quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jazz - um convite à criatividade

Nome do autor: Valmir Rogério Nunes da Silva RA 333620
Pólo de São Carlos


Com o aglutinamento de algumas características de estilos como o Spiritual, o Blues, a Marcha e o Ragtime surgiu o Jazz, como música negra de origem africana, mas que com o tempo conquistou o público e os músicos brancos da época.

Segundo historiadores, a improvisação, característica fundamental do Jazz, surgiu ainda no século XIX com a habilidade de artistas como o trompetista Buddy Bolden que, com medo de ser plagiado não quis registrar nenhuma de suas canções e tinha certa sociofobia.

Não podemos esquecer que a improvisação já ocorria muito antes do surgimento do Jazz e como exemplo, podemos citar artistas do período barroco como Bach.

O Jazz encontrou na cidade de New Orleans o berço para o seu desenvolvimento, e foi na figura de Louis Armstrong que o estilo ganhou força e qualidade. Louis Armstrong, um trompetista virtuose dotado de uma força criativa fenomenal pode ser considerado um dos ícones do estilo e até hoje influencia e é estudado por vários músicos. Uma demonstração de sua veia criativa foi quando, em uma noite, era sua vez de improvisar e, ao reparar que estava sem o seu trompete, realizou um improviso vocal, criando assim o que depois ficou conhecido como Scat Vocal, que foi muito difundido por cantores desse estilo.

Nos anos 30 o Jazz era considerado uma música popular apreciada e dançada pela maioria do público tanto que o período ficou conhecido como a Era do Swing, devido principalmente à ascensão das Big Bands, que faziam uma música muito voltada à Dança. Desta fase podemos destacar importantes Big Bands, como as dos clarinetistas brancos Benny Goodman, Artie Shaw e Jimmy Dorsey, os trombonistas brancos Glenn Miller e Tommy Dorsey, o trompetista branco Harry James, o pianista negro Count Basie, o vibrafonista negro Lionel Hampton, o baterista branco Gene Krupa e o inclassificável pianista, compositor e arranjador “negro” Duke Ellington que se tornaria um dos mais importantes nomes do Jazz de todos os tempos.

Como na maioria das artes, o Jazz sofreu mudanças radicais no pós-guerra, principalmente pelo aparecimento de um grupo de músicos inconformados com as simples harmonias e improvisos da Era do Swing. Surgiu assim o Be Bop, no qual podemos destacar a presença de nomes como Dizzy Gillespie, Kenny Clark, Thelonius Monk, Miles Davis e principalmente o saxofonista Charlie Parker, que até hoje influencia através de suas harmonias, acentuações e ritmos surpreendentemente inesperados, muitos saxofonistas e todos os improvisadores em geral.

Charlie Parker foi quem abriu campo para a audácia no Jazz, e muitos músicos Pós Parker experimentaram e reinventaram outras ramificações no estilo. Artistas como Ornette Coleman, Eric Dolphy, Cecil Taylor e outros apareceram com a forma mais livre e arbitrária de fazer música que ficou conhecida como Free Jazz.

No meio do alvoroço dos estilos Pós Be Bop surgiu a imagem do Saxofonista Tenor John Coltrane, que talvez seja o músico que mais influenciou e influencia uma legião de músicos e que transcende a qualquer estilo. É muito comum ver músicos de estilos diversos como o Rock, por exemplo, estudando e vangloriando a figura de John Coltrane.

Na história do Jazz podemos citar algumas fusões com outros estilos como, por exemplo, Música Clássica e Jazz = Third Stream, Rock e Jazz = Fusion, Bossa e Jazz = Bossa Jazz. Este último foi divulgado principalmente pelo saxofonista Stan Getz, que realizou gravações dos principais compositores de Bossa Nova brasileiros, dentre eles, principalmente as de Antônio Carlos Jobim, que fazia muito sucesso nos Estados Unidos nos anos 60.

O Jazz passou por tempos ruins e sua popularidade diminuiu muito, devido principalmente ao advento do já citado Be Bop, que era considerado um estilo feito por músicos virtuoses e, talvez por sua complexidade, somente para músicos apreciarem. O Be Bop recebeu críticas duras de nomes importantes como Louis Armstrong, que o considerava uma música exibicionista com um emaranhado de notas. O outro motivo que desencadeou a queda da popularidade do Jazz foi o surgimento do Rock, que era uma música de mais fácil acesso ao público leigo, e aos músicos que não eram dotados de talentos para tocar Jazz. Há quem afirme que o Rock surgiu da frustração de músicos que não conseguiam executar o Jazz.

Mas o Jazz, que foi considerada a única arte genuinamente americana e que carrega a improvisação e a criatividade como um dos seus fatores indispensáveis atravessou e atravessará gerações, pois se um músico pensa hoje em criatividade e em composição, mas não da forma ortodoxa e sim uma composição instantânea, ele tem que recorrer ao estilo chamado Jazz, que é a música dos Músicos.

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