segunda-feira, 20 de abril de 2009

Jazz, Um Ritmo Centenário

Nome do autor: Hallyson Chrystiano Paschoalino de Oliveira
Polo: Itapetininga


Jazz, Um Ritmo Centenário

Neste ano de 2009, tomando como base a formação da banda do trompetista Buddy Bolden em Nova Orleans no ano de 1895, comemoramos 104 anos do nascimento do jazz.

Há uma teoria defendida por muitos musicólogos e historiadores como Gunther Schuller, Frank Tirro, LeRoi Jones Ted Goia altamente questionável, pois argumentam que as manifestações musicais afro-americanas que fizeram parte da gênese do Jazz como o Blues, o Ragtime, os Spirituals e as canções de trabalho (work songs) já existiam em outras regiões dos Estados Unidos nas últimas décadas do séc. XIX.

O fato é que completando 104 anos ou não, a cidade foi uma espécie de incubadora do estilo (CALADO, 2007. L. Armstrong p. 11) pois produziu músicos que contribuíram para a formulação deste estilo, músicos como Jelly Roll Morton, Sidney Bechet, King Oliver, Kid Ory, Freddie Keppard e Louis Armstrong, entre outros, justificam a nomeação de seus estilos como o Jazz de New Orleans.

Chicago também teve a sua importância para o estilo, pois foi em Chicago que músicos como o próprio Louis Armstrong conseguiram um reconhecimento mais importante, trazendo seus nomes para um cenário mais nacional.

Nomes como Count Basie representando o estilo de Kansas City e Duke Ellington que expressava uma sofisticação ímpar em seus arranjos condizentes com o perfil não apenas musical, mas social do povo da região nordeste também são considerados importantes na compreensão do desenvolvimento do gênero.

Certo racionalismo metódico associado a uma espécie de disputa racial pela “posse” do estilo faz com que um dificílimo tipo de jazz seja criado por volta dos anos 40, o Bee-bop, melodias recheadas de notas somadas uma forma de acentuação rítmica agressiva caracterizam as concepções musicais desta época.

Foi quando músicos como Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Miles Davis chegam à cena. Este último contribui muito para a formação da história do jazz, pois viveu durante todas as fusões do estilo desde os anos 40 até os anos 90, foi um dos responsáveis pela constituição do Fusion, estilo gerido pela mistura de fundamentos do jazz com os do rock, blues, soul, funk, entre outros, assim como foi um dos principais expoentes do Cool, característico dos anos 60, ritmo que configurava uma maneira mais suave e melancólica de tocar e compor. Desta vertente saíram nomes como Chick Korea, Pat Metheny, Mike Stern, Al di Meola, Michael Brecker, entre outros.

O Jazz Hoje

O jazz chega aos dias atuais como uma espécie de música popular sofisticada, pois agrega em seu leque de artistas músicos que em todas as fases do gênero, destacam-se pela alta qualidade de execução musical, seja ela pela performance em instrumentos, pela improvisação que é uma característica primária do estilo, pela composição e arranjo e pela capacidade de agregar outras vertentes musicais em sua fórmula, fazendo com que até a bossa-nova seja considerada por estudiosos do jazz e principalmente americanos em geral um estilo de jazz.

Abordando a sua relação com o Brasil de outra forma, temos hoje o que muitos chamam de jazz brasileiro, que é um estilo de música instrumental composta com ritmos brasileiros e agrega fundamentos característicos do jazz em sua concepção como a improvisação por exemplo, nacionalistas não gostam de chamá-la de jazz brasileiro e simplesmente de MPB, MPB instrumental, MIB (música instrumental brasileira), ou até mesmo de uma maneira mais informal como “som brazuca”. Músicos como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Guinga, entre outros são expoentes deste estilo.

Deixando o nacionalismo a parte, temos que convir que a influência do jazz em sua gênese é inquestionável, sem o surgimento do jazz não podemos provar que essa concepção existiria.

Não só no Brasil, mas em outros países do mundo, influenciou na fusão de fundamentos musicais, como na Argentina, por exemplo, o tango de Astor Piazzola não é um tango como os demais, seria injusto e prepotente dizer que o músico não possuía esta influência em sua obra.

O que podemos afirmar é que o jazz, assim como o rock, tem o seu lugar no “pódio” dos ritmos mais influentes do séc. XX.

Referências:
SADIE, Stanley. Dicionário Grove de música: edição concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
COLLIER, James Lincoln. Jazz, A Autêntica Música Americana. Jorge Zahar.
CALADO, Carlos. Duke Ellington. Rio de Janeiro: Media Fashion, 2007.
______________. Louis Armstrong. Rio de Janeiro: Media Fashion, 2007.

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