Maria Marta Rodrigues Alves Silveira
Polo São Carlos
A música brasileira celebrou com muito orgulho em 2008 os 50 anos da Bossa Nova.
O ano: 1958. O Brasil vivia a euforia do desenvolvimento econômico do governo Kubitschek, expandiam-se os veículos de comunicação de massa, e entre eles a TV. É nesse clima que surge a bossa nova.
Polo São Carlos
A música brasileira celebrou com muito orgulho em 2008 os 50 anos da Bossa Nova.
O ano: 1958. O Brasil vivia a euforia do desenvolvimento econômico do governo Kubitschek, expandiam-se os veículos de comunicação de massa, e entre eles a TV. É nesse clima que surge a bossa nova.
Segundo Ronaldo Boscoli, a expressão surgiu quase que por acaso, quando Roberto Menescal, convidado para apresentar-se com seu conjunto no grupo Universitário Hebraico-Brasileiro, deparou-se com um quadro: ”Hoje, João Gilberto, Silvinha Teles e um grupo bossa-nova apresentando sambas modernos”. A expressão permaneceu.
Seu marco inicial foi o LP da cantora Elizeth Cardoso, “Canção do amor demais”. Nele aconteceu a gravação do futuro clássico “Chega de saudade” (Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Morais), cujo acompanhamento teve a participação especial do violonista baiano João Gilberto, trazendo uma nova forma rítmica, uma batida diferente.
Alguns meses depois, em 10 de julho de 1958, João Gilberto grava em 78rpm esta mesma música já com o seu violão revolucionário, chamado “violão gago”. A partir destas inovações rítmicas, inicia-se aí um novo rumo para MPB. Aliás, é nesta ocasião que, pela primeira vez na história da música brasileira, surge o termo MPB – Música Popular Brasileira – empregado por Ary Barroso na contra capa do disco “Bossa Nova”, de Carlos Lyra, outro expoente do gênero.
A bossa nova reuniu cantores e instrumentistas muito talentosos, com uma forma nova e intimista de cantar e tocar: batidas sutis no violão (o som suspenso no ar), acordes dissonantes e arranjos sofisticados resultaram em um novo estilo musical. Toda essa inovação certamente mudou a história da música popular brasileira.
Em 1962 a partir de um festival de bossa nova realizado no Carnegie Hall, de Nova York, o movimento alcançou êxito mundial tendo em Tom Jobim seu maior expoente. Considerado “mestre da alquimia”, Tom Jobim combinou com perfeição o popular e o erudito, e seduziu os ouvidos do mundo. Além dele e João Gilberto, podemos citar Vinícius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Silvia Teles e Johnny Half, como pioneiros da nova bossa.
A nova maneira de fazer música atingiu o público mais jovem da classe média. Além da indiscutível qualidade musical na harmonia e na instrumentação, trouxe uma linguagem poética-musical diferente da apresentada até então.
Seu discurso não se envolvia inicialmente com as questões político-ideológicas do país. Segundo Augusto Campos houve um primeiro momento em que, “a linguagem usada era simples, feita de elementos extraídos do cotidiano da vida urbana, que revelavam uma poética cheia de humor, ironia, blague, gozação e malícia; às vezes socialmente participante, em tom de protesto e inconformismo”. Já a outra fase, aborda as questões relativas ao subdesenvolvimento brasileiro, sendo classificada “participante”. Nesta fase destacam-se Marcos e Paulo Sérgio Vale e Edu Lobo.
Embora considerada por alguns em sua fase inicial, com um discurso alienado, despolitizado e voltado para o estilo de vida “pequeno burguês”, a bossa nova resistiu.
Hoje, passados 50 anos, não é música comumente ouvida nas rádios, mais preocupadas com as músicas comerciais, de fácil consumo. Ganha espaço aqui e ali como trilha de um filme ou de novela e, por isso talvez, muitos jovens nem a conheçam, ficando restrita a um seleto público.
È inegável a contribuição que a bossa nova trouxe para que a música brasileira se tornasse conhecida mundialmente. Prova disso é que por aí afora, quem não seria capaz de cantarolar a inesquecível ”Garota de Ipanema”?
Fontes: Iniciação à Música Popular Brasileira, Waldenyr Caldas.São Paulo, Editora Ática,1985.
O País perde o Tom - Especial Tom Jobim.Jornal da Tarde,9 de dezembro de 1994.
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