quinta-feira, 16 de abril de 2009

A vez da ópera

Nome do autor: Liliane de Paula Souza
Polo: Itapetininga/SP

Ópera é uma peça teatral cantada com o acompanhamento de orquestra, danças, em algumas situações, com ou sem diálogo falado, e o enredo da ópera é chamado de libreto, pequeno livro contendo o texto ou o argumento da obra. Pronto! Parece que é só isso, mas a história da ópera vai bem mais além, passando por diversas mudanças em seu gênero.

Surgiu em Florença no século XVI, em uma época em que a Igreja Católica só admitia cantos sacros sem o acompanhamento de instrumentos, foi então que a Camerata Fiorentina, sociedade que tinha por objetivo renovar a forma original do teatro grego, a fim de florescer novamente o poder mágico da música na Itália, e após muitas tentativas, chegaram até a ópera, que no início era denominado de “Nova música”, posteriormente “drama per música” ou “ópera per música”, até chegarem a apenas ópera, uma inovação do antigo unido ao novo.

Então, nos bailes de máscara, nas pastorais (que existiram também na Idade Média) e outras diversões palacianas, houve a união da arte dramática à música.

E no carnaval de, aproximadamente, 1594 ou 1597, a camerata formada por poetas, sábios, compositores e nobres, promoveram a primeira estréia do drama musical, com a obra “A Fábula de Dafne”, do poeta Rinuccini, com música de Jacó Peri; tendo grande sucesso na época.

Porém, as primeiras obras não apresentavam totalmente as características que uma ópera possui, até que em 1607, Cláudio Monteverdi, reuniu pela primeira vez todos os elementos do gênero: árias, recitativos, coros e orquestra, em Orfeu. A partir daí a ópera passou a ser mais conhecida nas cidades e pelo público, deixou de ter características do drama inspirado na antiguidade, tornando-se mais realista e cômico, mostrando uma maior preocupação com o virtuosismo vocal.

Foi então que a ópera foi difundida por toda e Europa, e na França ganhou outra característica: a tragédia lírica, baseado no drama falado, assimilando o estilo recitativo da ópera italiana, porém rejeitando o intermezzi, que é uma peça musical tocada na metade de uma ópera, entre dois atos ou entre duas cenas de um mesmo ato.

Logo, a Itália renova o estilo dando maior valor aos elementos teatrais. E a Alemanha, passa a preparar a ópera romântica, difundida por Carl Weber e tendo seu auge com Richard Wagner, que pode ser considerado um dos mais completos compositores, pois além de compor suas óperas, Wagner também escrevia os libretos, cuidava da encenação, orquestração, representando para a cultura alemã do século XIX o mesmo que Verdi representou para a cultura italiana: tornando-se ícone cultural, e aglutinador da identidade nacional.

No Brasil, o século XIX teve a grande figura de Carlos Gomes, que apesar de compor obras com libreto em italiano, e embora tremendamente influenciado pelos processos da ópera italiana, expressou na música o sentimento que lhe inspirava a natureza do país.

Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, outro alemão fez história ao criar óperas temáticas ligadas ao expressionismo, suas óperas foram Salomé e Electra, e o compositor é Richard Strauss, considerado o mais destacado representante da música entre o final da Era Romântica e o início da Idade Moderna.

Nesse mesmo século, porém já no período moderno, o compositor norte-americano, George Gershwin, dá uma nova característica a velha conhecida ópera quando incorpora elementos da música negra no estilo, na obra Porgy and Bess.

E as mudanças no estilo não param indo desde produções de obras com inspirações vanguardistas com pitadas de ecletismo e minimalismo, nas óperas Montségur (Marcel Landowisk) e Annapurna (Adrienne Clostre), e Akhenatin (Philip Glass), consecutivamente, beirando a união do rock, como nas óperas-rock Jesus Cristo Superstar e Hair.

O que varia o estilo tradicional da ópera, porém mantendo a característica primordial do mesmo, a união de diferentes artes e interesses em cima do palco, ressaltando questionamentos, crenças e atos da sociedade, em uma união surgida de uma manifestação coletiva a favor da arte para todos.

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