítmicos que compõem nossa paisagem musical. Não é à toa que “se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção, está provado que só é possível filosofar em alemão1”, ou seja a MPB ocupa um lugar ímpar na sociedade brasileira e esse lugar é ativo.

A MPB comunica o que deve ser feito (“como é que faz pra lavar a roupa? vai na fonte, vai na fonte2”), apresenta suas condições (“eu só boto bebop no meu samba quando Tio Sam tocar o tamborim3”), profetiza (“vai resplandecer, uma chuva de prata do céu vai descer4”), manda avisar (“avisa lá que eu vou chegar mais tarde, vou- me juntar ao Olodum que é da alegria5), ensina (“eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião”6), ironiza (“eu fui pra Limoeiro e encontrei o Paul Simon lá, tentando se proclamar gerente do mafuá7”), expressa o que vêm da periferia (“Minha vida não tem tanto valor quanto seu celular, seu computador8”), noticia (“Tá lá o corpo estendido no chão9”), namora (“Tudo de bom que você me fizer, faz minha rima ficar mais rara10”), diz (“diga lá, meu coração11”) e não diz (“eu não sei dizer nada por dizer12”), constata (“quem vem pra beira do mar, nunca mais quer voltar13”), transcende (“alma vai além de tudo que o nosso mundo ousa perceber14”).

E isso, a MPB faz sob ritmos e movimentos diversos: samba, pop, baião, mangue-beat, rap, bossa nova, tropicália e o faz também a partir do uso de recursos poéticos ora calcados na oralidade como em Adoniran Barbosa ora calcados na erudição como em Chico Buarque e Aldir Blanc (eruditos mas sem perder o compromisso com os temas populares), ora inventivos e sintonizados com a vanguarda como é o caso de Caetano, ora comprometidos com a cena urbana, que encontramos nas canções de Itamar Assumpção. Meditemos então, caro leitor, sobre o papel da MPB sem medo de dizer MPB porque é o espírito desta nação.

Justificativa: Há muito mais gente pensando MPB há mais tempo e com maior consistência e cientificidade do que eu. O que fiz aqui foi declarar-me seguidora desses mestres. Este texto foi realizado a partir das reflexões feitas em cursos e seminários recentes sobre canção que tenho realizado ao longo de meu envolvimento com música, na ULM, na FFLCH/USP e na UFSCAR. Uma das leituras que indico é o livro “O Charme dessa nação: música popular, discurso e sociedade brasileira, organizado por Nelson Barros da Costa, da Expressão Gráfica e Editora/Fortaleza-CE, 2007”, minha mais recente leitura sobre MPB. Os versos que citei foram extraídos das seguintes canções:

1. Língua, Caetano Veloso; 2. A ponte, Lenine e Lula Queiroga; 3.Chiclete com Banana, Gordurinha e Almira Castilho; 4. As forças da natureza, Paulo César Pinheiro e João Nogueira; 5. Nossa Gente (Avisa lá), Roque Carvalho; 6. Baião, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira; 7. Baião de Lacan, Guinga e Aldir Blanc; 8. Diário de um detento, Mano Brown e Jocenir; 9. De frente pro crime, João Bosco e Aldir Blanc; 10. Sorte, Celso Fonseca e Ronaldo Bastos; 11. Diga lá, coração, Gonzaguinha; 12. Fala, Luli e Lucina; 13. Quem vem pra beira do mar, Dorival Caymmi; 14.Ãnima, Zé Renato.

sábado, 9 de maio de 2009

Bossa Nova

Nome do autor: Kátia Aparecida Ferreira de Almeida
Pólo de São Carlos

A bossa nova é um movimento da música popular brasileira que surgiu por meio de manifestações no final da década de 1950, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados se reuniam para unir e misturar os ritmos e influências musicais fortes da época como o jazz americano, a música erudita e os ritmos brasileiros. Anos depois, a bossa nova se tornaria um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo.

De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época. O termo “bossa” era utilizado para designar os sambas que havia uma parada repentina na música. A incorporação do termo "nova" a "bossa" é atribuída ao jornalista Sérgio Porto, conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Segundo ele, um engraxate, ao olhar seus sapatos sem cadarço, disse: “Bossa nova, hein, chefe?”. A partir de então, ele passou a utilizar a expressão em seus textos.

A Bossa Nova recebeu influência de diversos aspectos da linguagem do jazz, especialmente do be-bop (de concepção mais elaborada do que o jazz tradicional) e do cool jazz (cujos intérpretes eram músicos que tinham conhecimento técnico apurado). Também tem a influência do impressionismo erudito como deDebussy e Ravel.

Além disso, havia um inconformismo com o formato musical de época. Um exemplo disso é os cantoresDick Farney e Lúcio Alves, que fizeram sucesso nos anos da década de 1950 com um jeito suave e minimalista em oposição a cantores que apresentavam grande potência sonora. A reunião de grandes instrumentistas e compositores que tinham a capacidade juvenil de inovar, surgiu esse “samba diferente”.

Ao se falar de Bossa Nova não se pode deixar de citar Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Teiles, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros.

Com o passar dos anos, a bossa nova que no Brasil era inicialmente considerada música de "elite" (para pessoas cultas), tornou-se cada vez mais popular para o público brasileiro. Em 1962, foi realizado um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, consagrando mundialmente o estilo musical.

Passado meio século, consagrada internacionalmente, tendo superado todas as discussões entre apreciadores entusiasmados e críticos ferozes, a Bossa Nova conquistou a sua identidade, e hoje pode ser considerada um símbolo nacional brasileiro. “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinícius, e “Wave”, de Tom Jobim, estão entre as músicas mais gravadas em todo o mundo. A música brasileira deixou de ser uma curiosidade exótica e passou a integrar o repertório dos músicos e dos ouvintes mais sofisticadas no mundo inteiro.

Referências

http://www.geocities.com/SunsetStrip/Palms/2102/bossap1.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bossa_nova
http://www.dianagoulart.pro.br/english/artigos/bossa.htmhttp://www.jorwiki.usp.br/linmat07/index.php/Bossa_Nova

Quem tem medo de música de concerto

Marcelo de Andrade Luciano
Pólo de São Carlos

Hoje, a música de concerto é amplamente praticada no mundo todo, embora tenha um público inferior ao público que ouve ou assiste uma produção comercial. O gênero chega a causar estranheza para boa parte dos ouvintes e, ao mesmo tempo, as sonoridades chegam aos ouvidos de forma suave e de modo calmo, ao contrário dos ruídos produzidos pela música comercial. É assim que falamos da conhecida música clássica (termo mais conhecido para o gênero) ou música de concerto, que é termo mais apropriado quando nos referimos à música produzida por orquestras sinfônicas, filarmônicas, bandas, cameratas, grupos corais, madrigais e outras formações que trabalham o gênero.

Quando surgiram as primeiras composições, no século IX, estas foram trabalhadas primeiramente pelo canto, com uma tessitura monofônica. Nos tempos hodiernos, surgem composições de tessitura polifônica, tonal ou atonal. A música de concerto vem sendo trabalhada por grupos, corais e orquestras, em todos os períodos de seu desenvolvimento, a saber: medieval, renascentista, barroca, clássica, romantismo, música do séc. XX. Em todos esses períodos, o “velho” se renovou, manifestando os pensamentos e as reflexões sociais de cada época por meio da música de concerto.

Aliás, o termo “clássico” é originário do período que compreende entre os anos de 1750 e 1810, época em que a orquestra se encontra em pleno desenvolvimento. Porém, o termo é usado para diferenciá-la do estilo popular. Há pessoas que não ouvem músicas orquestradas por não saberem a origem das composições ou até mesmo por não se identificarem com o gênero.

Alguns profissionais da medicina recomendam as gestantes e crianças pequenas a ouvirem música de concerto para melhorarem suas percepções, estimulando a inteligência e o raciocínio. Este gênero é amplamente utilizado em sessões de musicoterapia, na reabilitação de pessoas que sofrem de síndromes, depressão e estresse.

Na Educação Musical, o gênero música de concerto é trabalhado com vários públicos (bebês, crianças, jovens, adultos, terceira idade, portadores de necessidades), que no primeiro contato reagem com surpresa e, com o passar do tempo, começam a analisar suas formas, timbres, formações e a utilizam como ferramenta para educar, não importando qual o ramo do saber em que a música é aplicada. Infelizmente, governos expropriaram seus cidadãos do contato com a música de concerto no ambiente escolar e, no futuro, há uma tendência de reaproximação nesse ambiente.O saudoso Arthur da Távola dizia:”Quem tem medo da música clássica?” Se esta é boa e proporciona desenvolvimento intelectual e social para quem ouve, não temos razões para o medo.

Choro ou Chorinho

Autor: Acácio Rodrigues Filho
Pólo de Itapetininga

Choro

O gênero conhecido como Choro ou Chorinho, é bem brasileiro, nasceu no século XIX na cidade do Rio de Janeiro, por volta de 1870, derivado de outros ritmos vindos da Europa (Xote, Valsa, Pouca, Mazurca, quadrilha) e da África (Lundu). Seu “criador” ou grande colaborador para que o gênero aparecesse e firmasse foi Joaquim Calado, que teve a idéia de unir ao solo de sua flauta, dois violões e um cavaquinho improvisando livremente sobre a melodia.

Apesar de seu nome trazer a idéia de chorar a música nem sempre é assim. Ela é formada por melodias alegres e de andamento rápido, exigindo domínio do instrumento (estudo e técnica) para sua execução ou improvisação. O Choro tem uma relação muito estreita com a técnica da música erudita e com a malandragem e o improviso da música popular ou do Jazz.

O Choro é uma música de natureza popular e instrumental, tendo uma formação básica de violão de sete cordas, violão, cavaquinho, bandolim, flauta e pandeiro, porém já existem inúmeras adaptações e composições que foram feitas para outros instrumentos ou formações, tais como: para piano, clarinete, saxofones, trombone, marimba, xilofone, para bandas, orquestras, coros etc. É importante destacar que muitos choros foram escritos ou adaptados para instrumentos e/ou canto, como é o caso dos Choros nº 10 de Villa-Lobos para Coro e Orquestra com o tema "Rasga o Coração" de Catulo da Paixão Cearense ou, como é o caso do Brasileirinho, gravado por Carmen Miranda, sendo um grande sucesso na época, e, também, gravado por muitos músicos famosos como Wo Wo Ma (violoncelista) e outros de várias épocas e de toda parte do nosso mundo. Já toquei alguns choros (Tico-Tico no Fubá –Zéquinha de Abreu, Arrasta Pé, Minhas mãos meu cavaquinho e Brasileirinho –todos de Waldir Azevedo) com instrumentos de percussão (marimba e xilofone), e, pode-se perceber que soam muito bem nesses instrumentos.

Quem toca ou escreve Choros são conhecidos como “Chorões”, sendo na maioria compositores e/ou excelentes músicos. Dentre estes Chorões, é importante citar alguns nomes importantes: Chiquinha Gonzaga, Hernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros, Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha, João Pernambuco, Donga, Luperce Miranda, Waldir Azevedo, Zequinha de Abreu, Jacob do Bandolim, Paulinho da Viola, Altamiro Carrilho, Radamés Gnatalli, Hermeto Paschoal etc. Também gostaria de deixar aqui o nome de Paulo Costa e Magdalena Romagnolo, que são grandes amigos, músicos e compositores e que tem uma relação grande de belos choros entre outros estilos musicais que já ouvi atualmente.

Infelizmente, o Choro não é uma música tão popular (ou do povo). Ela não é tão tocada ou ouvida na mídia quanto deveria. Ela é divulgada somente em rádios ou programas que procuram mostrar a música instrumental brasileira, que são poucos. Então, esse gênero musical gracioso acaba ficando um tanto restrito às escolas de músicas, teatros ou algum evento específico que procure divulgar música de qualidade.

Quem sabe no dia 23 de abril, dia do nascimento do compositor Pixinguinha – que definiu a forma musical Choro, e, também, Dia Nacional do Choro muitos possam tocar, assistir e relembrar desse nosso precioso gênero musical, que hoje é mais erudito do que popular.

Tempero do Forró

Ricardo Acquaviva Carrano
Pólo de Itapetininga


Forró é uma festa popular brasileira, de origem nordestina, que tem em sua música vários ritmos musicais daquela região, como baião, a quadrilha, o xaxado e o xote, que são tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro, um zabumbeiro e um tocador de triângulo.

Conhecido e praticado em todo o Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de Juazeiro do Norte, Caruaru, Mossoró, e Campina Grande, onde é símbolo da Festa de São João, e nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, São Luís e Teresina onde são promovidas grandes festas.

Luiz Gonzaga foi o principal nome deste estilo, quando gravou em 1949 as músicas “Forró de Mané Vito” e “Forró no Escuro” tornou o forró nacionalmente popular dando origem a este movimento que rapidamente se espalharia por todo o canto do país. Mas não só a música atraiu o público para este estilo, como também a dança. Feita com casal juntinho, estas mostraram que a música brasileira servia não só para apreciação sonora, o arrasta-pé, bate-chinela, fobó e forrobodó são exemplos destas danças feitas ao som do forró. Sua dança tão criativa, cheia de requebros e de giros traduz o estado de espírito alegre e participativo de sua gente, nas suas mais diversas manifestações e nos seus momentos mais festivos, o forró é a celebração da alegria daquele povo que sublima na música todo o sofrimento da seca e da escassez de recursos da sua terra.

O forró se evidenciou nos terreiros das usinas, nas comemorações dos festejos juninos e nos fins de semana, durante o plantio e nos cortes da cana. Já no sertão nordestino, ele se manifestou nos bailes de pé-de-serra e, na maioria das vezes, em casas de família, para comemorar a chegada das chuvas e as boas colheitas. E assim se expandiu, tanto pelas cidades do interior, quanto nas zonas do baixo meretrício, também no litoral, em arraiais improvisados, com os foles ou mesmo sanfonas, de oito a cento e vinte baixos, o zabumba e o triângulo, fazendo o nordestino vadiar no bate-coxa até o dia clarear. Como diz Geraldo Azevedo, grande compositor pernambucano deste estilo o “Forró é o balanço, o amor, o chamego, o suor, é a morena, o tempero do forró”.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Marchinhas de Carnaval

Autor: Maria Virgínia Rietra Marzano
Pólo: São Carlos

A marcha de carnaval

Mais conhecidas como “marchinhas”, este gênero de música popular brasileira fez grande sucesso dos anos 20 aos anos 60 do século passado.

Originária das marchas militares, principalmente portuguesas, as marchinhas, já de início, ironizam a pompa das marchas: estas feitas para marchar, enquanto as outras, no diminutivo, compostas para dançar e brincar.

De compasso binário, com melodias simples e forte apelo popular, as primeiras marchinhas eram mais lentas para que os dançarinos pudessem marchar ao seu ritmo. No entanto, com o passar dos anos, sofreram influências de outros ritmos como o ragtime, a polca e o one-step, o que fez com que seu andamento fosse acelerado.

Um dos fatores mais interessantes das marchinhas são suas letras: irônicas, sensuais, debochadas. Na verdade são verdadeiras crônicas urbanas que tratavam de temas cotidianos, de economia, futebol e política, principalmente da cidade do Rio de Janeiro, na época capital federal e principal centro cultural do país.

Importante ressaltar que era lá, no Rio de Janeiro, que se encontravam as emissoras de rádio, as gravadoras e também os estúdios cinematográficos da Atlântida. No início dos anos 30, o custo de produção dos discos, os LPs, era muito baixo e, como a difusão das gravações era gratuita, foi possível a divulgação das marchinhas por todo o país. Outro fator importante para a divulgação das marchinhas, além do rádio, eram os bailes de salão e o carnaval de rua.

A primeira marchinha, composta exclusivamente para animar o carnaval, foi a marcha “Ó Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, em 1899, para o cordão Rosa de Ouro. Muitas marchinhas vieram depois, consagrando intérpretes como Carmem Miranda, Mário Reis, Dalva Oliveira, Almirante, Emilinha Borba, Sílvio Caldas, Jorge Vieira e Black-Out. Entre os compositores que se destacaram e são, até hoje, lembrados e cantados podemos citar José Luís Rodrigues Calazans, Vicente Paiva, Braguinha (ou João de Barro), Alberto Ribeiro, Joubert de Carvalho, Lamartine Babo, Oldemar Magalhães, Luís Antônio, Noel Rosa, Ary Barroso, Sinhô e João Roberto Kelly.

Alguns sucessos, que permaneceram na memória dos brasileiros e se tornaram sinônimos do carnaval foram: “Mamãe eu Quero Mamar” e “Chiquita Bacana”. Carmem Miranda estourou nas paradas com a música “Taí” de Joubert de Carvalho em 1930. Podemos lembrar de “Linda Morena”, composta em 1932, por Lamartine Babo; “Oh! Jardineira” de Benedito Lacerda e Humberto Porto de 1938; “Allah-la-ô”, de Haroldo Lobo e Nássara, composta em 1940; “Sassaricando”, de 1951, de Magalhães, Luís Antônio e Zé Mário; “Tem gato na Tuba” de João de Barro e Alberto Ribeiro composta em 1947.

Infelizmente, a partir dos anos 60, as gravadoras pararam de investir neste gênero musical. As marchinhas perderam o apoio da indústria fonográfica e dos meios de comunicação. As escolas de samba ganharam destaque e assistiu-se a aparição de um novo gênero musical: os sambas-enredo.

Nos dias de hoje as marchinhas continuam a animar os bailes de salão e a alegrar aqueles que têm a oportunidade de conhecê-las com seu ritmo alegre e suas letras irreverentes.


Referências Bibliográficas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marchinha de Carnaval http://educacao.uol.com.br/atualidades/ult1685u282.jhtm http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaImprimir.cfm?coluna id=4157 http://www.imonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,5252 http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080610113413AAacQa0

Jazz - um convite à criatividade

Nome do autor: Valmir Rogério Nunes da Silva RA 333620
Pólo de São Carlos


Com o aglutinamento de algumas características de estilos como o Spiritual, o Blues, a Marcha e o Ragtime surgiu o Jazz, como música negra de origem africana, mas que com o tempo conquistou o público e os músicos brancos da época.

Segundo historiadores, a improvisação, característica fundamental do Jazz, surgiu ainda no século XIX com a habilidade de artistas como o trompetista Buddy Bolden que, com medo de ser plagiado não quis registrar nenhuma de suas canções e tinha certa sociofobia.

Não podemos esquecer que a improvisação já ocorria muito antes do surgimento do Jazz e como exemplo, podemos citar artistas do período barroco como Bach.

O Jazz encontrou na cidade de New Orleans o berço para o seu desenvolvimento, e foi na figura de Louis Armstrong que o estilo ganhou força e qualidade. Louis Armstrong, um trompetista virtuose dotado de uma força criativa fenomenal pode ser considerado um dos ícones do estilo e até hoje influencia e é estudado por vários músicos. Uma demonstração de sua veia criativa foi quando, em uma noite, era sua vez de improvisar e, ao reparar que estava sem o seu trompete, realizou um improviso vocal, criando assim o que depois ficou conhecido como Scat Vocal, que foi muito difundido por cantores desse estilo.

Nos anos 30 o Jazz era considerado uma música popular apreciada e dançada pela maioria do público tanto que o período ficou conhecido como a Era do Swing, devido principalmente à ascensão das Big Bands, que faziam uma música muito voltada à Dança. Desta fase podemos destacar importantes Big Bands, como as dos clarinetistas brancos Benny Goodman, Artie Shaw e Jimmy Dorsey, os trombonistas brancos Glenn Miller e Tommy Dorsey, o trompetista branco Harry James, o pianista negro Count Basie, o vibrafonista negro Lionel Hampton, o baterista branco Gene Krupa e o inclassificável pianista, compositor e arranjador “negro” Duke Ellington que se tornaria um dos mais importantes nomes do Jazz de todos os tempos.

Como na maioria das artes, o Jazz sofreu mudanças radicais no pós-guerra, principalmente pelo aparecimento de um grupo de músicos inconformados com as simples harmonias e improvisos da Era do Swing. Surgiu assim o Be Bop, no qual podemos destacar a presença de nomes como Dizzy Gillespie, Kenny Clark, Thelonius Monk, Miles Davis e principalmente o saxofonista Charlie Parker, que até hoje influencia através de suas harmonias, acentuações e ritmos surpreendentemente inesperados, muitos saxofonistas e todos os improvisadores em geral.

Charlie Parker foi quem abriu campo para a audácia no Jazz, e muitos músicos Pós Parker experimentaram e reinventaram outras ramificações no estilo. Artistas como Ornette Coleman, Eric Dolphy, Cecil Taylor e outros apareceram com a forma mais livre e arbitrária de fazer música que ficou conhecida como Free Jazz.

No meio do alvoroço dos estilos Pós Be Bop surgiu a imagem do Saxofonista Tenor John Coltrane, que talvez seja o músico que mais influenciou e influencia uma legião de músicos e que transcende a qualquer estilo. É muito comum ver músicos de estilos diversos como o Rock, por exemplo, estudando e vangloriando a figura de John Coltrane.

Na história do Jazz podemos citar algumas fusões com outros estilos como, por exemplo, Música Clássica e Jazz = Third Stream, Rock e Jazz = Fusion, Bossa e Jazz = Bossa Jazz. Este último foi divulgado principalmente pelo saxofonista Stan Getz, que realizou gravações dos principais compositores de Bossa Nova brasileiros, dentre eles, principalmente as de Antônio Carlos Jobim, que fazia muito sucesso nos Estados Unidos nos anos 60.

O Jazz passou por tempos ruins e sua popularidade diminuiu muito, devido principalmente ao advento do já citado Be Bop, que era considerado um estilo feito por músicos virtuoses e, talvez por sua complexidade, somente para músicos apreciarem. O Be Bop recebeu críticas duras de nomes importantes como Louis Armstrong, que o considerava uma música exibicionista com um emaranhado de notas. O outro motivo que desencadeou a queda da popularidade do Jazz foi o surgimento do Rock, que era uma música de mais fácil acesso ao público leigo, e aos músicos que não eram dotados de talentos para tocar Jazz. Há quem afirme que o Rock surgiu da frustração de músicos que não conseguiam executar o Jazz.

Mas o Jazz, que foi considerada a única arte genuinamente americana e que carrega a improvisação e a criatividade como um dos seus fatores indispensáveis atravessou e atravessará gerações, pois se um músico pensa hoje em criatividade e em composição, mas não da forma ortodoxa e sim uma composição instantânea, ele tem que recorrer ao estilo chamado Jazz, que é a música dos Músicos.

Rock Brasileiro

Carla C. G. A. Adauto
Pólo de São Carlos


O rock’n’roll surgiu nos Estados Unidos da América entre 1950 e 1960 trazido pelos escravos negros que vieram trabalhar nas lavouras de algodão. O ritmo do rock misturou vários gêneros musicais populares espalhando-se rapidamente pelo resto do mundo.

Entre 1960 e 1970 o rock desenvolveu diferentes subgêneros, entre eles: Rock Britânico, Garage Rock, Surf Rock, Folk Rock, Rock Psicodélico, Rock Progressivo entre outros.
No Brasil o movimento do rock ganhou destaque com a cantora Celly Campello, por meio das canções: “Estúpido Cupido e Banho de Lua” e com o grupo da Jovem Guarda cujas músicas eram inspiradas no ritmo norte americano misturado com as melodias românticas.

Nas décadas seguintes outros nomes se destacaram: o Grupo Mutantes, Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados que ganharam reconhecimento também no exterior.

A partir de 1980 o rock nacional ganhou uma temática mais urbana e foram destaques desta época: RPM, Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Blitz, Paralamas do Sucesso entre outros e, em destaque o grupo Sepultura que se torna um dos principais nomes do heavy metal no Brasil e faz sucesso também no exterior.

Em 1985 o empresário carioca Roberto Medina realiza o primeiro Festival de Música unindo bandas e cantores nacionais e internacionais: o Rock in Rio que contou com um público de 1,5milhão de pessoas na cidade de Rio de Janeiro em sua primeira edição.

Entre os músicos e bandas brasileiras que participaram dos eventos estão: a Banda Blitz, Paralamas do Sucesso, Rita Lee, Pepeu Gomes e Baby Consuelo, Barão Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Titãs, Capital Inicial, Sepultura, Nenhum de nós, Ira, Fernanda Abreu, entre outros músicos de renome nacional e internacional.

Na década de 1990, fazem sucesso no cenário do rock nacional: Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu, Skank entre outros.

Apesar das dificuldades como a falta de espaço para divulgação nos meios de comunicação, falta de livros que tratem do assunto e falta de incentivo para formação de novas bandas, elas continuam aparecendo na cultura brasileira.

Novos grupos de rock vêm se destacando no mercado atual: NXZero, Detonautas, CPM22 e novos trabalhos musicais de grupos e cantores que marcaram época com seus novos sucessos: Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Tihuana entre outros permanecem no cenário nacional com o apoio dos fãs e da mídia especializada.

Estilo Musical: Rock Nacional

Carla Cristina
Pólo de São Carlos


O rock’n’roll surgiu nos Estados Unidos da América entre 1950 e 1960 trazido pelos escravos negros que vieram trabalhar nas lavouras de algodão. O ritmo do rock misturou vários gêneros musicais populares espalhando-se rapidamente pelo resto do mundo.

Entre 1960 e 1970 o rock desenvolveu diferentes subgêneros, entre eles: Rock Britânico, Garage Rock, Surf Rock, Folk Rock, Rock Psicodélico, Rock Progressivo entre outros.

No Brasil o movimento do rock ganhou destaque com a cantora Celly Campello, por meio das canções: “Estúpido Cupido e Banho de Lua” e com o grupo da Jovem Guarda cujas músicas eram inspiradas no ritmo norte americano misturado com as melodias românticas.

Nas décadas seguintes outros nomes se destacaram: o Grupo Mutantes, Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados que ganharam reconhecimento também no exterior.

A partir de 1980 o rock nacional ganhou uma temática mais urbana e foram destaques desta época: RPM, Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Blitz, Paralamas do Sucesso entre outros e, em destaque o grupo Sepultura que se torna um dos principais nomes do heavy metal no Brasil e faz sucesso também no exterior.

Em 1985 o empresário carioca Roberto Medina realiza o primeiro Festival de Música unindo bandas e cantores nacionais e internacionais: o Rock in Rio que contou com um público de 1,5milhão de pessoas na cidade de Rio de Janeiro em sua primeira edição.

Entre os músicos e bandas brasileiras que participaram dos eventos estão: a Banda Blitz, Paralamas do Sucesso, Rita Lee, Pepeu Gomes e Baby Consuelo, Barão Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Titãs, Capital Inicial, Sepultura, Nenhum de nós, Ira, Fernanda Abreu, entre outros músicos de renome nacional e internacional.

Na década de 1990, fazem sucesso no cenário do rock nacional: Raimundos, Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu, Skank entre outros.

Apesar das dificuldades como a falta de espaço para divulgação nos meios de comunicação, falta de livros que tratem do assunto e falta de incentivo para formação de novas bandas, elas continuam aparecendo na cultura brasileira.

Novos grupos de rock vêm se destacando no mercado atual: NXZero, Detonautas, CPM22 e novos trabalhos musicais de grupos e cantores que marcaram época com seus novos sucessos: Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Tihuana entre outros permanecem no cenário nacional com o apoio dos fãs e da mídia especializada.

Referências

http://www.edukbr.com.br/artemanhas/rock.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_in_Rio
http://www.suapesquisa.com/rock/
http://maxmusic.sites.uol.com.br/metal/hisrock.htm

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O choro

José Luciano Lambert
Pólo de São Carlos


Rio de Janeiro, segunda metade do século XIX, por volta de 1870: o aparecimento do choro, ainda não como gênero musical, mas como forma de tocar, tem sua origem no estilo de interpretação que os músicos populares cariocas imprimiam à execução das polcas, que desde 1844 figuravam como o tipo de música mais apaixonante introduzido no Brasil, entre outras danças européias, como a Scottish, a Mazurca e a Habanera. É a partir dessas danças que se estruturará pouco a pouco o estilo “choro”, com a separação cada vez maior da música erudita da música popular, numa evolução que levaria ao aparecimento, no início do século XX, do ritmo e do gênero mais característico do Brasil, o samba. O choro é considerado a primeira música popular urbana típica do Brasil, de difícil execução, exigindo uma técnica mais apurada por parte dos instrumentistas.

Antes de examinar as características do choro, é importante ver o significado exato da palavra que dá nome a esse gênero musical. Várias interpretações foram dadas pelos musicólogos que se dedicaram ao seu estudo. Batista Siqueira diz tratar-se de uma colisão cultural da palavra “choro” (do verbo chorar) com a corruptela da grafia de “chorus”, enquanto designação de conjunto instrumental. Mozart Araújo, baseado em depoimentos autorizados, explica o nome pelo caráter dolente e choroso das músicas tocadas por estes conjuntos. Renato de Almeida, em seu livro “O negro brasileiro”, liga-o às danças cantadas que os negros chamavam “xôlo”, que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a “xôro”, e foi grafada com “ch”(choro).

O choro nasce como gênero principalmente através das obras de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Embora trilhando caminhos distintos, esses dois compositores fundaram o que hoje chamamos “música brasileira”. Temos também vários outros nomes de grande importância para o choro, tais como Pixinguinha, o “Bach do choro”, Antonio Callado, Patápio Silva e muitos outros que até hoje mantêm vivo esse gênero musical tão genuinamente brasileiro. Atualmente encontramos compositores, intérpretes e grupos trazendo a linguagem do choro para os dias de hoje, mostrando que esse gênero musical tem força e identidade próprias que não são corrompidas pelo tempo. Muito pelo contrário, o choro, a exemplo do jazz, é um gênero musical que se transforma constantemente, refletindo o momento presente, influenciando músicos e músicas.

O choro é a forma de música brasileira mais próxima dos clássicos europeus e, ao mesmo tempo, mais essencialmente brasileira. De todas as músicas que são produzidas no Brasil, o choro é a que mais fala da harmonia clássica, que foi sendo modificada pelos chorões até ganhar uma personalidade própria, até conquistar sua identidade. É mais ou menos como aconteceu com o jazz: os jazzistas deram uma americanizada nas harmonias clássicas européias e chegaram àquela que é a melhor música americana. Com suas ricas melodias e seu caráter improvisatório, o choro pode ser considerado o jazz brasileiro.

Após seus quase 140 anos de existência, o choro se apresenta sob múltiplas formas, permeando e enriquecendo a nossa música com uma brasilidade que encanta todo o mundo.

Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Choro%20-%20acessado%20em%2015/04/2009
MARIZ, Vasco – A canção brasileira (Erudita, Folclórica e Popular) – Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira/ MEC – 1977
TINHORÃO, J.R. – Pequena História da Música Popular – Petrópolis, Vozes - 1978

Jazz, Um Ritmo Centenário

Nome do autor: Hallyson Chrystiano Paschoalino de Oliveira
Polo: Itapetininga


Jazz, Um Ritmo Centenário

Neste ano de 2009, tomando como base a formação da banda do trompetista Buddy Bolden em Nova Orleans no ano de 1895, comemoramos 104 anos do nascimento do jazz.

Há uma teoria defendida por muitos musicólogos e historiadores como Gunther Schuller, Frank Tirro, LeRoi Jones Ted Goia altamente questionável, pois argumentam que as manifestações musicais afro-americanas que fizeram parte da gênese do Jazz como o Blues, o Ragtime, os Spirituals e as canções de trabalho (work songs) já existiam em outras regiões dos Estados Unidos nas últimas décadas do séc. XIX.

O fato é que completando 104 anos ou não, a cidade foi uma espécie de incubadora do estilo (CALADO, 2007. L. Armstrong p. 11) pois produziu músicos que contribuíram para a formulação deste estilo, músicos como Jelly Roll Morton, Sidney Bechet, King Oliver, Kid Ory, Freddie Keppard e Louis Armstrong, entre outros, justificam a nomeação de seus estilos como o Jazz de New Orleans.

Chicago também teve a sua importância para o estilo, pois foi em Chicago que músicos como o próprio Louis Armstrong conseguiram um reconhecimento mais importante, trazendo seus nomes para um cenário mais nacional.

Nomes como Count Basie representando o estilo de Kansas City e Duke Ellington que expressava uma sofisticação ímpar em seus arranjos condizentes com o perfil não apenas musical, mas social do povo da região nordeste também são considerados importantes na compreensão do desenvolvimento do gênero.

Certo racionalismo metódico associado a uma espécie de disputa racial pela “posse” do estilo faz com que um dificílimo tipo de jazz seja criado por volta dos anos 40, o Bee-bop, melodias recheadas de notas somadas uma forma de acentuação rítmica agressiva caracterizam as concepções musicais desta época.

Foi quando músicos como Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Miles Davis chegam à cena. Este último contribui muito para a formação da história do jazz, pois viveu durante todas as fusões do estilo desde os anos 40 até os anos 90, foi um dos responsáveis pela constituição do Fusion, estilo gerido pela mistura de fundamentos do jazz com os do rock, blues, soul, funk, entre outros, assim como foi um dos principais expoentes do Cool, característico dos anos 60, ritmo que configurava uma maneira mais suave e melancólica de tocar e compor. Desta vertente saíram nomes como Chick Korea, Pat Metheny, Mike Stern, Al di Meola, Michael Brecker, entre outros.

O Jazz Hoje

O jazz chega aos dias atuais como uma espécie de música popular sofisticada, pois agrega em seu leque de artistas músicos que em todas as fases do gênero, destacam-se pela alta qualidade de execução musical, seja ela pela performance em instrumentos, pela improvisação que é uma característica primária do estilo, pela composição e arranjo e pela capacidade de agregar outras vertentes musicais em sua fórmula, fazendo com que até a bossa-nova seja considerada por estudiosos do jazz e principalmente americanos em geral um estilo de jazz.

Abordando a sua relação com o Brasil de outra forma, temos hoje o que muitos chamam de jazz brasileiro, que é um estilo de música instrumental composta com ritmos brasileiros e agrega fundamentos característicos do jazz em sua concepção como a improvisação por exemplo, nacionalistas não gostam de chamá-la de jazz brasileiro e simplesmente de MPB, MPB instrumental, MIB (música instrumental brasileira), ou até mesmo de uma maneira mais informal como “som brazuca”. Músicos como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Guinga, entre outros são expoentes deste estilo.

Deixando o nacionalismo a parte, temos que convir que a influência do jazz em sua gênese é inquestionável, sem o surgimento do jazz não podemos provar que essa concepção existiria.

Não só no Brasil, mas em outros países do mundo, influenciou na fusão de fundamentos musicais, como na Argentina, por exemplo, o tango de Astor Piazzola não é um tango como os demais, seria injusto e prepotente dizer que o músico não possuía esta influência em sua obra.

O que podemos afirmar é que o jazz, assim como o rock, tem o seu lugar no “pódio” dos ritmos mais influentes do séc. XX.

Referências:
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de música: edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
COLLIER, James Lincoln. Jazz, A Autêntica Música Americana. Jorge Zahar.
CALADO, Carlos. Duke Ellington. Rio de Janeiro: Media Fashion, 2007.
______________. Louis Armstrong. Rio de Janeiro: Media Fashion, 2007.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A vez da ópera

Nome do autor: Liliane de Paula Souza
Polo: Itapetininga/SP

Ópera é uma peça teatral cantada com o acompanhamento de orquestra, danças, em algumas situações, com ou sem diálogo falado, e o enredo da ópera é chamado de libreto, pequeno livro contendo o texto ou o argumento da obra. Pronto! Parece que é só isso, mas a história da ópera vai bem mais além, passando por diversas mudanças em seu gênero.

Surgiu em Florença no século XVI, em uma época em que a Igreja Católica só admitia cantos sacros sem o acompanhamento de instrumentos, foi então que a Camerata Fiorentina, sociedade que tinha por objetivo renovar a forma original do teatro grego, a fim de florescer novamente o poder mágico da música na Itália, e após muitas tentativas, chegaram até a ópera, que no início era denominado de “Nova música”, posteriormente “drama per música” ou “ópera per música”, até chegarem a apenas ópera, uma inovação do antigo unido ao novo.

Então, nos bailes de máscara, nas pastorais (que existiram também na Idade Média) e outras diversões palacianas, houve a união da arte dramática à música.

E no carnaval de, aproximadamente, 1594 ou 1597, a camerata formada por poetas, sábios, compositores e nobres, promoveram a primeira estréia do drama musical, com a obra “A Fábula de Dafne”, do poeta Rinuccini, com música de Jacó Peri; tendo grande sucesso na época.

Porém, as primeiras obras não apresentavam totalmente as características que uma ópera possui, até que em 1607, Cláudio Monteverdi, reuniu pela primeira vez todos os elementos do gênero: árias, recitativos, coros e orquestra, em Orfeu. A partir daí a ópera passou a ser mais conhecida nas cidades e pelo público, deixou de ter características do drama inspirado na antiguidade, tornando-se mais realista e cômico, mostrando uma maior preocupação com o virtuosismo vocal.

Foi então que a ópera foi difundida por toda e Europa, e na França ganhou outra característica: a tragédia lírica, baseado no drama falado, assimilando o estilo recitativo da ópera italiana, porém rejeitando o intermezzi, que é uma peça musical tocada na metade de uma ópera, entre dois atos ou entre duas cenas de um mesmo ato.

Logo, a Itália renova o estilo dando maior valor aos elementos teatrais. E a Alemanha, passa a preparar a ópera romântica, difundida por Carl Weber e tendo seu auge com Richard Wagner, que pode ser considerado um dos mais completos compositores, pois além de compor suas óperas, Wagner também escrevia os libretos, cuidava da encenação, orquestração, representando para a cultura alemã do século XIX o mesmo que Verdi representou para a cultura italiana: tornando-se ícone cultural, e aglutinador da identidade nacional.

No Brasil, o século XIX teve a grande figura de Carlos Gomes, que apesar de compor obras com libreto em italiano, e embora tremendamente influenciado pelos processos da ópera italiana, expressou na música o sentimento que lhe inspirava a natureza do país.

Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, outro alemão fez história ao criar óperas temáticas ligadas ao expressionismo, suas óperas foram Salomé e Electra, e o compositor é Richard Strauss, considerado o mais destacado representante da música entre o final da Era Romântica e o início da Idade Moderna.

Nesse mesmo século, porém já no período moderno, o compositor norte-americano, George Gershwin, dá uma nova característica a velha conhecida ópera quando incorpora elementos da música negra no estilo, na obra Porgy and Bess.

E as mudanças no estilo não param indo desde produções de obras com inspirações vanguardistas com pitadas de ecletismo e minimalismo, nas óperas Montségur (Marcel Landowisk) e Annapurna (Adrienne Clostre), e Akhenatin (Philip Glass), consecutivamente, beirando a união do rock, como nas óperas-rock Jesus Cristo Superstar e Hair.

O que varia o estilo tradicional da ópera, porém mantendo a característica primordial do mesmo, a união de diferentes artes e interesses em cima do palco, ressaltando questionamentos, crenças e atos da sociedade, em uma união surgida de uma manifestação coletiva a favor da arte para todos.

Eletroacústica: A base da música contemporânea.

Luzilei Aliel da Silva
Pólo Itapetininga


Com o surgimento da “Era de Aquários” do Século XXI à grande pergunta feita no mundo da música é? O que é a música hoje? Qual será o futuro da mesma?
Além destas, diversas perguntas sugiram questionando o futuro da música erudita, porém a música eletroacústica surge como a voz do futuro se tornando a principal veia da consciência musical do século XXI.

Iniciada primeiramente com caráter de experimentação musical utilizando como conceito principal as propriedades do som e com métodos precários Pierre Schaeffer criou o que seria o “futuro” da música. Em seu estúdio em Paris conhecida como “RTF” dedicou mais de seis anos para produzir suas primeiras obras. Denominado no princípio por Schaeffer como “musique concrète” baseava-se a concepção de gravar sons não musicais, como chaminés de fábricas e barulhos do mundo moderno e “organizar” com um sentido musical, além disso, efeitos de estúdio como montagens, colagens e transformações do espectro eram utilizadas.

Na mesma época Werner Meyer-Eppler, Herbert Eimert e Robert Beyer trabalhavam em Bonn na Alemanha com os mesmo princípios, e juntos formam o estúdio que seria à “Meca” da eletroacústica a “NWDR”, dando origem a vertente conhecida como Elektronische Musik (música eletrônica). Esta ramificação gera novos preceitos que seriam utilizados ate mesmo na música popular no futuro, como o modismo das danceterias na década de 70 e as “raves” nas décadas de 90 e 2000.

A grande mudança de rumo na “música elétrica” foi dada quando Karlheinz Stockhausen entra em cena, compositor consagrado saído da famosa escola alemã de composição decidiu se dedicar a este novo estilo musical. Como um dos maiores compositores de sua época Stockhausen se caracterizou por sua imagem polêmica e quase caricata que desenvolveu em seu trabalho. Com conceito baseados em como o som deve ser empregado no espaço e acréscimo do Serialismo concreto como funcionalismo harmônico, Stockhausen dimensionou e criou novos padrões musicais à eletroacústica. Stockhausen também causou o grande “boom” no sentido de vanguarda, pois pela primeira vez a “música concreta” era respeitada e considerada fonte de estudo e arte.
Jonh Cage é o segundo que marcou seu nome na história da música através da eletroacústica. Tão polemico quanto Stockhausen, se não o for mais, Cage gerou ódio e frenesi entre compositores tradicionalista, gerando uma mudança no parâmetro compositor, que eliminou a visão divina do mesmo. Cage faz avanços na música eletroacústica trazendo e unificando a outra ramificação da música contemporânea, a música aleatória, assim torna-se a música eletroacústica fonte de maior influência na música do século XXI.

Este tipo de música em seu inicio não trouxe muitos adeptos, pois a maior parte dos ouvintes não se contentava em apenas ouvir uma música sem executantes, criando diversas discussões sobre como influenciar o sentido da audição e/ou como alterar a interpretação auditiva. Porem depois de nomes como Stockhausen e Cage novos adeptos surgiriam. Esses novos adeptos ajudaram a criar um novo método de prática eletroacústica o Live Eletronic Music, ou seja, a manipulação de sons captados “ao vivo” e transformadas através de um computador também “ao vivo” tornando a música elétrica algo mais humanizada. No início era extremamente complexa a utilização desta forma, pois os computadores ocupavam sala inteiras, porém como o avanço da tecnologia e a diminuição gradativa dos computadores esta prática foi ganhando força até uma nova ramificação surgir e ser batizada de Computer Music. O computer music utiliza softwares que trabalham com o “som puro”, ou seja, sem harmônicos, utilizando novas técnicas como o MIDI e Samplers, por exemplo.

O MIDI é uma forma musical que só é “gerado virtualmente”, se pensarmos pela visão tecnológica este sistema revolucionou todo o campo da música desde a criação do sistema temperado de Bach, pois o MIDI não uitliza série harmônicas “transformando” a concepção auditiva do som além de facilitar a criação musical pois com ele qualquer indivíduo tem uma orquestra em suas mãos, essa facilidade criou “gêneros populares” da eletroacústica como Techo, Dance, Trance e etc.

No Brasil temos dois grandes expoentes da música eletroacústica, Jorge Antunes e Flô Menezes que são vistos como ícones da música contemporânea no Brasil. O primeiro atua desde os anos 60. Reconhecido mundialmente como um dos maiores compositores vivos desta prática, o segundo mais novo é considerado o “futuro” da eletroacústica, trabalha intensivamente desde a década de 90 com seu estúdio PANaroma em São Paulo.

Hoje devido a grande facilidade de criação de um “Home Studio” e as informações obtidas na internet a prática eletroacústica tem se tornado cada vez mais popular. Milhares de músicos do mundo todo, mesmo sem muita informação sobre o assunto conseguem fazer “playbacks” para suas músicas, assim “democratizando” a música de uma maneira inimaginável. A música eletroacústica chegou a tudo e a todos seja com guitarras ou com Djs, todos vivem esta revolução eletrônica que se mostra cada vez mais forte nos dia de hoje.

Referências
ELETROACÚSTICA, A música; Por uma história. Texto, 2007. Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/a-musica-eletroacustica-por-uma-historia>. Acesso em : 08 de abril. 2009. 16:57:08
ELETROACÚSTICA, Música. Texto, 2006. Disponível em:
<http://www.cibercultura.org.br/tikiwiki/tikiindex.php?page=M%C3%BAsica+Eletroac%C3%BAstica> . Acesso em: 08 de abril. 2009. 17:03:08

Prece em forma de canto

Nome do autor: Sonia Isabel Pereira Vargas RA 334030
Pólo: Itapetininga

Prece em forma de canto

O Canto Gregoriano, é mais que um estilo musical, é uma prece cantada, sobretudo, uma oração.
Os cantos, na maioria, são trechos da Bíblia, em latim; onde a melodia é escrita em função do texto e, geralmente são cantados por monges.

Ao ouvir um canto gregoriano, automaticamente nos sentimos num clima de oração, independentemente se entendemos a letra ou não, não é um fator apenas musical, mas sim espiritual e emotivo.

O canto gregoriano é bem diferente da maioria das músicas que nossos ouvidos estão acostumados a ouvir. Ele é modal e não tonal, há uma amplitude de notas muito grandes, aonde se vai do agudo ao grave muito rápido e, por isso, não é fácil cantá-lo.

Como para todos os estilos, há uma necessidade de educação da voz para a aplicação desta técnica vocal.

Na verdade, é difícil até se acostumar a ouvir este estilo de canto, quanto mais reproduzi-lo. É um desafio que exige dedicação cotidiana.

Ele é considerado como a música oficial da igreja católica e geralmente é cantado a capela (sem acompanhamento instrumental), ou com acompanhamento de órgão. Também é conhecido como cantochão, a música mais antiga que conhecemos, com ritmos irregulares e uma única linha melódica (monofônica), que obedecia aos acentos das palavras.

O nome do canto gregoriano surgiu como uma homenagem ao papa Gregório Magno (590-604), que coletou e publicou muitas peças deste estilo, além de contribuir enormemente para o seu desenvolvimento.

O período de formação do canto gregoriano vai do século I ao VI, atingindo seu auge nos séculos VII e VIII, e, no princípio da Idade Média, ou seja, nos séculos IX, X e XI, começou sua decadência.

O Concílio Vaticano II (1962 e 1965) reformulou a liturgia, a partir de então, muitos padres deixaram de usar a batina, a missa passou a ser celebrada em português ou na língua de cada nação. Então, o canto gregoriano deixou de ser freqüentemente cantado, porém sobrevive até hoje, sendo cultivado, ensaiado, pesquisado e cantado de forma séria e constante pelo mosteiro de São Bento, em São Paulo, pelo Coral Gregoriano de Santos e pelo Coral Gregoriano de Belo Horizonte; todos muito conhecidos e conceituados. Contam com a participação de membros religiosos e pessoas que gostam de cantar e que se identificam com esta arte.

É isso mesmo! Hoje é possível para quem mora próximo aos lugares citados e que tenha disponibilidade para participar dos ensaios, cantarem este belíssimo estilo musical.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Symphonic Metal

Patrícia Kfouri Grosso 333476
Polo de São Carlos
Educação Musical

O Symphonic Metal é uma vertente do Heavy Metal que possui o mesmo peso das guitarras e pedal duplo, porém usa muito de elementos da música erudita como orquestras, vocais líricos e sintetizadores ou teclados que simulam orquestras ou instrumentos eruditos; A maioria das músicas de Symphonic Metal também usa de histórias épicas e do folclore europeu em suas letras e melodias.

Tal vertente teve sua origem nas bandas Therion e Rhapsody, no início da década de 90, que usavam muito de tenores, sopranos, instrumentos medievais e eruditos em suas músicas; Até 1996, o estilo ainda era desconhecido ou abominado por outros estilos de rock e apreciadores de outros estilos musicais; Os fãs do puro rock pesado achavam a música afeminada e os fãs de outros estilos achavam a música barulhenta.

Em 1996 surge a banda Nightwish, que teve grande destaque com a soprano dramático Tarja Turunen[1]; A banda teve enorme aceitação graças ao som pesado que agradava os amantes do rock, a beleza e carisma da vocalista que agradava homens e mulheres e a sua enorme técnica vocal; Após 1996 há uma explosão no estilo e surgem nomes como After Forever, Épica, Within of Temptations, Theatre of Tragedy, Apocalyptica[2] e assim por diante.

Os conservatórios da Europa tiveram uma explosão de alunos que aprendiam musica clássica com intuito de terem bandas de Symphonic Metal. Segundo entrevistas[3], alguns alunos se destacavam muito dentre as grandes instituições de ensino européias.

Atualmente há uma maior aceitação do estilo, por parte dos críticos, uma vez que a música é bastante elaborada e junta elementos arquitetônicos musicais adquiridos da música erudita com a energia dos instrumentos eletrônicos atuais; Uma partitura completa de Symphonic Metal praticamente se iguala a uma partitura de música erudita, quanto à dificuldade de execução e os instrumentos.

Grande parte dos ouvintes de música clássica gosta do Symphonic Metal e vice e versa, e também há semelhanças entre os ouvintes, segundo estudos feitos pela BBC Brasil[4].
Pode-se dizer que o Symphonic Metal é a música medieval, barroca, clássica, romântico ou erudito, em geral atual e não mais apenas sons mal elaborados ou “bate estaca” tocados ou “gritados”.

Com o surgimento do Nightwish e a ascensão do Symphonic Metal, também surgiu uma nova maneira de se vestir, que mescla o estilo heavy metal com a roupa social.

Para maior entendimento sobre o gênero musical, acesse os vídeos

Tarja Turunen: http://www.youtube.com/watch?v=QsyH0wG1yiU
http://www.youtube.com/watch?v=HN3tiHWWlk4&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=M7F-YYSoiK4
http://www.youtube.com/watch?v=7zCdcvrgkQw

Nightwish:
http://www.youtube.com/watch?v=i5SUSmedMm8
http://www.youtube.com/watch?v=cEwq3CL8aIA
http://www.youtube.com/watch?v=-toTqU2f3dM
http://www.youtube.com/watch?v=SO4LyKd-Hws

Apocalyptica:
http://www.youtube.com/watch?v=OGnAzkh9kn0
http://www.youtube.com/watch?v=xqUXDdJ3C-c&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zf2aIVKp1OY&feature=related

Rhapsody:
http://www.youtube.com/watch?v=YEMeBTmiX4g
http://www.youtube.com/watch?v=Z93SdirnzTw&feature=related

Epica:
http://www.youtube.com/watch?v=qBLlomNmIy4
http://www.youtube.com/watch?v=p3FELocOtu0&feature=related

[1] Atualmente é a ex-vocalista da banda; Na sua carreira ela caminha entre apresentações de Heavy Metal e Recitais de músicas clássicas.
[2] Grupo formado por três cellistas e um baterista, regravaram musicas de Grieg e Metallica.
[3] Os músicos entrevistados por mim foram: Tarja Turunen e Tuomas Holopainen (nightwish), Eicca Toppinen e Max Lilja (apocalyptica), Doro Pesch, Filipa Mota (Hyubris) e Katarina Lilja (Therion).
[4] Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080905_musicapersonalidade
_np.shtml

A Música Disco

Nome do Autor: Marcos Paulo Magni
Polo: Itapetininga - SP


É o início da década de 1970, e após um período de marcantes mudanças na política mundial, envolvendo guerras, assassinatos de presidentes, revoluções tecnológicas e viagens à lua, os Estados Unidos da América são uma vitrine para o mundo, mais do que nunca. A crescente corrida tecnológica envolve potências mundiais e a população entra no clima frenético do desenvolvimento. A sociedade está à mercê de mudanças de comportamento e valores, vivendo um período de conflitos, quanto ao pensamento tradicionalista (que está sendo deixado de lado) e as idéias de uma juventude revolucionária, que reflete os anseios por uma sociedade nova.

Tudo isso culmina num crescimento da indústria do entretenimento, que populariza as gravações em discos de vinil de todos os gêneros musicais. Na França, algumas casas noturnas, passam a embalar suas noitadas com som mecânico (discos) e não mais ao vivo, o que era inédito para a época. A moda pega, e esse tipo de casa recebe o nome de discothèque. O repertório era bem variado: soul, funk e pop. A música latina também explode e a salsa entra na fila.

Mas o forno da música disco está situada nos EUA. Considerada a primeira casa noturna desse tipo, o DJ David Mancuso de Nova Iorque, abre uma boate em sua própria residência, The Loft, um clube de dança particular para associados. Filadélfia, Atlanta, Chicago... as grandes cidades do país sucumbem a disco music, com uma grande variedade de artistas e grupos, que misturam os estilos, recriando um novo. Sintetizadores¹ se misturam aos instrumentos tradicionais de uma banda, e os recursos se mostram infinitos.

Em 1971, com o lançamento do filme “Shaft”, Isaac Hayes compõe o tema do filme e mostra o caminho para a era disco. Seguido por Manu Dibango e o grupo Soul Makossa, o estilo disco define-se, entre 1972 e 73. Em 1974, a primeira rádio a transmitir somente musica disco é a WPIX-FM, em Nova Iorque.

A Europa também produz disco. Jean-Marc Cerrone (França) e Giorgio Moroder (Itália) são produtores pioneiros no estilo, este último, compositor de várias canções para a cantora Donna Summer. Não apenas a produção de músicas inéditas, mas também os chamados remix (reedições) ganham popularidade nas mãos e no som do DJ Tom Moulton, assim como David Mancuso, Walter Gibbons e Frank Knuckles. Mulheres também tiveram papel ativo no cenário, como Karen Cook, a primeira DJ mulher a gravar música disco. Os músicos do grupo Hues Corporation foram os primeiros a vender um milhão de cópias de um single, com “Rock the Boat”, em 1974. Cantores como George McCrae e Barry White tiveram grande prestígio no início de carreira. Em 1975, Gloria Gaynor lançou o primeiro álbum de remixes, com regravações como “Never Can Say Goodbye”, “Honey Bee” e “Reach Out (I’ll Be There)”, todas dos Jackson 5. De Miami, a KC and the Sunshine Band mantiveram suas músicas no topo das paradas entre 1975 e 78, com hits como "Get Down Tonight", "That's the Way (I Like It)", "(Shake, Shake, Shake) Shake Your Booty".

Os Bee Gees usaram e abusaram do falsetto (técnica para cantar mais agudo) de Barry Gibb, e atingiram o auge da música disco com o lançamento da trilha musical do filme “Embalos de Sábado a Noite” em dezembro de 1977. O grupo virou uma “febre” e até hoje ouve-se com grande prestígio suas canções, como "How Deep Is Your Love", "Stayin' Alive", and "Night Fever". Porém, seu estilo já não era puramente disco, e sim rock e pop com influências (inegáveis) da disco music. Outros artistas e bandas também tiveram influência da música disco, como Barbara Streisand (“The Main Event/Fight”), The Eagles (“One of These Nights”), The Rolling Stones (“Miss You”), e até roqueiros como Queen (“Another One Bites the Dust”) e Kiss (“I Was Made for Lovin' You”).

A era disco teve praticamente uma década de embalos intensos, mas ainda sim podemos matar as saudades em praticamente todas as festas de formaturas e casamentos (de pessoas que muitas vezes nem eram nascidas na época do surgimento da musica disco). Já os mais nostálgicos preferem as famosas festas “flashback”, onde a caracterização é fator imprescindível para a festa “rolar”, sem esquecer dos famosos globos e luzes coloridas, piscando em ritmo frenético. Enfim, uma era que ainda tem seu espaço e público fiel, após mais de trinta anos de seu surgimento.

¹Sintetizador - Instrumento eletrônico acionado por teclado, capaz de produzir, através de ondas sonoras, diferentes sons, ruídos e timbres, e de imitar outros instrumentos. Inventado em 1960 pelo russo Leon Theremin, mas o modelo de sintetizadores como conhecemos hoje foi desenvolvido em 1964 por Robert Moog e Herbert Deutsch, chamado Moog.

Referências

Música Disco – Wikipédia, a enciclopédia livre.
Disponívem em Acessado em: 10/04/2009.

Disco – Wikipedia, the free encyclopedia.
Disponível em Acessado Acessado : 10/04/2009.

terça-feira, 14 de abril de 2009

MÚSICA CAIPIRA – SUA ORIGEM E OS PRIMEIROS DISCOS

Autor: Márcia de Sousa Crizol
Polo: São Carlos


Voltando um pouco na história na época do descobrimento do Brasil, nos deparamos com a chegada dos instrumentos portugueses, responsáveis pela criação da música rural brasileira.
Apesar dos índios gostarem muito de instrumentos de sopro, ficaram encantados com a beleza da sanfona e com o som cativante da viola portuguesa, que mais tarde se popularizaria como a viola caipira.

Curiosamente a sanfona se destacou mais na música sertaneja do nordeste e a viola na música caipira do centro-oeste, sudeste e sul do país, tendo como a maior característica, a moda de viola e o canto a duas vozes.

Vários fatores contribuíram para a formação e a riqueza da música caipira, com sua peculiar linguagem, vestuário e as tendências culturais, fazendo dela um gênero único e inconfundível, sempre retratando situações cotidianas sejam elas de alegria ou tristeza, sem jamais esquecer a beleza da natureza que cerca a vida do caipira.

Cornélio Pires foi pioneiro na divulgação deste maravilhoso e rico estilo musical, organizando uma exposição com diversas manifestações da cultura caipira no ano de 1922 no Rio de Janeiro, justamente no ano que em São Paulo acontecia a Semana de Arte Moderna. Esta realmente foi uma época de grandes novidades nas artes no Brasil.

Em 1937, Paraguassu gravou um disco com o maior sucesso de todos os tempos, o clássico da música caipira “Tristeza do Jeca” que bateu recordes de vendas na instaurando assim a era da música caipira, derrubando velhos tabus e preconceitos. Desde aquela época a imagem do caipira era associada à imagem da ignorância e à indolência, vistos como se só soubessem fazer os outros rirem e incapazes de compor músicas bem elaboradas.

Quando as primeiras músicas caipiras foram gravadas em disco, quase não havia artistas deste gênero e o caipira não tinha a oportunidade de ganhar a vida com sua arte, mesmo porque não era reconhecida como tal. Paralelamente a esta época Francisco Alves e Vicente Celestino eram os maiores intérpretes da música urbana.

Os caipiras sempre tinham outra atividade profissional paralela à de artista, geralmente ligados à lavoura e a outros serviços rurais, muito originais nas coisas diferentes que cantavam comparando com o que se ouvia na cidade, observando a pronúncia totalmente diferente do ambiente urbano, nomes, palavras e apelidos estranhos.

Foi a partir da década de 60 que as portas se abriram para a arte popular caipira e ganhou uma nova roupagem se inserindo ao mundo profissional e aos shows urbanos.

Pensando nos dias de hoje a música caipira veio ao longo das décadas sofrendo mutações, onde o chapéu de palha foi trocado pelo chapéu de feltro, e ganhou um jeito moderno de se vestir.
Evidentemente estas transformações trouxeram junto pessoas e aproveitadores com a intenção de ganhar dinheiro sem nenhum comprometimento com as raízes. Resta-nos agradecer aos artistas sérios que a todo custo continuam preservando a cultura e as suas origens, contribuindo assim para que este gênero musical continue sendo apreciado pelas gerações futuras.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Trajetória da música sertaneja no Brasil

Autor - Sandro Batalha de lima - RA 334162
Polo- Itapetininga

A música sertaneja como tal surgiu em 1929, quando Cornélio Pires, pesquisador, compositor, escritor e humorista, começou a gravar "causos" e fragmentos de cantos tradicionais rurais na região cultural caipira, que abrange a área do interior paulista, norte e oeste paranaenses, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e mato-grossense.

Esse ( maravilhoso gênero ) era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam a beleza bucólica e romântica da paisagem, assim como o modo de vida do homem do interior em oposição à vida do homem da cidade.

Podemos destacar as primeiras gravações de modas de viola e de outros gêneros caipiras por violeiros-cantadores do interior paulista, em 1929 – na série de discos produzida por Cornélio Pires para a Columbia. Na década de 30, vieram os sucessos de João Pacífico e Raul Torres, de Alvarenga e Ranchinho. Já Tonico e Tinoco pontificaram a partir dos anos 40.

O apogeu dos caipiras foi nos 50: levas de duplas, especialmente do interior de São Paulo, tiveram espaço nobre nas gravadoras e emissoras de rádio. O filão caipira abrigou, nessa época, as guarânias de Cascatinha e Inhana e as rancheiras mexicanas de Pedro Bento e Zé da Estrada. Entre 60 e 70, o aparecimento de Sérgio Reis e Renato Teixeira – o primeiro saído da Jovem Guarda, o outro dos festivais da TV Record – agitou o mundo sertanejo. Exatamente em 1960 um genial violeiro do norte de Minas, Tião Carreiro, inventava o pagode caipira, mistura de samba, coco e calango de roda (na definição de outro tocador e conterrâneo, Téo Azevedo).

A partir da década de 1980, tem início uma exploração comercial massificada do estilo “ sertanejo” . Surgem inúmeros artistas , quase sempre em duplas , que são lançados por gravadoras e expostos como produto de cultura de massa.

“Esses artistas passam a ser chamados de: duplas sertanejas “.Começando com os inesquecíveis Chitãozinho & Xororó e Leandro e Leonardo , uma enxurrada de duplas do mesmo gênero segue o fenômeno , que alcança o seu auge entre 1988 e 1990.

Em seguida, começa uma decadência do estilo na mídia. A música sertaneja perde bastante popularidade, mas continua sendo ouvida principalmente em áreas rurais do centro – sul do Brasil.

No entanto , no início da década de 2000 , inicia-se uma espécie de “ revival” deste estilo , principalmente devido á sucesso de duplas como Bruno & Marrone e Edson & Hudson , e sua ampla divulgação na mídia , sobretudo a televisiva .

Ao longo desta evolução , evitou-se cuidadosamente o termo: “ caipira “ que era visto com preconceito nas cidades grandes . O estilo “ sertanejo” ao contrário da música caipira , tem pouca temática rural para poder agradar habitantes de cidades grandes.

A temática da música sertaneja, é , em geral , o amor não correspondido , o marido traído . Por esses motivos , o sertanejo industrial é também chamado de sertanejo urbano e, pejorativamente , de “sertanojo , breganeja , ou até de música de “corno e de impotente sexual".

A música de raiz , a musica rural que mantém seu temas , para diferenciar da música sertaneja , passa a se denominar então de “ música de raiz” , querendo dizer que esta verdadeiramente ligada á suas raízes rurais e á moda de viola e a terra , ao sertão , pois o termo “ bens de raiz “ significa as propriedades agrícolas.

Recentemente o compositor Renato Teixeira compôs a música “ rapaz caipira “ como crítica aberta á “ musica sertaneja “ e fazendo renascer a expressão : Música Caipira.

Como acontece em todos os gêneros musicais, também os amantes da viola sertaneja sempre conseguem garimpar e encontrar verdadeiras preciosidades antigas e modernas, da música sertaneja de raiz.

A Música Sertaneja surgiu como uma produção independente voltada para um público específico e se manteve nas fronteiras do mercado , com um consumo pequeno , mas constante.

Podemos dizer que a música sertaneja e a música de raiz possuem estruturas globalizadas porém, com produções e consumos regionalizados.

Bibliografia

Música Sertaneja e Globalização – Disponível em : acesso em 09 de abr 2009 .
Música Sertaneja – Disponível em : <> acesso em 09 de abr 2009.
A verdadeira Música de Raiz – Disponível em : <> acesso em 09 de abr 2009 .

A Música Instrumental Brasileira

Maria Izabel Padovani
Pólo Itapetininga

A Música Brasileira é um caldeirão de ritmos e gêneros. De norte a sul do país vamos encontrar as mais diferentes características culturais.

Desde o começo do séc. XX existem referências sobre o que se intitula hoje Música Instrumental.Diferente do gênero MPB, cuja principal característica é a junção de música e texto, a música instrumental se define como uma música sem texto, o que não quer dizer que a composição dos temas musicais não possam contar com o elemento vocal em sua execução.

Partindo de Pixinguinha e passando por compositores como Baden Powell, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Toninho Horta, para citar apenas alguns ícones, o gênero continua a tradição de excelência da música brasileira.

A música instrumental, teve no jazz americano uma vaporização do gênero pelo mundo. Mas no Brasil, desde sempre, ressoou a cultura nacional e acabou ganhando o rótulo de Musica Instrumental Brasileira, que aqui, vou dar a sigla de MIB.

Dentro do espectro da MIB, vamos encontrar subdivisões de gêneros. Estão aqui representados ritmos como choro, baião, samba, maracatu, chacarera, e muitos outros. Essa riqueza e diversidade, fruto de um Brasil miscegenado e multifacetado, faz da música brasileira uma das mais interessantes representações culturais do mundo moderno.

E para concluir, cito de memória, as palavras do grande escritor nordestino Ariano Suassuna, quando de uma entrevista:
“A cultura brasileira é tão potencializada, que mesmo desemparada pelo estado e muitas vezes sob forte influência colonizadora de outras culturas, sobrevive firme e forte.”

Mas é bom se perguntar o que será do futuro, pois a arte, além de tudo isso, vem também sendo explorada para fins comerciais, e só para isso.

A novidade que ganhou o mundo

Maria Marta Rodrigues Alves Silveira
Polo São Carlos

A música brasileira celebrou com muito orgulho em 2008 os 50 anos da Bossa Nova.
O ano: 1958. O Brasil vivia a euforia do desenvolvimento econômico do governo Kubitschek, expandiam-se os veículos de comunicação de massa, e entre eles a TV. É nesse clima que surge a bossa nova.

Segundo Ronaldo Boscoli, a expressão surgiu quase que por acaso, quando Roberto Menescal, convidado para apresentar-se com seu conjunto no grupo Universitário Hebraico-Brasileiro, deparou-se com um quadro: ”Hoje, João Gilberto, Silvinha Teles e um grupo bossa-nova apresentando sambas modernos”. A expressão permaneceu.

Seu marco inicial foi o LP da cantora Elizeth Cardoso, “Canção do amor demais”. Nele aconteceu a gravação do futuro clássico “Chega de saudade” (Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Morais), cujo acompanhamento teve a participação especial do violonista baiano João Gilberto, trazendo uma nova forma rítmica, uma batida diferente.

Alguns meses depois, em 10 de julho de 1958, João Gilberto grava em 78rpm esta mesma música já com o seu violão revolucionário, chamado “violão gago”. A partir destas inovações rítmicas, inicia-se aí um novo rumo para MPB. Aliás, é nesta ocasião que, pela primeira vez na história da música brasileira, surge o termo MPB – Música Popular Brasileira – empregado por Ary Barroso na contra capa do disco “Bossa Nova”, de Carlos Lyra, outro expoente do gênero.

A bossa nova reuniu cantores e instrumentistas muito talentosos, com uma forma nova e intimista de cantar e tocar: batidas sutis no violão (o som suspenso no ar), acordes dissonantes e arranjos sofisticados resultaram em um novo estilo musical. Toda essa inovação certamente mudou a história da música popular brasileira.

Em 1962 a partir de um festival de bossa nova realizado no Carnegie Hall, de Nova York, o movimento alcançou êxito mundial tendo em Tom Jobim seu maior expoente. Considerado “mestre da alquimia”, Tom Jobim combinou com perfeição o popular e o erudito, e seduziu os ouvidos do mundo. Além dele e João Gilberto, podemos citar Vinícius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Silvia Teles e Johnny Half, como pioneiros da nova bossa.

A nova maneira de fazer música atingiu o público mais jovem da classe média. Além da indiscutível qualidade musical na harmonia e na instrumentação, trouxe uma linguagem poética-musical diferente da apresentada até então.

Seu discurso não se envolvia inicialmente com as questões político-ideológicas do país. Segundo Augusto Campos houve um primeiro momento em que, “a linguagem usada era simples, feita de elementos extraídos do cotidiano da vida urbana, que revelavam uma poética cheia de humor, ironia, blague, gozação e malícia; às vezes socialmente participante, em tom de protesto e inconformismo”. Já a outra fase, aborda as questões relativas ao subdesenvolvimento brasileiro, sendo classificada “participante”. Nesta fase destacam-se Marcos e Paulo Sérgio Vale e Edu Lobo.

Embora considerada por alguns em sua fase inicial, com um discurso alienado, despolitizado e voltado para o estilo de vida “pequeno burguês”, a bossa nova resistiu.

Hoje, passados 50 anos, não é música comumente ouvida nas rádios, mais preocupadas com as músicas comerciais, de fácil consumo. Ganha espaço aqui e ali como trilha de um filme ou de novela e, por isso talvez, muitos jovens nem a conheçam, ficando restrita a um seleto público.
È inegável a contribuição que a bossa nova trouxe para que a música brasileira se tornasse conhecida mundialmente. Prova disso é que por aí afora, quem não seria capaz de cantarolar a inesquecível ”Garota de Ipanema”?

Fontes: Iniciação à Música Popular Brasileira, Waldenyr Caldas.São Paulo, Editora Ática,1985.
O País perde o Tom - Especial Tom Jobim.Jornal da Tarde,9 de dezembro de 1994.