domingo, 21 de setembro de 2008

A Música Popular Brasileira – Bossa Nova

Autor:
Pólo:

A Música Popular Brasileira – Bossa Nova

Nos idos de 1940, as principais correntes de música popular no Brasil eram a música carnavalesca, com sambas e marchas, principalmente, e a chamada música de meio de ano, com repertório que ia de valsas e dos samba-canções, cujos principais intérpretes eram Orlando Silva, Silvio Caldas e Francisco Alves, até a música junina.

Nas rádios ouvia-se muita música norte-americana, estimuladas pelo cinema. A grande novidade na música brasileira eram os sambas orquestrados, como Aquarela do Brasil de Ary Barroso, com orquestração de Radamés Gnattali. Na área da composição, quem mais ousava era Custódio Mesquita, que acrescentava recursos do jazz ou da música erudita às suas obras.

Em 1946 a gravadora Continental lançou um disco que continha o samba-canção Copacabana, de João de Barro e Alberto Ribeiro, cantado por Dick Farney. Esta obra abriu um novo caminho para a música popular brasileira com ingredientes da música norte-americana. Essa música criou as condições para que outros compositores fizessem um tipo de música que foi chamada de samba moderno, que claramente influenciou compositores como Antonio Carlos Jobim. Os principais intérpretes deste gênero eram Dick Farney e Lúcio Alves, que eram considerados rivais. Essa rivalidade terminou por meio de uma composição de Tom Jobim e Billy Blanco ( 1954 ), Teresa da Praia, gravada pelos dois.

Outro importante acontecimento musical do ano de 1946 foi o lançamento pela gravadora Odeon de um disco chamado Baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, gravado pelo conjunto Quatro Ases e um Coringa. A gravação lançou um novo gênero musical, com repercussão internacional, gravado por cantores como Bing Crosby e Sarah Vaughan.

No ano de 1956 ocorreu o encontro de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O poeta Vinicius estava a procura de um músico para fazer a direção musical e criar as melodias para sua peça Orfeu da Conceição, versão negra e carioca do mito grego de Orfeu. A primeira música surgida dessa parceria foi “ Se todos fossem iguais a você “. Após o término da temporada da peça, os dois começaram a trabalhar nas músicas da versão cinematográfica da peça, uma produção francesa, e surgiu a música “ A felicidade “.

O Brasil nessa época vivia um clima de euforia produzido pelo governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek e nesse clima surgiu a Bossa Nova, o clímax de diversas tentativas de modernização da nossa música popular. O movimento explodiu com o lançamento pela Odeon em 1958 de um disco que continha de um lado Chega de saudade ( Tom Jobim e Vinícius de Moraes ) e, do outro, Bim-bom ( João Gilberto ), com arranjos de Tom Jobim e tendo como intérprete João Gilberto, introdutor de uma nova batida de violão e estilo revolucionário de cantar. Esse novo estilo consolidou o movimento, com músicas como Desafinado ( Tom Jobim e Newton Mendonça ) que continha em sua letra a frase “ isso é bossa nova, isso é muito natural “.
João Gilberto já havia tocado violão na gravação de Chega de Saudade ( Tom Jobim e Vinicius de Moraes ) feita pro Elizeth Cardoso e assim ficou estabelecido o trio dos grandes da bossa nova: João Gilberto, Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes.

Outros nomes importantes para o movimento foram a cantora Silvinha Telles, os compositores Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Sérgio Ricardo e João Donato, dentre outros.

A bossa nova fica conhecida também no exterior e é gravada por músicos importantes como Charles Byrd e Dizzy Gillespie no fim da década de 60. Stan Getz grava Desafinado, e vende mais de um milhão de exemplares. Getz gravou com João Gilberto e Astrud Gilberto um disco intitulado “ Getz, Gilbert – featuring Antonio Carlos Jobim “, que ficou nas paradas norte-americanas. Frank Sinatra gravou o famoso disco “ Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim “, sendo escolhido por unanimidade pela crítica especializada dos Estados Unidos como o álbum vocal do ano e também ganhou o Grammy, perdendo em vendagem apenas para o LP dos Beatles “ Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band “ no ano de 1969.

E como está a Bossa Nova nos dias atuais? As grandes gravadoras não têm investido nesse importante movimento musical, mas os selos independentes têm buscado aproveitar esse espaço e vêm relançando em CD versões raras e remasterizadas dos músicos mais expressivos da Bossa Nova, como Sergio Mendes e Bossa Trio ( Você ainda não ouviu nada – 1960 ), Elza Soares ( A Bossa negra – 1961 ) e João Donato e seu trio ( A Bossa muito moderna – 1963 ). Álbuns gravados para o mercado norte-americano que não haviam sido lançados no Brasil estão sendo agora lançados, como “ The Music of Mr. Jobim by Silvia Telles “ e “ Bossa Jazz De Luxe “ gravada em versão mais jazzística por músicos americanos.

Outros selos menores, como a Albatroz Music, comandada por um dos mais importantes nomes da bossa nova, o compositor Roberto Menescal, investe no repertório do próprio Roberto Menescal – incluindo as parcerias com Ronaldo Bôscoli – e em outros nomes como o experiente Leny Andrade, o conjunto vocal Os Cariocas e a jovem Cecília Dale.

O grupo Bossa Cuca Nova vem trabalhando clássicos da Bossa Nova de uma forma moderna. Um dos integrantes do grupo é Márcio Menescal, guitarrista e filho de Roberto Menescal. Os outros integrantes são o DJ Marcelinho da Lua e o programador Alexandre Moreira. Por essa combinação, pode-se ver que é uma nova maneira de interpretar o gênero musical.

A gravadora Trama Records vem trabalhando a Bossa Nova com o drum´n´bass, o mais moderno movimento da música eletrônica. O DJ Patife ( Wagner Borges Ribeiro de Souza ) remixou o CD de Fernanda Porto e fez um sucesso enorme em Londres e Nova York, capitais da música Techno.

Mas, a despeito do apelo da versão moderna, a Bossa Nova tradicional ainda tem espaço. Em 2001, o álbum “ João Voz e Violão “ de João Gilberto ganhou o Grammy de melhor disco de world music em Los Angeles.

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